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O Sexto Sentido, um texto viral e uma armadilha em projetos

Publicado em 11/05/2017

Mesmo quase vinte anos após seu lançamento, ainda há um pequeno risco de assumir como premissa que todos já tenham assistido O Sexto Sentido. Portanto, caso esteja elencado(a) na curta lista dos que não viram, pare de ler este texto agora, volte para o planeta Terra e confira este megassucesso. Depois volte aqui.

Poster do filme

O Sexto Sentido é um excelente suspense que pegou as plateias de surpresa. Primeiro, porque não estava no radar de ninguém um filme de tamanha qualidade, escrito e dirigido por um desconhecido indiano naturalizado americano. Segundo, porque ele realmente tem um final que surpreende. Como já é notório, a grande revelação é que o próprio psicólogo, encarregado de ajudar o menininho que vê pessoas mortas, está morto desde o início do filme. E funciona tão bem porque ninguém (ou quase ninguém) descobre isto durante a projeção, mesmo estando lá todas as dicas, debaixo do nariz de todos. O público parte do pressuposto de que se o personagem de Bruce Willis é o principal e está ali andando e (aparentemente) interagindo, ele está vivo. E daí, presos às suas convicções, fica difícil enxergar o óbvio.

E por falar em óbvio, há algumas semanas o seguinte texto ‘viralizou’ nas redes sociais e aplicativos de comunicação:

“Pai e filho sofrem um acidente terrível de carro. Alguém chama a ambulância, mas o pai não resiste e morre no local. O filho é socorrido e levado ao hospital às pressas. Ao chegar no hospital, a pessoa mais competente do centro cirúrgico vê o menino e diz: ‘Não posso operar esse menino! Ele é meu filho!’.

Qual a explicação para isto?”

Dentre as suposições mais comuns estavam: a) o médico é o pai biológico e o acidentado era o pai adotivo; b) trata-se de um menino com dois pais, um casal homossexual; e c) o menino é fruto de uma relação extraconjugal da mãe. Mas, assim como em O Sexto Sentido, a explicação mais simples passa despercebida. E, não, o médico não estava morto desde o início do texto. A questão é que em nenhum momento é dito que “a pessoa mais competente do centro cirúrgico” era um homem. Isto é um pressuposto que a grande maioria das pessoas decide assumir. Não é mais óbvio que a mãe do menino seja uma cirurgiã bem-sucedida?

Claro que, circulando no Dia Internacional da Mulher, este texto foi sabiamente utilizado para estimular discussões em torno de quão enraizado o machismo está na sociedade. Mas, ele também expõe uma armadilha que pode ser prejudicial aos projetos: as premissas.

Sejam conscientes, inconscientes, baseadas em observação, experiência, convicção ou desejo, todas as pessoas estabelecem premissas no dia-a-dia. E a maioria delas é necessária e benéfica para o bom desenrolar das atividades. Porém, no ambiente corporativo a questão é um pouco mais complicada. Afinal, decisões podem ser tomadas e ações disparadas com base em premissas irreais. Premissas essas que, não raramente, podem sequer ter sido comunicadas ou documentadas.

Premissas comuns variam de pressupor quem são os responsáveis por determinadas tarefas ou áreas, a presumir prazos ou custos menores do que são de fato. Mas, podem também estar relacionadas a coisas menos corriqueiras e seus efeitos podem escalar a patamares irremediáveis. Assim, as premissas não podem ser subestimadas. Precisam ser estudadas, registradas e, principalmente, compartilhadas (quando, normalmente, acabam recebendo retroalimentação para um novo estudo e registro).

                                                 Trailer do filme

 

Antes de sair planejando e até mesmo executando etapas de um projeto é preciso dar uma atenção especial às premissas que estão sendo assumidas como verdade. E não apenas no início, como já ditam as melhores práticas. Seja confiando que a engenheira de segurança estará disponível em julho, seja determinando inconscientemente que apenas homens são médicos competentes ou que todo protagonista tem que estar vivo nos filmes, novas premissas podem surgir a qualquer momento, para qualquer assunto.

 

jose_roberto

Sobre o Colunista:

José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema. E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Marcos antonio Almeida disse:

    Excelente texto, pois chama a atenção para os possíveis ruídos que são encontrados nos conceitos preestabelecidos e por outras inúmeras questões; sou um amante de cinema e logo no inicio deste filme me dei conta do que se tratava, porém ao me deparar com o texto sobre o acidente do “pai e filho” fui sequestrado pela ignorância social já “enraigada”. Nunca mais farei um projeto sem me atentar as premissas que não somente podem me levar ao erro bem como levar ao mal entendimento daqueles a que se destina.

    MARCOS ANTÔNIO DE ALMEIDA
    UNA/BH

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