Gerente de Projetos: Desenvolvendo a Liderança

Um gerente de projetos precisa ser um líder para conduzir um projeto ao sucesso. Liderar não é a mesma coisa que chefiar. Ser chefe nada mais é que uma condição hierárquica dentro de uma organização que indica quem é que manda. Ok… ter uma autoridade formal e reconhecida é importante também, mas você irá precisar mais que isto para conseguir a dedicação, sinergia e produtividade de sua equipe focando em um objetivo comum, que é o sucesso de seu projeto. Quando falamos de liderar, não estamos falando de um cargo e sim de uma habilidade. Uma pessoa pode ser um líder sem ter um cargo de chefia. O que caracteriza um líder é que ele é seguido por outras pessoas.

Conforme o Dicionário Aurélio (Ferreira, 1999, p. 1211) o verbete liderança é compreendido como a “forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos”. Pela origem da palavra podemos compreender que ela indica que o Líder possui prestígio e é reconhecido como tal pelos dirigidos.

Um líder é mais que isto…os liderados não só aceitam a condução do líder mas são motivados pelo mesmo. Os grandes líderes da história são aqueles que conseguiram inspirar seus liderados com sua visão e ideais que incorporaram estes como se fossem deles próprios e com isto conseguiu-se grandes feitos.

Pode-se pensar que isto é um dom que a pessoa já nasce com ela. Pode até ser que algumas pessoas tenham uma facilidade maior que outras, mas como uma habilidade, a liderança pode ser desenvolvida. Vamos falar um pouco de como você pode começar a desenvolver a liderança em você.

Estabeleça objetivos realistas em qual acredita

Você não irá conseguir inspirar ou motivar sua equipe se nem você próprio acredita ser possível atingir os objetivos do projeto estabelecidos. Um projeto pode ter objetivos audaciosos, mas realistas. Estabelecer um objetivo não realista, ao contrário de motivar, gera desmotivação na equipe. Se definir que a construção de um prédio deve ser entregue na próxima semana, não vai ter discurso de motivação que vá dar jeito. Todos já sabem de antemão que todo esforço não será suficiente para atender os objetivos e claro isto desmotiva, pois ou a equipe já pensará no não reconhecimento e no fracasso. Uma dificuldade aqui é que você como gerente de projetos já pode receber um projeto com objetivos irrealistas. Como gerente de projeto, você deve trabalhar junto a alta administração de sua empresa para primeiro discutir a viabilidade do projeto e se o mesmo deve ir adiante mesmo. Se for adiante, deve se ver a possibilidade de ajustar seus objetivos e metas, mostrando para a alta administração alternativas dentro de cenários em que você acredite ser possível atingir. Envolva a equipe, se possível, para definir estas alternativas tangíveis. Um acordo de visão do gerente de projetos com a alta administração é fundamental. Uma vez que você tem objetivos realistas, autoridade e recursos para atingir estes objetivos, você pode passar para a equipe não só onde se deve chegar mas o caminho para tal. Estabelece-se assim em primeiro lugar um elo de credibilidade do gerente de projetos juntamente com a equipe. A equipe deve ver o líder como um aliado e não como um inimigo. O próprio processo para definir objetivos realistas junto a alta administração, envolvendo a equipe acaba sendo um primeiro passo de conquista da confiança do gerente de projetos junto aos mesmos. A confiança é fundamental. Ninguém vai seguir ou se esforçar por alguém em que não confia.

