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O líder de projetos precisa ter e demonstrar autocontrole

Publicado em 11/06/2014

O autocontrole ou auto gerenciamento é uma abordagem sistemática e disciplinada para se dar conta do trabalho diário, dos requisitos que mudam, e para se lidar com situações estressantes.

O gerente do projeto é responsável em reconhecer os níveis de estresse na equipe e tomar as medidas apropriadas para evitar qualquer situação que possa sair de controle. Onde há uma perda do autocontrole, o gerente do projeto precisa tomar as medidas apropriadas com o indivíduo em questão e, ao mesmo tempo, manter o seu próprio autocontrole.

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Figura 1: Estresse no trabalho
Fonte: jbmoura.com, 2012

O uso eficaz dos seus recursos leva a um gerenciamento bem-sucedido da sua vida e a um equilíbrio apropriado entre trabalho, família e o tempo de lazer. O estresse pode ser gerenciado sistematicamente com o conhecimento, a experiência e os métodos apropriados. O gerente do projeto é responsável pelo seu autocontrole, pela maneira com que ele exerce o autocontrole no trabalho em equipe, e pelo autocontrole dos membros da equipe.

A medida em que os anos vão passando, o nosso ritmo de vida está cada vez mais estressante. O transito está cada vez mais caótico, cobranças e responsabilidades cada vez mais crescentes no trabalho, um mercado de trabalho altamente competitivo, que nos obriga a uma corrida por constante aquisição de conhecimentos, etc.

Não temos tanto tempo livre, quando nos comparamos a nossos pais e avós. Educação continuada, jornadas de trabalho extensas, congestionamentos de transito, são exemplos de fatores que contribuem para esta falta de tempo livre.

Aliado a estes fatores, frequentemente por falta de opção ou as vezes tempo, nos surpreendemos realizando refeições não saudáveis. Atualmente é comum encontrar pessoas trabalhando ou estudando durante o horário do almoço, negligenciando a mais importante refeição do dia.

Esta combinação de fatores é uma receita certa para que tenhamos um colapso físico e mental. A hipertensão arterial é um disfunção que pode ser causada tanto por uma alimentação inadequada quanto por fatores de estresse. O desgaste mental ocorrido durante uma jornada de trabalho muitas vezes atrapalha o convívio familiar, seja no fim do dia ou no final de semana, ao não termos energia, disposição ou humor para brincar, conversar, passear.

Algumas ações podem ser realizadas com o intuito de minimizar os níveis de estresse como ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas, esportes ou artes marciais, empregar técnicas de meditação e/ou relaxamento, aumento da quantidade de horas de sono, hobbies, etc. Algumas ações podem requerer acompanhamento de um profissional especializado, de forma a evitar efeitos colaterais indesejados ou garantir uma aprendizagem correta.

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Figura 2: Ações para minimizar o nível de estresse
Fonte: beyondcareersuccess.com, 2013

Frequentemente vemos pessoas em situações em que fortes sentimentos ultrapassam a razão, julgamento e consequências, a ponto de cometerem reações descabidas em relação a pequenos desentendimentos. Crimes no transito ou a famosa cabeçada proferida pelo jogador de futebol Zidane são exemplos disto. Daniel Goleman em seu livro intitulado Inteligência Emocional, utiliza o termo sequestro emocional para descrever estes momentos.

Para evitar situações como esta, uma pessoa precisa ter consciência de seus próprios estados emocionais, permitindo expressar de forma adequada seus sentimentos ou conscientemente suprimi-los. O autoconhecimento nos possibilita gerenciar nossas respostas emocionais, evitando por exemplo que uma emoção ruim se transforme em um ato impulsivo, a partir de uma percepção prévia desta emoção.

Em 1955, Joseph Luft e Harrington Ingham criaram uma ferramenta conceitual, para auxiliar nos relacionamentos em grupo e no entendimento da comunicação interpessoal. Entretanto, a ela pode ajudar uma pessoa a se conhecer. Nesta ferramenta, denominada janela de JoHari, são apresentados 4 quadrantes, onde os aspectos de uma pessoa são agrupados , em função do conhecimento ou não destes aspectos pela própria pessoa, bem como por outros que a cercam.

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Figura 3: Janela de Johari
Fonte: Motivo.me, 2011

O primeiro quadrante, denominado “Eu Desconhecido”, contêm aspectos que de uma pessoa que nem ela mesma e nem os outros conseguem perceber. Sejam motivações inconscientes, razão de medos ou limites pessoais.

No quadrante “Eu Cego” estão aspectos da pessoa que ela mesma não tem consciência, mas os que estão ao seu redor sim. Estão incluídas neste agrupamento alguns defeitos ou virtudes, a forma como se relaciona com os outros ou como fala.

