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Nelson Rodrigues e o elevador para a cobertura

Publicado em 25/09/2013

O elevador é um dispositivo de transporte utilizado para movimentação de bens e pessoas, sendo que a primeira notícia de um elevador data do século I A.C., construído em Roma por um engenheiro chamado Marcus Vitruvius Pollio, e em 1880 foi construído o primeiro elevador elétrico por Werner von Siemens. Em mais de 2000 mil anos de história, o elevador evolui consideravelmente e hoje em dia está presente em todos os projetos de edificações (Wikipédia, 2013). Pelo menos deveria!

No início do mês de Agosto de 2013, chegou ao nosso conhecimento uma estranha notícia: Um dos edifícios mais altos da Europa com 200 metros de altura, 47 andares, não tem elevadores acima do 20º andar! (ArcoWeb, 2013) O edifício, construído para ser o símbolo da recuperação econômica da região, entrou para o anedotário mundial como uma das piores gestões de mudança da história.

O edifício está localizado em Benidorm (Alicante), na Espanha, e é chamado Intempo. Inicialmente previsto para possuir apenas 20 andares, teve seu projeto ampliado para 47 andares, porém a casa de máquinas dos elevadores foi mantida e comportava apenas os equipamentos necessários para ascender até o 20º andar. Este e outros problemas transformaram o que era para ser um marco na história da cidade turística, se transformou em uma história de um cúmulo de incompetência (El País, 2013).

Sem título

Nelson Rodrigues com certeza diria que essa foi mais uma obra do Sobrenatural de Almeida, mas todos nós podemos dizer que o elevador até a cobertura em um prédio de 47 andares era um óbvio ululante.

O termo “Óbvio Ululante” foi popularizado por Nelson Rodrigues com a publicação do livro de mesmo título em 1950, e significa uma coisa tão clara e óbvia e as pessoas não enxergam (Significados, n.d.).

Por definição, todo projeto é considerado único e mudanças são esperadas durante sua execução. Apesar de, na maioria das vezes, existir um processo formal de gestão de mudanças, os impactos em alguns casos são tão óbvios que são esquecidos ou passam despercebidos. Todos tem tanta certeza que aquilo está sendo tratado que não perguntam se efetivamente está sendo tratado.

O processo formal para tratamento das solicitações de mudança visa garantir que todas as solicitações serão devidamente registradas, analisadas e respondidas. Entretanto, a identificação dos impactos de cada mudança é realizada pela equipe do projeto e, consequentemente, sujeita ao famoso “erro humano”.

Uma das técnicas que gosto de utilizar quando avaliando as solicitações de mudança é o Brainstorming, ou tempestade de ideias. O Brainstorming é baseado em dois princípios: Atraso do Julgamento e Criatividade em quantidade e qualidade. Uma ideia só é considerada boa ou ruim quando a julgamos, atrasando o julgamento das ideias é possível serem geradas várias ideias, e quanto mais ideias forem geradas, maior a probabilidade de uma boa, ou excelente, ideia aparecer.

Uma das mais importantes regra em Brainstorming é que críticas são rejeitadas, uma ideia não pode ser julgada para que a criatividade dos participantes não seja tolhida. Entretanto, algumas vezes os próprios participantes julgam suas ideias antes de proferi-las, visando evitar as más ideias ou àquelas que possam diminuir os Status Quo do interlocutor. Assim, o óbvio ululante é sumariamente esquecido!

Referências

ArcoWeb, 2013. Arranha-céu espanhol é construído sem elevador. [Online]
Available at: http://www.arcoweb.com.br/noticias/arranha-ceu-espanhol-construido-sem-elevador.html
[Acesso em 18 08 2013].

El País, 2013. El País. [Online]
Available at: http://economia.elpais.com/economia/2013/07/20/actualidad/1374340685_911593.html
[Acesso em 20 08 2013].

Significados, n.d.. Significados. [Online]
Available at: http://www.significados.com.br/ululante/ [Acesso em 12 09 2013].

Wikipédia, 2013. Elevador. [Online]
Available at: http://pt.wikipedia.org/wiki/Elevador [Acesso em 20 08 2013].

 

Sobre o Colunista: 

Paulo Roberto Cid Loureiro, PMP, Prince2 Practitioner, com mais de 15 anos de experiência em gerenciamento, é engenheiro eletricista formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e cursando o Mestrado em Gerenciamento de Projetos com ênfase em Óleo & Gás na Universidade de Liverpool. É instrutor em Gerenciamento de Projetos e Oracle Primavera e colunista do PMKB. Hoje atua como consultor de planejamento para a Petrobras.

E-mail de contato: paulo.cid@qetcprojetos.com

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Paulo Cid disse:

    Zoppa,

    Obrigado!!!! E o cachorro com dois donos também pode ficar gordo demais!!! rsrsrss

    Abraços,

    Paulo Cid

  2. Paulo Cid disse:

    Renê,

    Obrigado!! Está muito divertido contribuir!

    Abraços

    Paulo Cid

  3. Perfeito, Paulo!
    Você foi ao ponto. Como dizia um amigo: “O óbvio só é óbvio depois de dito!”. Também temos a máxima “cachorro de dois donos morre de fome”; ou o conhecido “deixa que eu deixo”.
    Por essas, e por outros, que é importantíssimo a formalização dos processos de gestão de mudanças.
    Forte abraço!

  4. Renê Ruggeri disse:

    Muito legal o artigo, Paulo. Leve. com conteúdo e bem escrito. Show de bola!

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