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A contribuição do BIM para a integração da obra

Publicado em 18/01/2016

Resumo

A aplicação da tecnologia BIM (Building Information Modeling) tem o objetivo de interagir todas as disciplinas e suas etapas existentes a fim de contribuir em informações mais claras, confiáveis e em tempo real nas particularidades de cada empreendimento. Com base na literatura especializada é demonstrada a importância em implantar tecnologias, softwares que colaborem e potencializem os resultados positivos. Dicas também são apresentadas para demonstrar as vantagens da utilização do BIM.

Introdução

A busca constante de projetos mais eficientes, orçamentos mais exatos e cronogramas reais, passa por termos cada vez mais comuns a engenharia de planejamento como construtibilidade, racionalização e integração que movimentam o mercado para busca destas melhorias.

Mas é unanime, tanto na experiência pratica quanto na literatura que o maior desafio de um empreendimento se resume em gestão da informação.

Segundo Magiag, Romanha, da Silva e Morais (2015), o sucesso de qualquer empreendimento está ligado ao “entendimento preciso e claro entre arquitetos, engenheiros, profissionais de construção, administradores das instalações e proprietários”. Esta definição está vinculada a parte inicial do projeto, no entanto existe uma equipe de várias pessoas projetando e transformando em informações cada detalhe, que deve chegar em tempo hábil para os demais participantes do projeto.

Para auxílio na gestão das informações e integração da equipe o BIM (Building Information Modeling) tem se mostrado uma tecnologia muito eficiente, e cada fez mais difundida, que carrega todas as informações do projeto abrangendo da etapa de projeto, passando pelo obra até a funcionamento do produto final.

Desenvolvimento

BIM

Este novo conceito vem revolucionando e ganhando cada vez mais espaço no mercado de projetos de engenharia arquitetura e construção (EAC), o BIM, avança em relação ao CAD porque apresenta tecnologia que engloba não somente as formas e plantas como também relações espaciais, quantitativos, detalhes, informações de fabricantes e até a dimensão temporal (Magiag, Romanha, da Silva e Morais, 2015).

A tecnologia não é um software que trabalha isolado, “ele é composto por um switch de aplicativos que atende a várias disciplinas, mas seu conceito pode ser resumido como uma nova forma de entender, gerenciar e produzir projetos” (Chaves, Castro, Figueiredo, 2015).

Para facilitar o entendimento das vantagens do BIM é importante a visão de cada setor participante do projeto:

  • Cliente: pensado em todos os tipos, mesmo os que não tem intimidade com projetos, a tecnologia proporciona visualizações em três dimensões de todas as etapas e do produto final. Proporciona também acompanhamento virtual e em tempo real da situação da obra. A figura 1 ilustra bem a situação onde o cliente acompanha todos os projetos em um arquivo, o modelo federado.

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Figura 1: Conceito de modelo federado utilizado pelo BIM
Fonte: Conforme Manzione 2013

Arquitetura: proporciona a equipe trabalhar no mesmo arquivo, mesmo quando se fala em renderizações, maquetes eletrônicas, detalhamento e informações de tipo de material e revestimentos. Quando inserido os demais projetos proporciona a esta a equipe a visualização do projeto final e fazer possíveis alterações  além de facilitar a visualização do seu projeto para o cliente.

Projetistas – estrutural, instalações: todos trabalham no mesmo arquivo que possibilita a detecção das interferências. Os elementos construtivos não mais representados por linhas mas como real nas dimensões completas, facilitando muito o estudo de compatibilização.

Orçamento: ao aplicar no projeto os elementos construtivos a própria tecnologia gera os quantitativos, o ponto mais importante para essa etapa é que quando houver alterações no projeto automaticamente será alterado o quantitativo.

Planejamento e Controle: quando se afirma que o BIM trabalha em quatro dimensões está vinculado ao planejamento e controle da obra. Ao planejar com esta tecnologia é possível visualizar o projeto em cada período de tempo, ou informar de modo virtual até para o cliente em que ponto está a obra.

Produção/Obra: as informações estão contidas e um único arquivo, projetos atualizados em tempo real e tudo 3D para que não tenham dúvidas. A maior dificuldade da produção é de receber e organizar as informações em tem hábil.

Passando por todas as visões dos participantes dos projetos nota-se que uma das maiores dificuldades do gerente é fazer a gestão da informação. Pensado nesse desafio que o BIM foi além da plataforma CAD e consegue absorver as informações e deixa-las disponíveis.

