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Entendendo o cinema como um projeto – Estrutura organizacional

Publicado em 04/04/2016

Mas, então tal filme não é daquele cineasta famoso? O que significa ele não ter sido o diretor, “apenas” um produtor? O que ele fez, enfim? E qual é a do produtor executivo?

Entender como funciona a estrutura organizacional da indústria do cinema é fácil, basta fazer uma analogia com gestão de projetos. Afinal, a realização de um filme nada mais é que um esforço temporário empreendido para criar um produto único e exclusivo.

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Figura 1 – Estrutura macro genérica de um projeto

Fonte: o autor

O diretor, além de ser a principal mente criativa e uma das peças artísticas centrais, é o gerente do projeto. Ele é o maestro que vai chegar ao entregável final – um filme – através dos trabalhos de vários departamentos funcionais, liderando e coordenando os “gerentes” de fotografia, som, arte, edição, etc. A habilidade, a técnica e as competências pessoais do diretor vão ditar o sucesso da condução do projeto, desdobrando em impactos diretos nos resultados financeiros e de crítica do filme.

O produtor é o sponsor, o patrocinador do projeto. Segundo a Quinta Edição do PMBOK®, o patrocinador “é uma pessoa ou grupo que fornece recursos e suporte para o projeto e é responsável pelo sucesso do mesmo. O patrocinador pode ser externo ou interno em relação à organização do gerente de projetos. O patrocinador promove o projeto desde a sua concepção inicial até o seu encerramento. Isso inclui servir como porta-voz para os níveis mais altos de gerenciamento para angariar o suporte em toda a organização e promover os benefícios que o projeto proporciona. O patrocinador conduz o projeto através dos processos iniciais até a sua autorização formal e desempenha um papel significativo no desenvolvimento do escopo inicial e do termo de abertura. No caso das questões que estão além do controle do gerente do projeto, o patrocinador pode encaminhá-las para níveis hierárquicos superiores. O patrocinador também pode se envolver em outras questões importantes, como a autorização de mudanças no escopo, análises de final de fase e decisões de continuação/cancelamento quando os riscos são particularmente altos. O patrocinador também garante uma transferência tranquila das entregas do projeto para os negócios da organização do solicitante após o encerramento do projeto.”

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Figura 2 – Estrutura macro genérica de uma produção cinematográfica

Fonte: o autor

O produtor é justamente esta pessoa (ou um pequeno grupo de pessoas), que fornece recursos e suporte para o filme e é responsável pelo sucesso do mesmo (embora seja intuitivo creditar os filmes aos seus diretores, não erroneamente, vale lembrar que é a reputação dos produtores que acaba mais afetada na indústria cinematográfica pelo resultado financeiro de uma produção e que são eles quem levam para casa as premiações, como o Oscar, na categoria de Melhor Filme).

Um filme normalmente surge de uma ideia do produtor, ou de uma ideia levada a um produtor por alguém (um diretor, um executivo, um roteirista, etc). É ele quem vai buscar financiamento para o filme, através de seus relacionamentos com os estúdios, ou mesmo já sendo funcionário de um estúdio. No geral, o produtor escolhe o diretor e o roteirista (se já não estiverem envolvidos na criação da ideia original) e participa ativamente da pré-produção, definindo orçamento, apoiando o desenvolvimento do roteiro, a escolha do elenco, definição de locação de filmagens, etc. O produtor faz um acompanhamento do trabalho do diretor, visitando os sets de filmagem e monitorando o andamento de orçamento e cronograma, e também atua na pós-produção, muitas vezes interferindo na edição final, tendo, ainda, a responsabilidade de coordenar a venda do filme (divulgação e distribuição).

O produtor executivo, muitas vezes um mero financiador da produção, usualmente tem pouca (se alguma) atuação criativa no filme, tendo participação direta nos custos e lucros da produção. Em analogia é, dependendo da estrutura da corporação na qual o projeto está sendo desenvolvido, um presidente da empresa, um CFO, um acionista importante.

Claro que, assim como em qualquer tipo de projeto, a estrutura de uma produção cinematográfica e as funções específicas de cada envolvido variam de acordo com o porte, orçamento, cultura organizacional do estúdio, entre várias outras peculiaridades, mas os conceitos comuns aqui estabelecidos permanecem válidos para o entendimento de uma forma macro.

