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ENTREVISTA: Projetos na siderurgia: desafios, problemas e soluções – João Marcelo Borges

Publicado em 13/07/2017

A entrevista de hoje do PMKB é com Eng. João Marcelo Borges que fala sobre o tema: “Projetos na siderurgia: desafios, problemas e  soluções.”

1) Quais são as características de Projetos de Siderurgia?

Na Siderurgia encontramos com frequência três tipos de projetos. São eles:

  • De Capital – Em geral são projetos de investimento de longo prazo, onde a demanda de recursos e pessoal é muito significativa. Em geral está relacionado com a implantação de uma nova planta ou um empreendimento de grande porte que irão gerar ativos e consequentemente resultados no futuro. Podemos incluir a implantação da Laminação de Planos nesta categoria;
  • Capex – Em geral são projetos internos da Usina visando melhorias e reformas nos processos em que forem necessários. O volume de recursos e pessoal empenhado é muito inferior aos de Projetos de Capital. Pequenas implantações podem ser incluídas nesta categoria. Em geral existe uma Equipe de Engenharia dedicada para gerenciar e executar estes tipos de projetos. Podemos incluir, por exemplo, a reforma de um Alto Forno nesta categoria;
  • Opex – Também são projetos internos da Usina, porém com foco na Operação/Produção. Ou seja, são gastos com insumos para que a produção aconteça. Entretanto algumas aquisições de equipamentos específicos e “Spare Parts” podem ser incluídas nesta categoria. Neste caso todo o planejamento, gerenciamento e execução serão feitos pela própria equipe da Célula, onde geralmente há uma pequena equipe de Engenharia dedicada e independente da Equipe de Engenharia do Capex;

2) Os Projetos de Siderurgia acontecem em grande parte com fornecimento Nacional ou compras no exterior? O que tem definido a escolha?

Os Projetos de Capital na Siderurgia acontecem em grande parte com os Fornecedores do exterior. O que tem definido a escolha é a “Expertise” dos Fornecedores. A grande dificuldade de se adquirir pacotes específicos para a Siderurgia no Brasil é a questão de não haver Fornecedores para atender as demandas de equipamentos e sistemas complexos. No caso do Case em questão (Laminação de Planos) alguns equipamentos foram fornecidos pela Siemens Brasil, como por exemplo, Painéis Elétricos e Transformadores, porém a enorme maioria do fornecimento foi feito pela Siemens Inglaterra e Siemens Alemanha. Ambas responsáveis pelas tomadas de decisões do projeto, ficando a Siemens Brasil, neste caso, subordinada as decisões do exterior.   

3) Ao comissionar equipamentos de processos da Siderurgia, quais as dificuldades?

Uma das grandes dificuldades é a reposição de peças e ou componentes de equipamentos complexos que se danificam durante o comissionamento e não estão na lista de “Spare Parts” estratégico que se encontram no Site, ou seja, se faz necessário uma importação. Outros pontos de atenção são: 

  • Dificuldades no ajuste fino do “Tracking” da linha (Sincronização dos Sistemas); 
  • Fim do período de trabalho, pré-determinado, do Supervisor estrangeiro específico para um determinado equipamento/sistema antes da conclusão do comissionamento. Isto acarretará impacto no custo se for possível prorrogar a Supervisão ou impacto na qualidade se a responsabilidade for transferida para outro Supervisor;
  • A presença do Supervisor Estrangeiro específico de cada pacote no Site no momento correto para comissionar;
  • Definir no escopo da Contratada ou do Fornecedor de quem será o fornecimento das malas de testes e demais equipamentos necessários para o comissionamento;
  • Definir as fronteiras entre o escopo de comissionamento da Contratada e do Fornecedor;
  • Definir detalhadamente no escopo quais são as atribuições da Contratada e do Fornecedor com relação as demandas do comissionamento;
  • Segurança de pessoas, ou seja, todos os envolvidos devem estar Treinados nos padrões pertinentes de modo a atender a legislação vigente;

4) O que Manutenção e Produção devem ficar atentas ao receberem os projetos pós comissionamento?

O melhor momento para estas avaliações são durante a Operação Assistida e o “Learning Curve”, ou seja, neste momento a Manutenção deve checar se todos os equipamentos estão funcionando a contento realizando para isto as medidas abaixo, porém não se limitando a elas:

  • Medições de termografia nos painéis elétricos e equipamentos;
  • Análise de vibração nos motores elétricos e em equipamentos específicos;
  • Verificar se as operações dos sistemas auxiliares estão funcionando corretamente (Drenagem, Iluminação, SPCI, Água Potável, Água Industrial, Ar Condicionado, Refrigeração dos Equipamentos);
  • Verificar se as especificações dos materiais utilizados estão conforme projeto (tubulações em geral, cabos elétricos …);
  • Verificar se o índice de proteção (IP) dos equipamentos estão conforme projeto (Painéis Elétricos, Motores Elétricos, Transformadores, etc…);
  • Verificar se os níveis de iluminância estão conforme projeto;
  • Verificar e solicitar em garantia a correção dos vazamentos de óleo (Sistema Hidráulico).

