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O uso de indicadores de produtividade como fator para análise de desempenho de processos diversos

Publicado em 08/06/2015

O artigo apresenta uma percepção da aplicação de indicadores de produtividade, bem como sua importância em diversos campos, buscando exemplificar como este indicador é adotado em diferentes processos. Optou-se por trazer a discussão a influência da produtividade na economia brasileira como uma análise macro, e ainda especificar o uso de tal indicador na produção de produto e serviço, construção civil, prazo de entrega de projetos e formação de preços. A partir da avaliação desta variedade aplicações verificou-se a característica universal e adaptável dos indicadores de produtividade.

Introdução

O uso da medição da produtividade de um determinado processo equivale a uma avaliação do desempenho deste, perante outros processos similares. Bonin 2000,  explica que observar as variáveis corretas para uma mensuração efetiva da Produtividade não só leva-nos a identificar a forma de se fazer a coisa certa, mas como atingir o máximo de eficácia fazendo a coisa certa.

Podemos definir produtividade como a razão entre recursos empregados e os resultados obtidos, ou ainda, a relação entre output e input. Dessa forma, é uma medida de produtividade a relação da massa total de ferro gusa produzida por corrida ou por turno em uma indústria siderúrgica, ou ainda, o número de clientes atendidos no período de uma hora em uma casa lotérica.

Os Indicadores de Produtividade estão presentes nos painéis de bordo da maioria organizações atuantes em diversas atividades, pois a mensuração e controle deste indicador é fator direcionador para o atingimento de resultados de alto desempenho, melhoria contínua, redução de custos, aumento da qualidade e manutenção da sustentabilidade da organização. Entendendo a característica universal da aplicação dos Indicadores de Produtividade nas organizações, busca-se avaliar o uso da produtividade em diferentes atividades , identificando a sua importância e forma de mensuração  utilizada.

Análise da Produtividade na economia brasileira

Em um ano com previsões tão pessimistas quanto 2015, a intrínseca relação entre produtividade e desenvolvimento econômico é dissecada ao extremo na busca por soluções à ampla crise vívida pelo Brasil hoje, e que não se restringe à economia, basta ver a enorme quantidade de estudos recentes e debates veiculados na mídia. Notoriamente, apesar das diversas explicações sugeridas para o baixo crescimento histórico da produtividade brasileira, a receita para a saída da crise econômica é uma só: é imprescindível promover o aumento na produtividade do país, que é, na melhor das hipóteses, modesta a mais de 30 anos, estando aquém até para os padrões latino americanos, conforme ranking divulgado pela organização The Conference Board.

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Figura 1: Ranking Produtividade – Fonte: BRAZILIAN BUBBLE

Basicamente, a produtividade é afetada pelos seguintes fatores:

  • Nível da qualificação da mão de obra;
  • Investimento em pesquisa e desenvolvimento (capacidade de inovar);
  • Infraestrutura eficiente;
  • Ambiente propício ao desenvolvimento de novos negócios;
  • E política tributária clara e concisa;
  • Práticas de gestão obsoletas e ineficientes.

Há consenso na identificação dos principais fatores que influenciam na produtividade, no entanto permanece nebulosa a correta correlação entre eles, apesar de haver alguns modelos matemáticos que se propõem a explicar esta complexa relação, mas que se mostram incapazes de responder satisfatoriamente a fenômenos como os Tigres Asiáticos que apresentam longos ciclos de crescimento, excetuando-se a China, que, talvez,  saboreie um crescimento similar ao vivido pelo Brasil nos anos 70, no auge da Ditadura, baseado na ampla e barata oferta de mão de obra. Mas ao contrário do Brasil, a China, investe em educação e na manutenção de um ambiente extremamente propício a implantação de novos negócios, e por mais questionáveis que sejam as políticas adotadas por esta nação para atingir e manter um crescimento econômico elevado e irrefutável o seu sucesso.

