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Ser ou não ser um especialista técnico? (continuação)

Publicado em 17/02/2014

Ser ou não ser um especialista técnico? Eis a questão – continuação.

Para dizer a verdade a vocês, amigos leitores, eu não tive muita opção a não ser escolher dar continuidade ao assunto do último artigo, nessa semana. Como eu previa, o assunto é bastante polêmico e despertou a atenção e o interesse geral.  O meu convite para uma reflexão sobre o tema – os profissionais envolvidos com o gerenciamento de projetos devem, ou não, ser especialistas técnicos? – foi aceito por vários leitores que enviaram seus comentários e opiniões.

No total, considerando todos os meios de divulgação (o site do PMKB, listas de discussão e grupos do Likedin) e formas de manifestação dos leitores (comentários no PMKB, nos grupos de discussão e e-mails) tivemos, até o momento em que fechei o levantamento no dia 12/02 (isso mesmo, deixei para escrever esse artigo na última hora para receber a maior quantidade de comentários possível) 27 comentários.

Classifiquei os comentários em quatro categorias, tomando como base a pergunta: os profissionais envolvidos com o gerenciamento de projetos devem, ou não, ser especialistas técnicos? A classificação, bem como a quantidade de comentários por cada uma delas, pode ser vista na tabela abaixo.

Sem título

Como vocês podem ver quase 50% dos leitores que emitiram sua opinião, consideram que o Gerente de Projetos e profissionais envolvidos com o gerenciamento não devem ser especialistas técnicos. Para outros 30% dos leitores, depende de situações que envolvem o desenvolvimento do projeto e o ambiente no qual ele está inserido. Esse número é bastante expressivo e vai de encontro à tendência do mercado e da especialização dos profissionais envolvidos com o gerenciamento de projetos.

Um dado bastante interessante, que vale ser mencionado, é a influência da área de atuação do profissional em sua opinião. Pelas características dos meios onde o artigo foi divulgado, a maioria das opiniões veio de profissionais envolvidos em projetos de engenharia e construção, seguidos por profissionais de TI, de negócios e do mercado financeiro. Os profissionais de TI tendem a considerar que a especialização técnica do Gerente de Projetos é importante e, às vezes, essencial ao desenvolvimento do projeto. Os profissionais envolvidos em projetos de engenharia tendem a considerar o conhecimento nos processos de gerenciamento mais importante que a especialidade técnica, por mais interessante que isso possa parecer.

A seguir listo alguns argumentos citados nos comentários para embasar a posição dos leitores. Não me preocupei em transcrevê-los literalmente, pois há vários que são comuns a mais de um leitor, outros tem a mesma ideia central, e não seria justo transcrever uns e não outros.

Argumentos que suportam a posição – deve ser técnico:

  • ele é responsável pelo resultado técnico do projeto;
  • ele precisa do conhecimento técnico para verificar a execução do projeto. Exemplo: como um analista de sistema vai verificar a execução de uma estrutura de concreto?;
  • se ele não for técnico, precisará confiar plenamente na sua equipe técnica;
  • sendo técnico, o gerente do projeto consegue influenciar o desenvolvimento do projeto, diminuindo prazos através do uso de argumentos para discutir estimativas fornecidas, tem um melhor entendimento do que foi solicitado, e pode validar as entregas quanto à sua aderência aos objetivos do projeto;
  • em momentos de crise pode propor soluções cabíveis e palpáveis;
  • seu conhecimento técnico permite um posicionamento frente ao cliente para argumentação e demonstração de capacidade técnica.

Argumentos que suportam a posição – depende:

  • do tipo e mercado em que o projeto está sendo desenvolvido;
  • do tamanho do projeto;
  • do tamanho da equipe do projeto;
  • do objetivo do projeto;
  • da maturidade em gerenciamento de projetos da organização que está patrocinando e/ou desenvolvendo o projeto.

Argumentos que suportam a posição – não deve ser técnico:

  • ele é responsável pelo sucesso do projeto – entregar o escopo no prazo, custo, com a qualidade e benefícios esperados pelos stakeholders;
  • deve ser especialista em gerenciamento e não na parte técnica do projeto;
  • deve ter uma equipe de profissionais técnicos experientes e capazes para suportá-lo nos assuntos técnicos;
  • em projetos grandes e complexos ele não será especialista em todas as áreas técnicas envolvidas, portanto seu conhecimento técnico não será relevante.

Esses são apenas alguns argumentos que retirei dos comentários dos leitores. Para cada um deles há contra argumentos que podem sustentar uma posição contrária. Uma conclusão, longe de ser definitiva, que podemos tirar da análise dos números apresentados é que realmente o mercado de Gerenciamento de Projetos está amadurecendo no Brasil, ao ponto de 78% dos leitores que se pronunciaram considerarem que o conhecimento técnico do Gerente de Projetos não é um fator determinante do seu sucesso.