Já para a produção, também durante a Operação Assistida e “Learning Curve”, é importante checar se todas as condições de projeto foram atendidas como, por exemplo:

  • Verificar se a temperatura da água (saída e retorno) para a refrigeração dos equipamentos, incluindo o Forno de Reaquecimento está conforme projeto;
  • Verificar se as pressões de trabalho dos equipamentos, tubulações e ou sistemas estão conforme projeto;
  • Verificar se a dimensões dos produtos (Placas e Bobinas) estão conformes com o pedido efetuado;
  • Verificar se qualidade superficial dos produtos (Placas e Bobinas) estão adequadas;
  • Durante as chuvas verificar se há algum vazamento no telhado;
  • Solicitar os relatórios oficiais apontando que as capacidades de carga, de projeto, das pontes rolantes foram atendidas;
  • Verificar se as velocidades de translado e içamento das pontes rolantes atendem as condições de produção;
  • Verificar se o suprimento de Ar Comprimido está atendendo as condições de produção. 

5) Quais são os desafios e boas práticas dos projetos de Siderurgia?

Os desafios dos Projetos de Siderurgia são vários, porém quando os projetos são Greenfield há um risco bem menor com relação à segurança de pessoas e danos materiais do que em projetos Brownfield. Segue abaixo alguns desafios que encontramos nos projetos de Siderurgia:

  • Içamento e Montagem de estruturas e equipamentos extra pesados. Em determinados projetos uma única peça pode pesar 282 Ton.; 
  • Transporte rodoviário de estruturas e equipamentos extra pesados, sendo necessário a avaliar todo o percurso incluindo capacidade das pontes, raios de curvatura das rodovias, etc…
  • Interligação dos “TOP´s” – “Take Over Points”, provenientes de sistemas existentes da Usina;
  • Ausência de documentação e ou As Built de projetos em determinadas áreas impactando na execução dos projetos e na Segurança das pessoas;
  • Prazos desafiadores para conclusão do Empreendimento que comporta equipamentos e sistemas complexos;
  • Segurança de Terceiros e de Colaboradores Próprios em Montagens desafiadoras;
  • Trabalho constante em altura;
  • Trabalho em Espaço Confinado;Como Boas Práticas, podemos citar os exemplos abaixo:
  • Nos Projetos de Capital, execução de todo o projeto 2D em 3D (Prática mais recente);
  • Gestão de toda a documentação no Software EPM (Enterprise Project Management). Se corretamente alimentado é muito provável que o Projeto passará com sucesso por todas as auditorias que ocorrerem;
  • Gestão de todos os Projetos (Elétrico, Mecânico, Civil …) em um único software, sendo possível o acesso de qualquer Colaborador credenciado;
  • Certificados de Conclusão de Montagens assinados por todos os responsáveis da Contratada, Fornecedor e Cliente. Sem as devidas assinaturas o equipamento não pode ser comissionado;
  • Abertura sistemática de Não Conformidades (RNC´s), quando necessário, concluindo-as em um prazo satisfatório de modo a minimizar o impacto no prazo e qualidade do Projeto;
  • Forte Gestão de Segurança apoiando-se em uma documentação efetiva e criteriosa;
  •  Forte Gestão de Pleito com foco na prevenção do mesmo baseado em documentações e registros robustos;

Clique aqui, para apresentação da palestra do João Marcelo Borges, realizada no dia 03/06/17, no curso de Pós-Graduação em Engenharia de Planejamento, no Ietec.

Palestrante João Marcelo Borges e Ítalo Coutinho, coordenador do curso de pós-graduação.

Assista a palestra – Projetos na siderurgia: desafios, problemas e  soluções:

Sobre o entrevistado: João Marcelo Borges, Graduado em Engenharia Elétrica e Pós Graduado em Gestão de Projetos de Engenharia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Atuou como Coordenador de Construção e Montagem nos Projetos do Osbra (Petrobrás) Oleoduto Paulínea ~ Brasília, Implantação das ERB´s Telemig Celular e CTBC, Implantação das Agências do Banco Itaú oriundas do Bemge, Implantação da Sinterização II, Laminador LTQ, Laminador Chapas Grossas, Laminador Acabador, Corte e Preparação de Placas e Reforma do Alto Forno 1 na Gerdau Açominas, Coordenação da Montagem Eletromecânica do Boulevard Shopping e Plaza Anchieta e atuação como Engº de manutenção na Fresh Start Bakeries (Arysta). E-mail de contato:  joao.marcelo.borges@outlook.com

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