Neste momento, talvez, alguém se pergunte se é possível repetir o milagre econômico da década de 70, e a resposta é no máximo um talvez, atrelado a um se, que corresponde a adoção de estratégias a criação de estímulos aos fatores mais complexos que compõe a “fórmula” da produtividade. Já que, conforme diversos especialistas, tais como Roberto Ellery, Ricardo Sennes, Fernando H. Barbosa, Fernanda de Negri entre outros, o Brasil esgotou todas as estratégias “fáceis” capazes de elevar a produtividade. Estratégias essas que basicamente correspondem ao aumento da população economicamente ativa e da oferta dos postos de trabalho, ou seja baixas taxas de desemprego. Segundo, Ellery, alcançamos o pico destes dois fatores em meados de 2010, portanto, se nenhuma medida for adotada neste momento, a produtividade tende a decair.

Ricardo Sennes cita, durante participação no Jornal da Cultura apresentado no dia 04 de março de 2015, que alguns estudos, como os emitidos pelo IPEA e empresas privadas como a Page Personnel, apontam um aceleramento deste declínio promovido pela elevação dos custos do trabalho em decorrência do aumento da renda dos trabalhadores desvinculado ao aumento da qualificação, resultando em baixa produtividade.

Diante de todos os apontamentos aqui feitos é claro perceber o tamanho do desafio brasileiro na busca de uma produtividade elevada, eficaz e duradoura, uma vez que o sucesso depende de mudanças nos principais problemas estruturais do Brasil, como a baixa qualidade da educação brasileira, a falta de infraestrutura, a excessiva burocracia, o confuso sistema tributário nacional e a falta de investimento em novas tecnologias. Logicamente, o Governo não é o único que precisa sair da sua zona de conforto e buscar novas ações para promoção da eficiência, as empresas devem investir na renovação de seus processos produtivos e no desenvolvimento de processos de gestão realmente eficazes, mas tais ações derivam do aumento da concorrência. Portanto, só haverá crescimento de produtividade se trabalharmos integrados.

Aplicação da Produtividade em processos produtivos

Comumente há a dúvida em diferenciar Produção de Produtividade, produção é uma medida de resultado, um valor absoluto que declara de forma numérica um valor alcançado. Já a produtividade é um indicador de desempenho que dá suporte a equipe de PCP (Planejamento e Controle da Produção) na programação da distribuição das atividade dentre as máquinas de uma planta produtiva.

O processo produtivo de uma organização existe em função do objetivo de gerar produtos com valor agregado adicionado. Agregar valor e otimizar os resultados não é realizado somente no processo de transformação, mas na etapa de compra de matéria prima e insumos produtivos e na venda do produto acabado. De acordo com Macedo 2012, os aspectos mais importantes para o desempenho empresarial envolvem o processo de produção e, portanto, a eficiência do processo produtivo passa a ser determinada e medida  pelos seus aspectos operacionais. A mensuração  da produtividade é disponibilizada por indicadores de natureza físico-operacional, por exemplo, X unidades de bens e serviços por unidade de tempo; produção física por número de horas trabalhadas.

A partir da análise dos indicadores têm-se a fase de controle em que ferramentas como análise das restrições, 5S,ferramentas da qualidade, gestão de conflitos podem ser utilizadas para melhorar os resultados de produtividade.

 

Produtividade na Construção Civil

Um ótimo exemplo para demonstrar aplicação da Produtividade relacionada a construção civil é a avaliação dos  indicadores de produtividade do trabalho, produtividade do capital e a produtividade total dos fatores.

De acordo com a pesquisa relacionada na tabela abaixo a produtividade do trabalho, capital e PTF, tiveram seus resultados registrados no período de 2003 a 2009 conforme tabela abaixo, que nos permite a observação de que a produtividade total da empresas foi positiva, ou seja, com a mesma combinação de capital e trabalho as empresas da construção geraram em 2009 um valor adicionado de 7,2% confrontando-se com os dados de 2003.

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Figura 2: Avaliação de Indicadores de Produtividade na Construção Civil – Fonte CBIC

De 2003 a 2009, a produtividade da mão de obra cresceu 5,8%ao ano, enquanto a produtividade foi negativa, 3,5% ao ano. Quando verificamos o crescimento da produtividade da mão de obra, indica-se que há crescimento de renda gerada pelas empresas, enquanto não houve aumento de empregos na mesma proporção. Os números nos revelam que há crescimento expressivo de investimento e a substituição de mão de obra por capital, ou seja, há um investimento pelas empresas em equipamentos, maquinas e terrenos,  que faz aumentar a produtividade e diminuir o capital investido. Verifica-se na tabela que nos últimos 3 anos, 2006 a 2009, a PTF passa a ser positiva, registrando 3,1% de crescimento anual. Em suma de 2003 a 2009 a PTF cresceu à media taxa de 1,2% anual, devido ao crescimento de 3,1% no período recente de 2006 a 2009.