Estudo de Caso – Arena Das Dunas

Introdução

Em 2014 foi realizada a Copa do Mundo da FIFA, o maior evento de futebol do planeta. Um grande desafio foi a construção de novos estádios e a reforma dos já existentes, um desses estádios é a Arena das Dunas, localizado na cidade de Natal no Estado do Rio Grande do Norte. O estádio foi projetado pela empresa de arquitetura Populous em parceria com a BuroHappold Enginnering, empresa de consultoria em design e engenharia sediada em Nova York.

Neste Projeto foi utilizado o software Autodesk® Revit®, software desenvolvido exclusivamente para Modelagem de Informação da Construção(BIM) que inclui recursos para projetos de arquitetura, engenharia MEP(Mecânica, hidráulica e elétrica), engenharia estrutural e construção.

Desafios

Quando um escritório recebe a responsabilidade de projetar um equipamento de alta complexidade e de grande expectativa por parte de todos os envolvidos na organização de um evento do porte de uma Copa do Mundo de Futebol, onde os olhos do mundo inteiro estarão voltados para as estruturas projetadas por eles o desafio se torna ainda maior. Cada cidade sede busca exigir uma assinatura que a diferencie das demais, e estes projetos tendem a receber uma complexidade geométrica muito grande por parte dos arquitetos envolvidos. Sendo que a plataforma BIM auxiliou o andamento do projeto com o seu grande poder de integração entre os diversos atores envolvidos no projeto.

No caso do estádio de Natal um grande desafio foi a sua complexa cobertura, com uma forma geométrica singular definida pelos arquitetos envolvidos.

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 Figura 2: Projeto da Arena das Dunas
Fonte: Conforme Manzione 2013

Resultados

O uso da plataforma BIM ajudou de forma bastante significativa a fluidez do trabalho quanto ao desenvolvimento da geometria e o trabalho em conjunto com os arquitetos. Segundo Correa Cristobal, diretor associado da BuroHappold em Nova York, a ferramenta possibilitou percorrer todas as áreas do projeto e com isso produzir informações que foram rapidamente utilizadas pelas equipes envolvidas.

Projetos como o da Arena das Dunas utilizam complexas formas que com o auxílio da plataforma BIM se modificam em uma série de elementos simples que podem ser ligados em conjunto, gerando assim uma grande vantagem no uso do software, que é a integração de todas as áreas envolvidas.

Segundo Erleen Hatfield, Sócio da BuroHappold, foi estimada uma redução de 50% no tempo de geração das estruturas da cobertura e sua devolução para análise do arquiteto.

Dicas

A utilização de novas tecnologias nas empresas exige grande investimento de tempo, recursos financeiros e de pessoal. Chaves, Castro, Figueiredo (2015) relata as dificuldades que o BIM enfrenta para adesão das empresas:

“… A pouca utilização dessa tecnologia no Brasil diz respeito principalmente a escassez de mão-de-obra especializada, a resistência à mudança aliada ao longo processo de aprendizagem, o alto investimento com máquinas e treinamentos, consoante com a falta de tempo e recursos financeiros”

Por tanto o sucesso da implantação desta ferramenta é necessário:

  • Capacitação dos envolvidos em todas as etapas, com treinamentos e preparação para utilização dos softwears, incluindo os terceirizados.
  • Ainda se tratando de uma central de informações, é de suma importância a comunicação entre os envolvidos na cadeia produtiva, com reuniões troca de emails e outros recursos disponíveis para o nivelamento das informações.
  • Monitoramento e controle do trabalho.

Conclusões

Temos um mercado crescente para a aquisição e utilização da tecnologia BIM na indústria de construção civil possuindo assim uma nova forma de se projetar. Através deste estudo de caso podemos mostrar que o BIM além de projetar também é uma excelente ferramenta para se gerenciar. A utilização da plataforma BIM nos empreendimentos mostra que além de ser uma ferramenta com interface confiável, auxilia na transparência e comunicação das informações para o campo/ gerência/ engenharia e cliente.

A integração entre todos os envolvidos no empreendimento mostra ser o grande ponto forte na utilização da plataforma, e a empresa que deseja implantar esse tipo de tecnologia deve se adequar a metodologia de trabalho sendo que para o sucesso do empreendimento com o uso da plataforma o gestor deve ser capaz de envolver todos os setores da cadeia produtiva.

