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Gestão de projetos: o que o limite de bateria ajuda a definir

Publicado em 05/01/2017

Resumo

Definir com clareza o escopo de um projeto é um dos grandes desafios do gerenciamento de projetos. Em termos gerais[1], esta especificação consiste em definir as atividades e os prazos baseados nos requisitos do projeto e/ou serviço a ser criado. Um conceito importante e que deve ser considerado na definição do escopo é o chamado limite de bateria. A definição clara do escopo ajuda a definir o limite de bateria das partes envolvidas no projeto. Neste sentido este artigo tem como objetivo o estudo do termo limite de bateria e o que o mesmo pode ajudar a definir no contexto do gerenciamento de projetos.

1 INTRODUÇÃO

O limite de bateria tem por finalidade de definir o contorno do escopo de um determinado projeto, de forma a estabelecer fisicamente “até onde vai” a responsabilidade da equipe de projeto e da equipe de execução. Dessa forma, é importante que a definição seja bem formalizada no escopo com o fim de deixar claro para contratante e contratado, em um empreendimento, as delimitações do trabalho.

Estes limites definidos também têm por vantagem facilitar a identificação dos responsáveis por quaisquer problemas e possibilita também aumento de aditivo de contrato em caso de mudanças.

O objeto de estudo deste artigo será compreender o que é o limite de bateria e o que o mesmo ajuda a definir no contexto de gerenciamento de projetos.

2 A GESTÃO DE PROJETOS E O LIMITE DE BATERIA   

Segundo o Guia PMBOK apud Souza et al (2013, p.2), projeto é “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMI[2], 2013). Ainda segundo o Guia PMBOK, gerenciar um projeto consiste na aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas na realização de um conjunto de atividades para atender aos objetivos do projeto.

A etapa de especificação do escopo faz parte da fase de planejamento do projeto e envolve a descrição de requisitos, objetivos, custos, entregas, marcos, premissas, restrições entre outros. Assim, pode-se inferir que uma das principais etapas do gerenciamento do projeto é a definição do escopo, ou seja, a fase em que definimos as atividades que serão executadas para realizar as entregas ao cliente. É na fase de escopo que se especifica o que o projeto contemplará ou não.  Assim, definir o que não fará parte do escopo é tão importante quanto definir o próprio escopo. Assim sendo, faz-se necessário deixar claro na proposta comercial ou contrato o que não se pretende fornecer e a limitação do que será fornecido, estabelecendo de maneira mais confiável o levantamento de custos para o projeto. Com isso, evitamos fornecimento não previsto e deixamos claro aquilo que o cliente receberá ao fim do projeto.   Dessa forma, o cliente entende o que lhe será entregue e pode solicitar uma alteração do escopo antes da contratação definida. Isso pode gerar oportunidade de extensão do trabalho ou de novo projeto, o que será considerado para formatação de novos custos para ambos: cliente e fornecedor.

Um conceito importante de se considerar quando se define o escopo e o não escopo de um projeto é o chamado limite de bateria. O conceito “limite de bateria” é muito utilizado em projetos para delimitar até onde vai o escopo físico do prestador de serviços. Segundo Zoppa[3], o limite de bateria serve para definir os contornos do escopo do fornecedor de um projeto e é essencial no gerenciamento de projetos que contemplam várias interfaces e múltiplos fornecedores. Em um projeto dessa natureza, o limite de bateria permite estabelecer as responsabilidades e atividades de interface entre os diversos fornecedores.

Em caso de projetos que envolvem grandes obras com múltiplos fornecedores, esse conceito é mais presente. A duplicação de uma rodovia, por exemplo, geralmente envolve muitos fornecedores com muitas interfaces e neste caso, faz-se necessário, na fase de especificação do escopo, estabelecer o limite de bateria das partes envolvidas. Ou seja, é necessário deixar bem claro onde começa e onde termina a responsabilidade de cada um dos fornecedores e a interface entre as ações de cada uma das empresas.  Imaginem que para esse  projeto de duplicação, foi contratado um consórcio de empresas para realizar atividades de desapropriação, terraplenagem, drenagem, pavimentação e uma outra empresa para sinalizar a rodovia. Entretanto, é necessário considerar a sinalização no final da obra e também durante a execução da mesma. Nesse caso, quem deverá realizar a sinalização da rodovia durante a execução? A empresa que está realizando a etapa de infraestrutura básica ou a empresa de sinalização? Isso dependerá do limite de bateria definido no projeto. Além disso, é importante compreender e definir o limite de bateria como delimitação física do fornecimento. Onde se inicia a duplicação da rodovia? Qual o quilômetro inicial e final? Assim como na delimitação do escopo entre um possível grupo de fornecedores, o limite de bateria ajuda e é extremamente importante para se definir a fronteira física de determinado projeto.