Porém ficou claro para mim, ao ler os comentários, que cada leitor baseou seus comentários unicamente na sua experiência, no seu mercado de atuação e até na organização em que atua. Considero que essa discussão, pela amplitude de atuação do Gerente de Projetos em mercados e áreas diversas, pode ser ampliada para fora dos limites do nosso dia a dia. Convido vocês, amigos leitores, após tomarem conhecimentos desses números e de opiniões e argumentos distintos, a fazerem uma nova reflexão sobre o assunto. Tomar conhecimento de pontos de vistas diferentes sobre o mesmo assunto, pode nos ajudar a ter outra abordagem e a ver outros ângulos que não havíamos notado anteriormente.

Além disso, procure ir um pouco além dos limites da sua atuação e pense no gerenciamento de projetos de uma forma mais genérica, incluindo projetos em outras áreas como política, financeira, novos negócios, mudanças organizacionais, etc. Você, como Gerente de Projeto, aceitaria um desafio para “tocar” um projeto em uma dessas áreas? Porque sim? Porque não?

Boa reflexão e ótima semana a todos!

alexandre_zoppa

Sobre o Colunista: Alexandre Zoppa, PMP, SpP, com mais de 15 anos de experiência em gerenciamento, é engenheiro eletrônico formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP e com aperfeiçoamento em Gerenciamento de Projetos pela George Washington University. É instrutor em Gerenciamento de Projetos e colunista do PMKB. Hoje atua como coordenador de planejamento Arcadis Logos. Já foi PMO na Ambev e Líder de Planejamento na ABB S.A., entre outras.

E-mail de contato: alexandrezoppa@yahoo.com.br;

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Mirleno Rocha disse:

    Acredito que o Gerente de Projetos não deve ser um especialista técnico, mas deve possuir na equipe especialistas técnicos que realmente conheçam de projetos e suas disciplinas envolvidas, além de conhecer amplamente sobre o assunto. O Gerente de Projeto também deve estar integrado com todas as disciplinas e realizando o acompanhamento do escopo do projeto junto aos seus especialistas, para que realmente o projeto se concretize de acordo com seu escopo. O termo especialista técnico fica muito subjetivo a uma única especialidade e não se adequa a um gerente de projetos, na minha opinião. Ele poderá ater assumir a gerência de um projeto, mas deverá atuar com uma visão ampliada sobre todo o processo e se comportar como um gestor e não uma única especialidade do projeto.

  2. Alexandre Zoppa disse:

    Luiz Fernando,

    Concordo com você.

    No meu próximo artigo, exponho minha posição com clareza.

    Obrigado pelo comentário que agregou muito à discussão.

    Abraço,

  3. Luiz Fernando disse:

    Concordo que é um diferencial para o Gerente de Projetos se ele for também especialista técnico, porém um profissional mais adequado eu acredito que seja aquele que é especialista no gerenciamento, senão muitas vezes acaba que o Gerente de Projetos ao invés de ser um especialista em gerenciamento, vira um generalista em multitarefas, não atuando com vigor máximo no papel de Gerente de Projetos.

  4. Pessoal,

    Obrigado pelos comentários. No artigo dessa semana, publicado ontem aqui no site, e coloco minha opinião sobre esse assunto.

    Espero que vocês o leiam, gostem e façam seus comentários.

    Abraços

  5. posgrad10 disse:

    Para responder aos desafios globais, existe um perfil de formação necessário, que obviamente não é apenas técnico. Esse modelo de formação apenas técnica gera interações inconsistentes do profissional com o mercado. Uma formação mais global é o desejável sobretudo pelas diferentes interações do executivo. Diversas pesquisas apontam para a diferença de perfil dos egressos que passam por este modelo de formação.

  6. Marcelo Magalhães disse:

    Pessoalmente acho que o gerente do projeto deve ser sim conhecedor do que está gerenciando, não um especialista, o qual normalmente é um profissional mais dedicado a parte “técnica” do que a gestão. Alexandre, acho que na sua pesquisa você deveria adicionar duas perguntas básicas que pode mudar o resultado da sua análise. As pergunta seriam: Qual a sua formação superior? e Você gerencia projetos com afinidade da sua área de formação? Digo isso pois hoje temos muitos profissionais formados em Administração de Empresas ou TI que estão “migrando” para a área de gestão de projetos que não da sua área de formação. Para estes profissionais a resposta natural é que o GP não deve ser especialista na área do projeto, pois eles mesmos não o são e seria como atirar no próprio pé caso respondessem que deve.

  7. Odair Ramos Santos disse:

    O Gerente de Projeto, tem que ter uma visão geral do seu escopo multidisciplinar, sendo assim sua base de apoio deverá ter varios profissionais com conhecimentos especificos da sua pasta de trabalhos.

  8. Vinícius Chaves disse:

    Ter conhecimentos técnicos pode ser um diferencial em alguns momentos mas não é essencial, haja visto que essa questão é facilmente resolvida tendo um profissional com conhecimentos técnicos (team leader) que será sua interface entre equipe e o gerente. Em minha opinião não precisa ser técnico.

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