Concluímos então, que a utilização da tecnologia BIM é um uma ferramenta multifuncional e integradora para os empreendedores e usuários, uma vez, que vem auxiliar e permitir nas tomadas de decisões.

Referências

Artigos_pmkb

Sobre os Autores:

Frederico Santos Saúde Fonseca; Graduado em Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia de Minas Gerais – FEAMIG. 12 anos de experiência profissional em obras de grande porte no segmento de óleo e gás, atuando na gestão de documentação com interface no setor de planejamento e ainda em obras de Off Shore e Mineração. E-mail: fredssf@yahoo.com.br

Maroni Augusto Gonçalves; Graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MG. Tendo atuado na área de Saneamento pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa, sendo responsável pelo acompanhamento de obras de manutenção das redes de água e esgoto, realização de medições e relatórios, e supervisão de empresas terceirizadas. Atualmente atuando na elaboração e execução de projetos de construção residenciais de forma autônoma. E-mail: rpcanton@yahoo.com.br

Stéfano Fagundes Monteiro; Graduado em Engenharia de Produção Civil no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG. Atuou como projetista de instalações elétricas e hidráulicas prediais na MT & A Consultoria e Projetos, como Engenheiro de produção responsável pelas obras residenciais de interesse social – 4 empreendimentos totalizando 3.750 unidades habitacionais e gestor de suprimentos na Emccamp Residencial S/A. E-mail: stefanofagundes@gmail.com

Contexto: Artigo apresentado da turma Pós em Engenharia de Planejamento – Turma 11 do IETEC ministrada pelo Prof. Ms. Ítalo Coutinho.

 Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Heitor Ferreira disse:

    Sem duvida um dos fatores primordiais para que o projeto obtenha sucesso , com certa economia de tempo e custos financeiros e “físicos” a integração e alinhamento das informações com todos os departamentos envolvidos em uma nova empreitada .
    O modelo BIM , veio com a intenção de fazer essa integração de um modo mais rápido e eficaz , de fato a gestão da obra citada obteve certo êxito sob analise dos profissionais que estavam integrados no projeto .
    Entretanto não se obteve total sucesso devido a uma falha que fora levantada por profissionais que participavam do empreendimento que relataram a falta de qualificação profissional, custo e tempo para implementação.
    Infelizmente e algo comum de se ouvir nas maiorias dos projetos a serem executados no Brasil, aonde o contratante exige um curto tempo na execução com pouco recurso e de certa forma impõem essas condições para a empresa que esta a frente do projeto, fazendo com que não se tenha um planejamento adequado com pouca interação dos setores que estarão envolvidos tornando assim uma probabilidade alta de insucesso no projeto.

  2. pmkb disse:

    Prezado Professor, a questão foi resolvida e já recebemos inclusive a sua aceitação. Atenciosamente, EQUIPE PMKB.

  3. Leonardo Manzione disse:

    USO NÃO AUTORIZADO DE IMAGEM DE TESE DE DOUTORADO E SEM CITAÇÃO DA FONTE SE CARACTERIZA COMO PLAGIO

    A ilustração da figura 1 que consta do artigo desse post e foi extraída da minha Tese de Doutorado, pag 147, figura 36.

    Não fui citado pelos autores como autor da imagem, o que se caracteriza como plagio.

    Para comprovar, o link para a minha Tese de Doutorado está disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-08072014-124306/pt-br.php

    Solicito a revisão do artigo com a inclusão das referencias sob pena das sanções previstas na lei de direitos autorais.
    .
    Conforme o regulamento da USP o uso do material fica sujeito as seguintes considerações transcritas abaixo:

    AVISO – A consulta a este documento fica condicionada na aceitação das seguintes condições de uso:
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    Visando evitar o desdobramento dessa ocorrência e procurando colaborar com a difusão do conhecimento, informo que autorizo o uso da imagem, porém com as seguintes ressalvas:

    Colocar “conforme Manzione 2013” logo abaixo da figura.
    Citar a referência do trabalho na lista de referências conforme o formato da ABNT.

    Sem mais, estou a disposição para esclarecimentos e entendimentos.
    Atenciosamente,
    Aguardo as devidas providências

    Prof. Dr. Eng. Leonardo Manzione

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