No terceiro quadrante, “Eu Escondido”, estão aspectos da pessoa que ela guarda para si, não partilhando com os outros. Nele se encontram segredos, vivências, sentimentos e alguns conhecimentos adquiridos.

Por último, no quadrante “Eu Conhecido”, está tudo o que uma pessoa conhece sobre ele mesma e partilha com os outros. Como exemplos podem ser mencionados forma de trabalhar, opiniões, características pessoais mais notórias e comportamentos em público.

Os aspectos agrupados no quadrante “Eu Cego” podem ser descobertos pela solicitação de feedback às outras pessoas, como avaliações 360º, por exemplo. Já os aspectos do “Eu Desconhecido” são os mais difíceis de se conhecer. Para que estes possam se manifestar, é necessário que a pessoa seja submetida a emoções ou situações inéditas. Viagens a locais desconhecidos, prática de esportes ainda não experimentados, cursos de teatro ou canto são alguns exemplos de ações que podem ajudar a explorar o que está oculto neste quadrante.

Atualmente, muito se comenta sobre resiliência, que consiste na habilidade de um indivíduo em se recuperar de traumas, perdas e adversidades. Este termo, que foi apropriado pela psicologia, é oriundo da engenharia, onde corresponde à capacidade e tempo em que um material leva para se recompor, após cessada a força causadora de deformação.

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Figura 4: Resiliência
Fonte: Saude.ig.com.br, 2011

Ações sugeridas

Algumas ações podem ser realizadas objetivando um autocontrole maior e mais efetivo. Por exemplo, analisar a situação estressante, mais especificamente onde e por que ocorre o estresse e a perda do autocontrole. Outra opção seria analisar o seu comportamento de trabalho e determinar o que faz com que você fique estressado e perca o autocontrole.

Também é possível fornecer fontes adequadas (aptidão e capacidade) para a equipe do projeto bem como executar uma análise dos pontos fortes e fracos da equipe e fazer com que os indivíduos estabeleçam as suas metas.

Outras opções são identificar as ações para reduzir o estresse; comunicar aberta e honestamente com as pessoas envolvidas para se reduzir os níveis de estresse; compartilhar algumas das suas responsabilidades e tarefas; delegá-las com a autoridade apropriada para desempenhar o trabalho; ser bem-organizado e demonstrar comportamentos apropriados.

Por fim, aprender com as situações estressantes e de perda do autocontrole; usando este conhecimento para minimizar o impacto de situações futuras.

Tópicos relacionados

Importante salientar que o autocontrole possui forte relação com outros tópicos como Atitude com relação ao trabalho, Equilíbrio e prioridades, Modelos mentais, Auto gerenciamento, Trabalho em equipe, Gerenciamento do tempo e Trabalhando sob estresse.

Padrões Comportamentais

A seguir são apresentados exemplos e contraexemplos de comportamentos adequados em relação ao autocontrole.

Comportamentos adequados Comportamentos que requerem aperfeiçoamento
Controla as emoções; é muito difícil começar a sentir-se frustrado. Demonstra sentimentos muito instáveis; irritadiço e irracional; perde frequentemente o autocontrole.
Reage positivamente a críticas construtivas; reage calmamente a ataques pessoais; perdoa. Ofende-se ou indigna-se com críticas; reage a ataques agressivamente; reage emocionalmente de uma maneira descontrolada com frequência; ressente-se com os outros.
É capaz de comentar problemas na equipe; facilita os debates. Ignora os conflitos; não está ciente do que acontece informalmente; incita dissensões.
Apoia argumentações construtivas na equipe; sempre se esforça para alcançar um consenso. Negligencia os conflitos, usa o poder, destrói as posições contrárias, subordina os outros.
Fala aberta e honestamente sobre as suas próprias situações de estresse como também as dos outros Não admite o estresse e não leva os sintomas a sério
Equilibra o trabalho e a vida particular É viciado no trabalho; somente olha para o trabalho; negligencia sua vida particular.

Tabela 1: Exemplos e contraexemplos de comportamentos adequados em relação ao autocontrole

Referências Bibliográficas:

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Sobre o Colunista: Eng. Alysson Ribeiro das Neves, Gestor, consultor, professor, palestrante. MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, Eng. Eletrônico e Telecom. pela PUC/MG. Certificados PMP, PMI-ACP, CAPM, CSPO e CSM. Experiência de 16 anos, obtida em atividades como desenvolvimento para TI e TA, gerenciamento de projetos, programas e portfólio.

E-mail de contato: alysson.r.n@hotmail.com

Contexto: este artigo e outros fazem parte do material sobre Gerenciamento de Projetos: Desenvolvendo Competências Técnicas e Comportamentais da Saletto Engenharia de Serviços.

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