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Não sei se é verdade: a banalização da informação

Publicado em 14/02/2017

Quando Domenico De Masi propagou a definição que estaríamos vivendo a Era da Informação, muito pouco provável que chegaríamos a conclusão que junto com essa nova vivência, pós Revolução Industrial, teríamos acesso a tantas inverdades, circulando na velocidade da luz, e sendo replicada em cada esquina digital.

Esse artigo propõe discutir a disseminação de informação inverídica e como proteger minimamente o seu projeto.

Introdução

Essa não é a primeira vez que chamo  a atenção para a importância da gestão da comunicação na condução dos nossos projetos. Desta vez, ao invés de direcionar o foco em questões relacionadas à forma de se falar com a sua equipe, ou processos da gestão em si, gostaria que você pensasse no impacto da famosa e recorrente frase do nosso atual cotidiano:

Tenho certeza que você, que lê esse artigo, certamente já leu essa frase alguma vez nos últimos quinze dias, e me atrevo a dizer, que tenha replicado algo que continha essa frase, ao menos uma vez nos últimos seis meses.

As plataformas interativas de comunicação, muitas delas gratuitas, promovem de maneira dinâmica e veloz a propagação de informações, sendo elas de todos os tipos, porém além de servir para disseminar o que é verdade e alcançar uma relevante quantidade de pessoas, infelizmente temos visto o “lado feio” dessa facilidade, ou seja, não se sabe se é verdade, mas ainda assim a informação circula com peso de verdade.

Como planejadores é muito importante nos lembrarmos dessa realidade que vivenciamos, e considerá-la no planejamento da gestão da comunicação, e como gerente do projeto é igualmente importante considerá-la, na gestão das partes interessadas.

 

Como lidar com a banalização da informação no ambiente do projeto

Quando recebi a frase citada anteriormente pela última vez, fiquei pensando o que motiva as pessoas a compartilharem algo que não sabem se possui alguma validação, embasamento científico, enfim, se é real para de fato ter uma tônica de cumprir o seu papel, ou seja, de informar, e fazer mover a engrenagem da ação por parte de quem recebe.

De acordo com especialistas em temas de comunicação e comportamento, é uma tendência que uma informação seja compartilhada, sem qualquer verificação de veracidade, se a mesma possui conteúdo convergente as convicções do leitor, ou seja: informação = minha opinião = compartilhamento.

Nesse momento você leitora (o), deve pensar: Isso é mais que normal, não vejo qual o problema? Ficam duas questões, para ajudá-la (o)

a) Quando a informação é contrária a sua opinião, ela deixa de ser verdade? Ela perde prioridade de disseminação?
b) Quando a sua opinião possui argumentos falhos, e/ou falta embasamento científico, é correto continuar propagando tal informação mesmo assim?

Faça o exercício de responder essas questões no âmbito da sua liderança em projetos.

Outro ponto a ser considerado nessa questão, esse fruto das minhas próprias observações, é a necessidade de querer ser pioneiro, se destacar no grupo, mostrar poder através da informação.

Essa questão de longe não é novidade, ou seja, ter poder através da informação, ainda que o detentor da mesma, não tenha plena consciência que exerce tal papel. Quando se trata de avaliação organizacional, especialmente de processos, é muito comum, fazer a avaliação se a empresa detém o conhecimento de como cada uma das suas atividades são realizadas, ou se há dependência de algum recurso humano específico, e que detém as informações necessárias para sua realização.

Para mim a necessidade de “viralizar” uma informação, tem uma tônica semelhante, ou seja, ter poder por “saber” e fazer chegar e influenciar o “outro”. Sejamos bem críticos, as ferramentas disponíveis hoje, ajudam bastante nesse quesito: “viralizar”.

Percebemos então que na Era da Informação, o cochicho dos corredores, que tinham sim seu impacto, ganha uma gigantesca força, ao sair deste universo e ir para os dedos ansiosos e velozes e seguir pelo mundo das redes sociais, aplicativos de conversas e tudo mais.

O que fazer para minimizar esse comportamento no ambiente do projeto?

Fazendo uma reflexão sobre o que isso de fato significa e o impacto em nosso dia a dia, percebemos que fazer a gestão da comunicação em nossos projetos, vai (como sempre digo), muito além de processos como algo estático e restrito, e sim, precisa ser abrangente e muito dinâmico. Como?

1. Fazendo uma avaliação sistemática dos processos adotados, levando em conta especialmente os resultados alcançados no projeto, ou seja, as informações estão chegando de maneira correta e em tempo hábil? Qual o nível de ruído dentro do projeto? Como os boatos têm impactado o dia a dia e resultados do projeto?

2. Sempre provocando aderência entre o cotidiano das partes interessadas e a linguagem do projeto, através da revisão de linguagem, canais de comunicação, frequência de envio de informações, por exemplo.

Como gestores, precisamos ficar atentos, “a onda” que nossas partes interessadas estão surfando, para conseguir direcionar nossos esforços de comunicação, para chegar onde importa: ao atendimento das metas do projeto e seu respectivo sucesso.

Se a onda agora é afirmar e compartilhar algo sem qualquer verificação prévia de sua veracidade, isso pode significar que precisamos reforçar nosso cuidado sobre as estratégias de comunicação, e também sobre gestão das partes interessadas, para isso recomenda-se:

banalizacao-da-informacao

Conclusão

Podemos concluir após avaliar como as informações hoje são compartilhadas, bem como, a velocidade que elas se propagam, que a gestão da comunicação ganha cada vez mais relevância na condução dos nossos projetos.

Muito importante, avaliar a fonte da informação antes de compartilhar, torna-se fundamental, para que de fato seja legítimo o poder advindo da informação, logo, somos responsáveis em promover/criar e legitimar as fontes confiáveis das informações dos nossos projetos, seja para as partes interessadas externas, seja para as internas ao projeto.

Por fim, a atitude de avaliar a fonte e veracidade da informação a ser compartilhada não é apenas uma atitude válida para nosso ambiente profissional, mas também uma postura no mínimo gentil em nosso cotidiano pessoal.

Sobre a Colunista:

Shirlei Querubina, Bacharel em Administração de Empresas pela PUC-Minas e MBA em Gestão de Projetos pela FGV. Atua no mercado de geração e transmissão de energia pela empresa Sinergia Engenharia e Consultoria, em projetos nacionais e internacionais como especialista em planejamento e gestora de projetos. Professora no Ietec-MG nos cursos de Gerenciamento de Projetos, Gestão de Projetos em Construções e Montagem, Engenharia de Custos e Orçamentos e Engenharia de Planejamento. E-mail de contato: squerubina@gmail.com

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