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Será a obra uma grande linha de produção?

Publicado em 19/05/2014

Já a um bom tempo os profissionais da área de construção civil buscam realizar a integração de seus processos com metodologias de gerenciamento nascidas no interior das linhas de produção. PERT/CPM, Diagrama de Gantt e Lean Construction são apenas alguns dos exemplos.

A ideia, em tese, é excelente, pelo fato de buscar a otimização na realização de atividades, a partir de conceitos sistêmicos. No entanto, a despeito disso, nem sempre as metodologias são bem aceitas ou assimiladas em um nível no qual os resultados obtidos justifiquem a utilização.

A pergunta que paira diante desse contexto é: Se as técnicas funcionam tão bem em linhas de produção e são a base dos processos empregados, por que o mesmo não ocorre na construção civil, que a princípio é um grande conjunto de ciclos produtivos?

Peculiaridades da construção civil

A construção civil é um indústria peculiar em diversos aspectos. Não se pode negar que a mesma possui particularidades que criam um verdadeiro abismo entre a realização de suas atividades e o desenvolvimento de processos em uma linha de produção.

Apenas para entendermos melhor o que torna o setor tão complexo, vejamos aquilo que o distancia da maioria dos demais:

Produto exclusivo: Por mais que duas edificações sejam obtidas a partir de uma mesma planta, cada construção é diferente da outra por diversos aspectos. Como a maioria das atividades não é sistematizada, a rotatividade de mão de obra é relativamente grande e a própria posição/localização transmite características particulares ao produto, é quase impossível se obter duas unidades idênticas ou com diferenças desprezíveis.

Influência do ambiente de execução: O ambiente possui grande impacto sobre os projetos da construção civil. As condições dificilmente podem ser controladas, como na maioria das linhas de produção e fatores como o clima, o solo e mesmo a localização (questão logística) influenciam fortemente no resultado obtido.

Esforço temporário: Desenvolver um projeto de construção civil, basicamente, envolve a reunião de profissionais de especialidades distintas, geralmente coletados no local de execução da obra e que, em muitos casos, jamais trabalharam juntos. Isso dificulta a transferência de experiências, reduzindo o ganho representado pela curva de aprendizado, o que ocorre principalmente em Organizações que possuem poucas obras em locais muito distintos.

imagem - produção

Muitos outros aspectos poderiam ser citados, porém esses 3 são os primários e dão origem a quase todos os outros. Sendo assim, a construção civil é uma indústria que dificilmente lida com condições precisas de desenvolvimento das atividades.

Condições extremas exigem metodologias extremas

As características citadas fazem da construção civil uma das indústrias mais complexas de se administrar. Por mais que apresente muitas características sistêmicas na realização de suas atividades, vários fatores contribuem para que ela possua um perfil completamente distinto do encontrado em uma linha de produção de qualquer tipo.

Buscar a mera transposição das técnicas e metodologias e esperar que funcione é ingenuidade. Além de lidar com restrições e com a busca na qualidade dos resultados, como na Engenharia de Produção, a Engenharia Civil ainda tem de lidar com as correlações entre os diversos processos que compõem o todo e com uma influência bem maior do fator humano em cada tarefa desenvolvida.

Sendo assim, a aplicação de conceitos produtivos, dentro da indústria da construção, tem de estar voltada tanto para os pacotes de serviços menores, que possuem um perfil semelhante ao das linhas de produção, como fundação, alvenaria e estrutura, quanto à interface entre os mesmos, aliviando tensões e articulando todos de maneira lógica.

De tal forma, um sistema produtivo tão dinâmico, obviamente exige formas de gestão dinâmicas. Não adianta se basear em técnicas que levavam em conta processos repetitivos e em escala muito inferior. É preciso aplicar cada uma delas com bom senso de forma adequada a cada caso. Mesclar metodologias pode ser um caminho.

O importante é que o gerente deve estar ciente que o seu papel é desenvolver o projeto em um contexto de constante mutabilidade. Isso exigirá flexibilidade e uma análise cuidadosa daquilo que pode se tornar obsoleto da noite paro o dia. A construção civil possui um nível de dinamismo que não permite o comodismo jamais, de maneira que cada método deve ser aplicado com um nível de manejo que permita a adaptação constante.

bruno_augusto

Sobre o Colunista: Bruno Augusto, estudante do Curso de Engenharia de Produção Civil no CEFET MG. Trabalha há 3 anos como Assistente de Engenharia em Planejamento e Controle de obras de galpões industriais, na empresa SGO construções. Na área de construção, também já atuou com controle tecnológico de concreto e execução de obras prediais. Técnico em Química formado pelo CEFET MG, trabalhou por 1 ano e meio como Inspetor de qualidade em uma indústria da Coca Cola Company. Criador e idealizador do blog A Engenharia em Foco:  http://aengenhariaemfoco.blogspot.com.br.

E-mail de contato: brunosilva.civil@gmail.com

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