Equipes cross-functional: você está fazendo isto direito?

Definição de equipe cross-functional: A cross-functional team is a group of people with different functional expertise working toward a common goal.

Tradução: Uma equipe multifuncional é um grupo de pessoas com experiência funcional diferente, trabalhando rumo a um objetivo comum.

Percebe-se que tanto o original em inglês, quanto a tradução induzem à um grande erro, pois ambos os casos apresentam uma ambiguidade na sua interpretação.

Uma definição em português seria: Grupo de pessoas com diferentes especialidades funcionais operacionais, direcionadas a uma meta comum.

Esta é, sem dúvida, a tradução mais apropriada. E nenhuma metodologia prega o contrário disto.

Infelizmente, é enorme o número empresas que estão implantando o conceito de multi-disciplinaridade de uma forma totalmente equivocada. Aliás, não só neste caso, como em muitos outros, quando a ambiguidade suplanta a razão e a lógica.

Em desenvolvimento de software, uma equipe cross-functional, na sua essência, é uma equipe que poderá ser composta por arquitetos, dba’s, designer’s, analistas de requisitos, analistas de sistemas, programadores seniores, plenos, juniores, trainer’s, analistas de negócios, contadores, administradores, etc. As quantidades de profissionais com estas habilidades variará dependendo da necessidade e metodologia utilizada.

Mas o que vem acontecendo, e que configura-se como um dos  grandes causadores de atrasos, baixa qualidade, redundâncias, sobre cargas, etc, é justamente o equívoco da interpretação da multi-disciplinaridade.

O mercado está repleto de artigos, webcast’s, vídeos, treinamentos, workshops, etc, onde as abordagens sobre frameworks, linguagens, metodologias, plataformas, etc, estão indo totalmente em direção contrária ao que realmente o assunto propõe.

Só para dar um exemplo bem básico, um programador não deveria, necessariamente, conhecer de normalização de Banco de Dados. Isto é trabalho de um DA ou um DBA. O que o programador tem obrigação de conhecer, é o framework de persistência que ele utiliza.

No caso de uma JPA, por exemplo, ele deve ter total domínio sobre referências entre entidades, não permitindo que o framework inunde o banco de dados com tabelas intermediárias.

Este erro de traduções e interpretações são, inclusive, a causa da desvalorização da área de T.I. no Brasil, onde profissionais da área são vistos, cada vez mais, com péssimos olhos.

E isto pode ser visto, inclusive, nas ofertas de emprego atuais onde estão, cada vez mais, exigindo habilidades que nenhum profissional consegue possuir. Mas é mais fácil desmerecer quem aprendeu e aplicou erroneamente, do que quem anda ensinando errado.

Deve ficar bem claro que uma “equipe cross-functional” de colaboradores não é uma equipe de “colaboradores cross-functional”.

Sobre o Colunista: Carlos Amaral tem formação em Gestão da Produção Industrial, especialização em Gestão da T.I. e certificação PRINCE2. Trabalha com desenvolvimento de software desde 1989, tendo atuado em praticamente todas as funções dentro de seu ciclo de vida, e participando de projetos ERP e CRM para os mais diversos segmentos de mercado. Entusiasta de software livre, acredita que liberdade é respeitar, também, os entusiastas de software proprietário. Consultor em Projetos de Software, VLogger e autor de artigos na sua área de atuação, não se prende à uma determinada metodologia, procurando extrair o melhor de cada mundo, conforme o cenário.

E-mail de contato: chayimamaral@gmail.com – Site: www.carlosamaral.eti.br

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