Produtividade na Prestação de Serviços

Um exemplo para a demonstração da aplicação da prestação de serviços é a  terceirização consiste no processo de transferência de algumas atividades a terceiros. Antes dos anos 90 a terceirização se restringia a serviços esporádicos ou específicos executados por empresas especializadas, a partir da década de 90, as empresas, ao buscar uma forma de reduzir seus custos operacionais, passam a incentivar que seus ex-funcionários criem suas próprias empresas para fornecer serviços antes executados por eles mesmos, desta forma a empresa reduz suas despesas com pessoal sem abrir mão do know-how de seus ex-funcionários.  Entretanto este tipo de relação gera uma infinidade de contratos de serviços, dificultado a supervisão dos mesmos. Atualmente grandes prestadoras de serviços, geralmente, multinacionais, tem invadido o mercado oferecendo contratos que englobam diversas áreas, são os chamados Contratos GLOBAIS, que apesar de facilitar o trabalho dos supervisores tendem a serem analisados somente pelo ponto de vista da redução de custos, uma vez que a empresa perde, ao longo do tempo, know-how nas atividades realizadas por terceiros.

Ao terceirizar, as empresas visam focar em sua atividade fim, aumentando sua competitividade e valor de mercado, contudo outras motivações podem levar as empresas a adotar estratégias de terceirização, tais como:

  • Redução de custos, incluindo redução da estrutura organizacional;
  • Agilizar a tomada de decisões;
  • Melhorar a qualidade e os indicadores de produtividade;
  • Propiciar o lançamento da empresa em novos mercados/atividades e novos produtos;
  • Facilitar a adoção de novos processos e o acompanhamento das novas tendências mundiais.

Uma forma de compensar a perda de conhecimento e qualidade geradas por contratos definidos apenas sobre o objetivo de redução de custos é monitorar a produtividade das empresas terceirizadas com o objetivo de forçar, no momento da renovação ou contratação de serviços, uma análise dos custos do contrato de forma a impedir que a contratante pague pela ineficiência da contratada. Desta forma a contratada é obrigada a melhorar seus indicadores. Infelizmente, poucas prestadoras de serviços têm um controle eficiente de sua produtividade

Para terceirizar, a empresa deve estar ciente dos impactos que sua estrutura pode sofrer, como: alterações no espaço físico e na estrutura funcional; nos métodos operacionais, e controles internos e nos sistemas de informação gerenciais, além da revisão da estrutura de custos.

Desta forma o sucesso na terceirização está relacionado ao gerenciamento estratégico do processo, ao apoio dado à força de trabalho envolvida nas atividades a serem terceirizadas, ao estimulo ao desenvolvimento dos fornecedores e à criação um relacionamento contratante-contratada baseada no conceito de parceria.

Aplicação de Indicadores de Produtividade para o atendimento do prazo de entrega de projetos

Em todo o planejamento, projeto e execução é premissa o conhecimento de processos e custos, pois, sem estes dados não é possível mensurar a viabilidade dos projetos.

Por exemplo, quando em uma construção civil deseja-se saber o prazo de execução de uma parede de alvenaria, obtêm-se indicadores que podem adiantar ou não o processo construtivo, confrontando-se com o custo. Pode-se utilizar o tijolo cerâmico 29x19x14 ou o bloco sical 60x30x14. Leve o bloco sical, precisa de 6 unidades por m², enquanto de tijolo cerâmico precisa 18 unidades, mais argamassa, e 3 vezes mais tempo de mão de obra de pedreiro e ajudante.

Indicadores de produtividade são necessários para definição de tecnologia x custos, pois, o processo que utilizado dependerá de dados que informem prazo de execução de processos, custos desses processos e a tecnologia necessária face ao custo do processo, e assim determinará o uso de equipamentos, técnicas, materiais que podem ser utilizados para otimização do prazo.