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Sobre o Colunista:  José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema.

E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Jack Nogueira disse:

    O tema abordado foi bastante interessante, pois podemos aprender como cada um desenvolve sua função de uma forma criativa e inusitada, buscando o aprimoramento do conhecimento desde o Gestor do projeto aos câmeras.Esse texto mostra também como é a indústria cinematográfica por trás das câmeras. Para se ter um produtor você precisa ter o projeto e o planejamento bem desenvolvido, pois não a quem vai querer produzir um filme sem nem ao menos saber sobre do que se trata, quais são seus objetivos e finalidades. O artigo é bem explícito nas palavras, e retrata quais são os meios para se obter custos baixos, ótimo resultado, uma equipe estruturalmente bem definida e alinhada.

  2. Euder Barcelos disse:

    Bastante didática a abordagem do autor.
    Os papéis dos agentes envolvidos, principalmente a do gerente do projeto e a do
    patrocinador ficam bastante claros, destacando as responsabilidades de cada um.
    Foi bastante enriquecedor a abordagem das questões que vão além do controle do
    gerente do projeto, onde o patrocinador tem o papel fundamental em dar
    direcionamento e suporte, além das questões importantes, como autorização de
    mudanças no escopo do projeto, análises de final de fase e decisões de
    continuação/cancelamento quando os riscos são particularmente altos.
    Fica claro no texto a importância da interação entre o Gerente de Projetos e o Sponsor
    para garantir o sucesso do projeto uma vez que o produtor executivo ou CFO, mesmo
    estando em uma posição hierárquica superior, geralmente é um mero financiador e
    usualmente tem pouca participação direta no desenvolvimento do projeto.

  3. deniscastro disse:

    Excelente abordagem José Roberto, sobre o comparativo do cinema com projetos. Penso que a emoção junto à explosão de ideias no cinema, acompanhado da avalanche de seriados que chegam na internet e tvs pagas a todo momento, junto a um processo organizacional bem detalhado que o Gerenciamento de Projetos favorece, em uma nova forma de realizar produções de alta complexidades com segurança e ótima qualidade. No século 20, a separação de roteirista, diretor, produtor tinha cada um, sua função, mas com a evolução hoje encontramos mais unificadas e sendo executadas ao mesmo tempo, por apenas uma pessoa. Se me permite uma ressalva, quanto ao seu segundo diagrama, quanto à pessoa do Roteirista, por mais que tenhamos produtores fantásticos, a ideia de ter um roteiro já pronto em vez de ser encomendado, ajuda e muito o desenvolvimento do projeto cinematográfico. Tive a grata oportunidade de fazer minha graduação em Cinema e ter concluído minha pós-graduação em Projetos ajudando a organizar minhas ideias.

  4. Raff Catalan disse:

    Concordo principalmente com a posição do Diretor em relação ao Produtor, Produtor executivo e em relação aos papeis/funções na estrutura organizacional de uma produção cinematográfica que destaca que na estrutura macro genérica de um projeto está posicionado como Gerente de Projetos. Também foi muito válido comparar que a produção de um filme nada mais é que um esforço temporário empreendido para criar um produto único e exclusivo. Tenho como sugestão que o conteúdo poderia ser melhor apresentado com ‘list points’ para organizar em listas as características explicitadas sobre os papeis/funções de Patrocinador e Produtor, por exemplo.

  5. Renato Tostes disse:

    O artigo é bastante enriquecedor e nos mostra uma visão organizacional do mundo do cinema. Uma vez que vemos cada dia mais as grandes produtoras investindo em seus títulos e preocupadas com o lucro.
    Outra visão interessante por parte de gestão de projetos é olharmos outra estrutura organizacional, diferente do tradicional ramo de engenharia. Mostrando-nos como a gestão de projetos é rica e pode ser implementada em outros setores e outras organizações.

  6. Marina Diniz disse:

    A analogia da estrutura organizacional do cinema é uma forma simples e clara de apresentar quem são e as funções dos participantes na execução de um projeto. Esse tipo textual torna a aprendizagem enriquecedora, ainda mais para quem trabalha em projetos fora da área engenharia como eu.

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