Comunique de forma clara o que espera da equipe

O líder deve expressar claramente o que espera da equipe. Não adianta enviar um e-mail e achar que tudo vai ser feito da melhor forma. Assegure que cada integrante da equipe realmente entendeu a sua tarefa e a importância da mesma. Por exemplo, se a conclusão de uma tarefa é chave para que outros integrantes da equipe comecem outras tarefas, o responsável pela tarefa deve estar totalmente ciente disto e que todos contam com ele. Em uma organização matricial é normal que o integrante da equipe receba tarefas não só do gerente de projetos. Se a comunicação não estiver fluindo, o membro da equipe pode tentar fazer várias atividades ao mesmo tempo tentando atender a todos e acabar gerando um atraso em cascata no projeto, por exemplo. Os critérios de aceitação do trabalho devem ser passados com antecedência e assim obter o comprometimento do membro da equipe com os mesmos. Se você quer, por exemplo, uma parede de cor verde limão, não pode passar somente que quer uma parede verde. Incentive também que o membro da equipe se expresse e coloque sua visão, se está incomodado com algo ou se tem alguma ideia diferente de como se deve fazer. Até como dar voz a equipe depende do estilo de liderança, mas é importante que o membro da equipe não se intimide a se manifestar quando vir que há algo errado no projeto. A periodicidade da comunicação também é importante. Muitas coisas mudam de um dia para outro no projeto. Assegure que a equipe esteja informada de quaisquer alterações e que a equipe esteja com a comunicação em dia com você. Uma comunicação clara e objetiva dá à equipe a tranquilidade de saber o que tem que fazer, quando e em que condições, aumentando a confiança e a credibilidade do líder junto a equipe.

Sirva a sua equipe

Quando você está em uma posição de gerência, você pode pensar estar em uma posição de ser servido. Mas ironicamente, para você ser um bom líder você deve servir sua equipe. Isto é bem retratado no livro “O Monge e o Executivo” (De Jame C Hunter). O que significa isto afinal? O bom líder se preocupa com seus liderados e suas dificuldades e busca apoiá-lo sempre que necessário, mostra o caminho e remove as dificuldades para que ele atinja os objetivos estabelecidos. Isto é ser um líder servidor. Já tive um membro de minha equipe que tinha um ótimo potencial, mas por estar iniciando não sabia como fazer algumas coisas que impedia de ter um melhor desempenho. Chegamos a avaliar a possibilidade de dispensá-lo. Contudo, tomei a decisão correta de conversar com ele e escutar quais eram suas dificuldades e passar o que esperava dele. Entendendo suas dificuldades, pude orientá-lo como podia proceder e logo ele era outro profissional. Deu um grande pulo em seu desempenho e nas suas atitudes. É o que um pai faz com um filho, ou ao menos os bons pais. Ele ensina o que o filho precisa saber para se sair bem. Ele está servindo o filho com atenção e todo apoio necessário e não perde a sua autoridade por isto, pelo contrário, consolida a sua liderança junto ao filho. Da mesma forma, o líder servidor consolida sua liderança junto a equipe ajudando a desenvolver sua equipe. Neste caso, o gerente de projeto se assemelha mais a um mentor, que é uma boa referência de comportamento para o gerente de projeto como um líder.

Caso você tenha próximo a você um bom líder, não perca a oportunidade de aprender com ele. Veja como ele atua, o que faz para motivar sua equipe, resolver problemas. Tente se aproximar do mesmo. Peça conselhos. Quem sabe ele não possa ser seu mentor?!?

Sobre o autor: Thomaz Ottoni é um profissional de TI com mais de 20 anos de experiência na área de desenvolvimento de sistemas, sendo que há 18 anos gerenciando projetos e portfólios, com experiência na implantação e gestão de PMO e na instrução em gerenciamento de projetos. Formado em Ciência da Computação na UFES e MBA em Gestão Empresarial pela FGV, obteve sua certificação em gerenciamento de projetos PMP em 2008. Foi palestrante no Congresso de Gerenciamento de Projetos do PMI-ES, “Gerenciando um Portfólio de Projetos em empresas públicas” e instrutor de treinamento preparatório para certificação PMP. Sócio-fundador da Mogai, atuou como diretor e gestor da mesma por cerca de 10 anos. Na Nipsa há mais de 3 anos, tem gerenciado grandes projetos como o Gis Corporativo na CESAN, projeto premiado pela ESRI nos Estados Unidos. É autor do blog http://excelenciaemprojetos.com. Atualmente atua além da gestão de projetos, como consultor e instrutor de temas relacionados ao gerenciamento de projetos.

E-mail de contato: thomaz.ottoni@gmail.com / Blog: http://excelenciaemprojetos.com

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