O desenvolvimento da documentação dos projetos pode ser dividido entre várias empresas projetistas dentro da sua área de especialidade, assim como pode ser feito somente por uma empresa e executado por várias devido à extensão da obra e/ou o prazo de entrega.

Nos limites de bateria propostos pelo projeto é importante destacar que a atuação da equipe de gerenciamento é extremamente relevante, pois a interligação física entre os escopos precisa ser perfeita. É comum escutarmos em noticiários, casos de obras de grandes extensões físicas (tais como pontes, duplicação e interligações de estradas, ligações de tubulação e entre outros exemplos) que são executados fracionados dentro dos limites de bateria e em um determinado momento todos são surpreendidos ao notar que os limites não se encontram bem definidos. Aí vem a pergunta: “De onde vem o erro?”. Este mesmo problema ocorre em outros tipos de projeto mesmo que não sejam ligados à construção e montagem, porém são menos perceptíveis e podem ser mais facilmente resolvidos.

Um problema que dificulta a definição do limite de bateria é a falta de clareza e a falta de conhecimento dos requisitos do produto/serviço para detalhamento do escopo. Para se entender e conhecer o escopo de determinado projeto é necessário a correta coleta de requisitos junto ao cliente, uma análise bem feita dos documentos previamente fornecidos, visita técnica para visualizar o futuro projeto e suas diversas possibilidades de interferências, quando possível, e até elaborar um protótipo que auxilie na compreensão dos desafios e necessidades do projeto e na visualização do produto pelo cliente.

CONCLUSÕES

Do exposto podemos inferir que definir o limite de bateria em um projeto nem sempre é uma tarefa fácil. Requer clareza de escopo e clareza das responsabilidades e limites de todas as partes envolvidas na execução do projeto. Ou seja, na definição do escopo é necessário considerar, além das ações isoladas de cada parte envolvida, as interfaces entre as mesmas para realizar as entregas de acordo com os requisitos definidos e no prazo planejado.

Por outro lado, esse esforço é valioso no sentido de possibilitar que um projeto com muitos limites de bateria, ou seja, que envolvem grande número de empresas pode contribuir para:

  • Obter soluções com mais rapidez, uma vez que o projeto será executado por várias frentes;
  • Definir as interfaces entre as partes envolvidas;
  • Definir as responsabilidades e limites de atuação das partes envolvidas;
  • Maior agilidade na rastreabilidade dos responsáveis e ajustes nas soluções e revisões.

Desta forma pode-se dizer que o limite de bateria tem uma grande importância na definição de escopos, integração de equipes gerenciais, agilidade na solução de problemas, otimização do tempo, uma vez, estando bem definidos os limites de bateria, as equipes se dedicarão ao que de fato precisam se dedicar, além da flexibilidade para trabalhar com várias empresas.

REFERÊNCIAS

Notas:

[1] A especificação do escopo vai muito além de definir atividades e prazos. Há muitos outros conceitos envolvidos como: requisitos, justificativa, objetivos, riscos, premissas, restrições entre outros.

[2]Project Management Institute

[3] https://pmkb.com.br/artigo/compreendendo-o-escopo-e-o-nao-escopo-do-projeto

Artigos_pmkb

Sobre os Autores:

Alisson Barbosa, Graduado em Engenharia de Controle e Automação – PUC-MG. Pós graduando em Gestão de projetos pelo IETEC. E-mail: alissonlcb@yahoo.com.br

Samuel Oliveira, Graduado em Engenharia Industrial Mecânica – CEFET-MG. Pós graduando em Gestão de projetos pelo IETEC. E-mail: samuel.bop@hotmail.com

Contexto: Artigo apresentado como trabalho na pós graduação de Gestão de Projetos ministrada pelo Prof. Ms. Ítalo Coutinho da turma 12 do IETEC.

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Luiz Carlos da Silva disse:

    Acho que os técnicos responsáveis pelos escopos da CSN de Arcos devem ler este artigo e se reciclarem para que possam construir escopos mais claros com o slimites de baterias bem definidos . Dessa forma não vão mais colocar os concorrentes dos processos em maus lençóis como sempre o fazem.

  2. Edmilson Nogueira disse:

    O limite de Bateria como exposto no artigo ajuda sim alinhar a organização com o time de projeto tornando claro o escopo para todas as partes envolvidas, trazendo ganhos para os Stakeholder em eficiência, organização e produtividade já que o limite de cada envolvido está bem definido, assim propondo ganhos financeiros e sistêmicos para todos, tornado o projeto. Mas para que o limite de bateria seja usado e muito importante que os Stakeholder saibam bem o que desejam de seus produtos e serviços através de análises bem feitas do escopo, documentações e visitas técnicas para avaliação do ambiente e identificação de possíveis falhas.
    Edmilson Nogueira – UNA Sete Lagoas

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