A influência da Produtividade na Composição de Preços e Orçamentos

Para a confecção de uma análise de custos, formação do preço de um projeto e entrega de um orçamento, o conhecimento de indicadores de produtividade do processo em avaliação,  é de grande importância, pois é fonte de dados para elaboração dos cálculos.  Índices de produtividade atrelados ao uso de mão de obra, dão noção ao Engenheiro de Custos sobre  qual tempo de ciclo utilizar em sua avaliação e consequentemente estimar a taxa horária  relacionada a análise.  Índices de produtividade podem ainda descrever a taxa de utilização de material em relação a um total produzido, dando informações sobre a composição dos custos de material direto do projeto. Índices de Produtividade relacionados a finanças e economia,  dão um direcionamento ao gestor na tomada de decisão  quanto a investir ou não em um determinado projeto.

Conforme Valentini 2009, para a composição do preço unitário de um projeto deve-se apropriar os custos de materiais e equipamentos aos seus consumos e mão de obra a sua produtividade. Sendo assim, o resultado do valor de mão de obra trata-se do custo horário da mão de obra acrescido dos encargos sociais, tendo como resultado $/h. Com a determinação deste  índice, o mesmo irá compor a tabela de orçamento, juntamente ao tempo de execução da atividade .O produto dos fatores taxa horária e tempo de execução da atividade resultam no custo de mão de obra direta do orçamento em análise.

 

Conclusão

Observa-se que a aplicação de Indicadores atrelados a produtividade pode ser utilizado em diversas atividades. Verifica-se que apesar da variação da relação de unidades de medida o padrão de confecção do índice, como a  razão entre um resultado específico e os recursos necessários para se atingir tal meta, é mantido. Conclui-se ainda, que as implicações para o uso deste indicador são em suma, a melhoria dos processos, redução de custos, satisfação de clientes, aumento da rentabilidade, dentre outros. Deve-se considerar o uso de indicadores de produtividade na confecção de orçamentos, pois os mesmos direcionam o engenheiro de custos quanto a agilidade com que o projeto em análise será executado e consequentemente a formação de custos diretos. Dessa forma, há uma grande preocupação entre diversas áreas, quanto a mensuração e controle de índices de produtividade, devido a capacidade deste em  demonstrar o desempenho de um processo, garantindo ainda a competitividade no mercado e consequentemente a sobrevivência de uma determinada organização.

Referências

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Sobre os Autores:

Giane Aparecida SilvaTécnica em Metalurgia pelo CEFET Ouro Preto, Engenheira de Produção pela UNIPAC Conselheiro Lafaiete, desempenha a função de Analista de Metodologia em Engenharia de Custos na Fiat Chrysler desde julho de 2014.

Gislaine Camila Candido, Bacharelado em Administração de Empresas – Instituto J.Andrade – Juatuba – MG. Experiencia Profissional: Fiat Automoveis –Cargo Analista de Custos. Atua no desenvolvimento de novos produtos e nos modelos em produção, com foco no gerenciamento e controle dos custos.

Marcelle Gumerato Severino, Engenheira Eletricista, formada pelo CEFET-MG em 2009. E Técnica em Eletrônica pela mesma instituição em 1997. Durante 6 anos atuou, na PROCONSULT, elaborando projetos e orçamentos na área de Automação direcionados ao Setor de Saneamento. Atualmente é Analista de Pré-Vendas da área de Security e BMS na SEAL TELECOM, pertencente ao Grupo SEAL, voltada para integração de sistemas de alta tecnologia nos setores de Áudio e Video, Comunicação Unificada e Segurança.

Valério Gomes dos Santos, Relações Públicas, formado pelo Centro Universitário UNI-BH em 2002. Engenheiro Civil, formado pela Faculdades de Engenharia Kennedy em 2012. Trabalha como responsável técnico na empresa AGS TELHADOS LTDA.

Contexto: o presente trabalho é resultado de pesquisa realizada com alunos da 7a Turma de Engenharia de Custos e Orçamento – AUEG –  com a coordenação do Prof. Ítalo Coutinho do IETEC. O presente trabalho tem como base a norma da AACE – Recommended Practices – http://www.aacei.org/resources/rp: 22R-01: Productivity Measurement.

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