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ENTREVISTA: atuação como Gerente de Projetos – Eli Rodrigues, PMP / CSM

Publicado em 24/04/2014

Entrevista do Ramon Oliveira com Eli Rodrigues, um profissional articulado que busca na sua atuação disseminar e fomentar a prática da Gestão de Projetos.

Eli Rodrigues esteve envolvido na sua carreira com dezenas de projetos nas áreas de consultoria, infraestrutura e desenvolvimento de software. Possui vivência na coordenação de equipes em cenários globais, fábricas de software e desenvolvimento organizacional. Atualmente trabalha com gestão de contratos, marketing e comercial na TAP4, empresa de tecnologia na área de aplicativos e jogos mobile.

>> Entrevista

– Eli, conte-nos um pouco sobre seu trabalho como Gerente de Projetos e área de atuação.
Toda minha carreira tem sido dedicada aos projetos. Em 2005 iniciei minha primeira experiência como GP, mas desde 1998 venho atuando no desenvolvimento de projetos de tecnologia. No total entreguei mais de 100 projetos, distribuídos entre software, hardware e consultorias. Esses projetos foram realizados em dezenas de empresas diferentes, o que me proporcionou o convívio com diferentes culturas, mercados e pessoas, facilitando minha atuação como consultor e a migração para a área de negócios.

– Eli, você vindo de outras experiências como Gestor de Projetos, experiências mais voltadas para área de tecnologia, quais os maiores desafios do GP nesse mercado?
Na área de tecnologia, os grandes desafios são: manter-se atualizado das novidades e gerenciar a rotatividade (e falta) de pessoas. As mudanças tecnológicas requerem constante treinamento das equipes e a rotatividade, gerenciamento de salários e benefícios. É diferente da construção civil, por exemplo, onde pode-se treinar pessoas no canteiro de obras, para preparar um profissional de tecnologia é preciso investir durante anos na sua formação e arcar com a curva de aprendizagem, o que muitas vezes gera retrabalho.

– Eli, como você enxerga a atuação do GP dentro de uma agência de publicidade, já se deparou com algum desafio nessa área?
Gerenciar projetos dentro de agências é algo extremamente complicado. As agências trabalham com restrições de prazos muito agressivas e geralmente não têm escopos definidos, o que causa muitas mudanças e noites mal dormidas. Embora seja evangelizador dos modelos de gestão, não vejo um horizonte mais tranquilo para as agências, já que atuam com a criatividade, um conceito volátil.

Já fui Diretor de Operações de uma empresa Mobile que atua no mercado publicitário, foi um período de muito “equilíbrio de pratos”, em que, constantemente, precisávamos ponderar a melhor taxa de retorno para escolher que projetos fazer.

Os maiores desafios do GP, na minha opinião, são: Conseguir estabelecer um escopo inicial para os projetos e negociar prazos para tratar as mudanças.

– Eli, dentro da gestão de projetos em outros mercados como o de tecnologia sabemos que existem algumas condutas mais estabelecidas em relação ao mercado de publicidade. Quais processos você destaca como essenciais em qualquer gestão de projeto, independente do mercado?
Vejo a gestão de projetos por uma perspectiva simplista, para mim trata-se de equilibrar escopo, tempo, custo e qualidade e estabelecer indicadores para comparar às linhas de base. Com base comparativa deixamos de ser “tocadores de projetos” e nos tornamos gestores.

– Eli, na sua bagagem adquirida como consultor você conseguiu observar um amadurecimento das empresas no olhar estratégico para o papel do Gerente de Projetos? Quais são os maiores obstáculos para este amadurecimento evoluir ainda mais?
Sim, tem havido um amadurecimento. As empresas cansaram de levar prejuízos e de ‘furar’ prazos e começaram a abrir os olhos para as técnicas de gestão.

O maior obstáculo que percebo é a coleta e processamento das lições aprendidas. Muitas vezes, as empresas ainda preferem trocar pessoas ao invés de aprender com os erros. Sempre que uma pessoa é demitida, leva com ela toda a experiência adquirida e errar, além de ser humano, é importante para amadurecer. Por isso, tenho me dedicado a coletar e difundir lições aprendidas através de artigos, cursos, palestras e também no meu recente livro.

– Eli, você é bem articulado em várias frentes de discussão e disseminação da atuação do Gerente de Projetos e de fato isso é de grande importância  uma vez que fortalece e constrói conhecimento para todos. Vendo pelo lado do GP, é possível sentir na “classe” algum estímulo para que isso seja fomentado? Temos o PMI como órgão regulador da função, mas no Brasil existe alguma articulação para que tenhamos uma estruturação maior do trabalho do Gerente de Projetos?
A área de GP, assim como tudo que envolve pessoas, sofre com o ‘efeito manada’. É como dirigir em São Paulo, basta olhar para o lado para perceber que há dezenas de pessoas sozinhas em seus veículos porque buscam ‘liberdade de locomoção’, quando na verdade, a soma dessas liberdades acaba gerando uma prisão coletiva no trânsito.

A grande maioria dos GPs não vê o ofício como profissão, mas apenas como uma função. Por isso, dedicam-se pouco a aprender a essência do gerenciamento, enquanto se perdem em assuntos técnicos, relatórios de visão rasa e discussões cotidianas. Para ser um bom GP é preciso ter o ‘olho do dono’, ou seja, observar o bom andamento das coisas sem que isso necessariamente faça parte da sua descrição de cargo.

Essa articulação só irá acontecer quando os profissionais tiverem a ousadia de montar seus próprios planos de carreira e passarem a enxergar a gestão de projetos como seu ofício principal. Enquanto buscarmos a área de GP apenas pelos salários e pelo status não faremos a diferença.

De qualquer forma, o mesmo ‘efeito manada’ que nos cega, também nos faz copiar uns aos outros e com isso, através de alguns poucos influenciadores, a maioria acabará aprendendo a fazer um verdadeiro gerenciamento. É o que a Psicologia Social chama de pressão de grupo, acredito muito no resultado dessa influência.

– Eli, quais sãos seus projetos futuros, sabemos que está em vias de lançar um livro, conte-nos mais sobre ele.
No momento estou atuando na área de negócios, o que tem me ajudado a entender o outro lado da moeda, que é composto por competitividade, lucratividade e sustentabilidade. Tem sido uma experiência fantástica poder ajudar uma empresa a quantificar suas metas e também a humanizar suas políticas, de modo a extrair o máximo de suas equipes. Só assim os projetos podem ser bem sucedidos, com integração do Operacional ao Estratégico.

Sobre o livro, como não poderia deixar de ser, trata-se de um compêndio de lições aprendidas que coletei de mais de 1.000 alunos nesses anos de atuação em treinamentos e consultorias de GP. Nele trato, de forma bem-humorada, os erros mais comuns em projetos, de modo a gerar identificação a quem já tem experiência e ao mesmo tempo aprendizado para quem está começando. O livro está em fase de pós-produção e em breve será lançado pela editora Brasport.

Eli_Rodrigues
Eli Rodrigues – PMP / CSM

Eli Rodrigues, muito obrigado pela entrevista concedida!

É muito importante observarmos a atuação e aplicação da Gestão de Projetos dentro de outras estruturas e propostas de trabalho, pois podemos constatar que temos muitas equivalências de desafios e por outro lado vemos que mesmo um profissional de fora do mercado publicitário consegue entender a subjetividade na atuação do Gerentes de Projetos, uma vez que entrega é concebida para um produto nem sempre pragmático e sim metafórico, a comunicação.

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Gestão de Projetos na Prática (Site pessoal)

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ramon_oliveira

Sobre o Colunista: Ramon Nonato Oliveira da Silva, formado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela FMU e atualmente cursando MBA – Master in Project Management, atuando a mais de 05 anos no mercado de publicidade. Fundador da plataforma de conteúdo MestreGP (www.mestregp.com.br), que busca discutir a atuação da gestão de projetos em agências de publicidade. Durante sua trajetória profissional já passou por agências pequenas, médias e grandes, destacando-se entre elas as agências Kwead, Tribo Interactive, Salve_, Fábrica Comunicação, Garage Interactive e AG2 Publicis Modem. Além de atuar como Gerente de Projetos também é professor na Uninove (Universidade Nove de Julho).”

E-mail de contato: contato@mestregp.com.br

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