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Aplicando o Método de Caminho Crítico (Critical Path Method) na Engenharia para defesas de Pleitos

Publicado em 10/06/2016

RESUMO

Este artigo se propõe a elucidar a prática recomendada 45R-08 da norma da AACE, Association for the Advancement of Cost Engineering. Obras e projetos estão no cotidiano de muitos engenheiros de diversas áreas, sendo que cada vez mais estes profissionais são levados a alcançar metas maiores e superar novos desafios. Uma obra, ou um projeto de engenharia, é sempre algo muito dinâmico e muitas vezes as alterações dos projetos impactam significativamente nos custos orçados no empreendimento e consequentemente nas projeções dos lucros dos clientes finais. A fim de mapear e entender melhor estes problemas foi criado o método de análise do caminho critico (CPM ou Critical Path Method) que identifica a sequência de atividades na qual, caso uma delas atrase, todo o projeto estará atrasado, além de analisar quanto cada atividade poderá impactar no prazo final da obra, em outras palavras, evidencia a sequência das atividades que não tem folga no cronograma. O monitoramento destas atividades críticas poderá ser utilizado em defesas de solicitações de pleitos nos empreendimentos.

Caminho Crítico

INTRODUÇÃO

A Association for the Advancement of Cost Engineering (AACE) desenvolveu uma RP (Prática recomendada) nº 45R-08: Scheduling Claims Protection Methods para servir como guia para as equipes de planejamento de projeto que possuem uma visão geral de temas relacionados a atrasos do cronograma, bem como as diversas práticas e procedimentos que devem ser considerados ao desenvolver e gerenciar o cronograma do projeto.

Atrasos no cronograma de projeto ou de obras podem ocorrer independentemente dos esforços envolvidos, porém, quando isso acontece, resulta em uma NC (não conformidade) não prevista no empreendimento ou em contrato causando prejuízos para as empresas. Para evitar o prejuízo das partes envolvidas (contratantes e contratadas) foram criadas ferramentas para apurar os desvios econômicos financeiros dos projetos (Pleitos), que objetivam reivindicar valores de serviços realizados em decorrência das mudanças ocorridas no cronograma. Estas mudanças ocorrem por causa de alterações de escopo, problemas no projeto, problemas de logística, além de outros tipos de problemas não mapeados anteriormente que podem fazer parte do contexto no qual o empreendimento está inserido. Através da implementação de processos e de procedimentos, o cronograma pode ajudar a mapear o mais breve possível as disputas envolvendo estes pleitos, sendo que isto também implica que quanto mais preciso for o seu cronograma mais rápido estas disputas poderão ser demonstradas e consequentemente resolvidas.

CPM – O CAMINHO CRITICO

Umas das metodologias utilizadas para o acompanhamento e planejamento da obra, e também para ajudar na solução dos pleitos é chamada CPM ou Método do caminho crítico.

O caminho crítico dentro de um cronograma define qual o conjunto de tarefas que, vinculadas umas as outras, não tem margem de atraso. Sabe se que uma tarefa é crítica quando a tarefa não possui uma margem no cronograma sem alterar a data final do projeto. Em outra definição, o caminho crítico é a sequencia de atividades que devem ser concluídas nas datas certas para que o projeto termine dentro do prazo final. Um projeto que estende depois do prazo final indica que no mínimo uma das atividades do caminho crítico não foi concluída na data estipulada. Por outro lado, um projeto pode ter uma série de atividades que foram concluídas com atraso e mesmo assim terminar dentro do prazo final. O Método do caminho critico (CPM) tem o objetivo de minimizar o tempo da duração total do projeto, e com isso também fornece informação para poder criar um plano de projeto que irá atender as tarefas mais críticas do cronograma.

O CPM é uma ferramenta multifuncional que atende as seguintes propostas:

  • Planejamento do projeto e comunicação;
  • Monitorar o andamento do projeto e alertar a equipe sobre possíveis mudanças;
  • Avaliar os impactos causados nos cronogramas e criar alternativas para resgatar tempo caso o impacto for grande;
  • Prever o tempo necessário para completar o projeto e alertar a equipe de projeto para a eventual necessidade de acelerar ou desenvolver planos para recuperação do cronograma;
  • Fornecer um histórico do que aconteceu durante o desenvolvimento do projeto, ou após a finalização do mesmo.

Lembrando que para esta ferramenta funcionar na qualidade que se espera, sempre se faz necessário um comprometimento do responsável pelo planejamento com as boas práticas de elaboração do cronograma do projeto ou da obra. Além disso, todos os marcos de entrada do cronograma, que dependem de atividades oriundas de clientes e fornecedores, e que possivelmente causem interferências no andamento do cronograma, deverão ser evidenciados e fazer links de predecessão e/ou sucessão com as respectivas atividades que poderão ser impactadas no caso de atraso ou de adiantamento.

ENTENDENDO OS ATRASOS

É importante para o planejamento entender os riscos em potenciais dos contratos que são relacionados a atrasos. O cronograma deve ser desenvolvido, gerenciado e controlado sabendo destes potenciais riscos, e também sabendo dos potenciais pleitos que podem ser levantados. O planejamento deve ler e entender completamente o contrato pois ele contém inúmeras variáveis que podem impactar o seu cronograma. Quando revendo o contrato algumas questões legais devem ser levantadas para serem consideradas no cronograma

  • Risco de alocação em contratos de construção
  • Responsabilidade pela mitigação de atrasos, independente da fonte
  • Formato para disputa de resolução
  • Notificação por escrito
  • Documentação do projeto

 

UTILIZANDO A METODOLOGIA PARA DEFINIR RESPONSABILIDADES

Adicionalmente ao que é mencionado na prática recomendada pela AACE, é importante ressaltar que a metodologia do caminho crítico, além de preventiva, pode ser utilizada para definição de responsabilidades quando o desvio (pleito) já ocorreu.

Uma vez identificado a necessidade de extensão do prazo do projeto, faz-se necessário definir as responsabilidades pelos atrasos e por consequência dos custos vinculados. Uma das metodologias utilizadas no mercado busca mapear todos os eventos e impactos ocorridos nas atividades que compõe o caminho crítico, atribuindo (em dias ou percentual) responsabilidades tarefa a tarefa. Após apurados as concorrências nos impactos (cartas, atas, notificações, entre outros), quantifica-se os custos com o prazo extra da obra, os quais são divididos entre as partes de acordo com cada parcela de “culpa”.

CONCLUSÃO

Não sendo intuito deste trabalho esgotar o tema, há de se reconhecer que a ferramenta do caminho crítico é mais do que indicada, ela é fundamental para o planejamento de qualquer projeto ou obra. Não somente para a elaboração do planejamento, mas também para o acompanhamento, para a mitigação de pedidos de ressarcimento (pleito), repactuações futuras e definição de responsabilidades.

Entretanto, mapear os impactos é somente o primeiro passo para um trabalho preventivo. É de suma importância definir um plano exequível para recuperação dos atrasos identificados, negociando com as partes envolvidas os ajustes necessários, para evitar que os pleitos tomem proporções incompatíveis com o Projeto.

 

REFERÊNCIAS 

  • AACE® International, Scheduling Claims Protection Methods, 45R08. June 2009;

Artigos_pmkb

Sobre os Autores:

Breno Rossi; Graduado em Engenharia Mecânica pela PUC-MG, com formação técnica em Mecânica pelo CEFET-MG. Atuação em diversas empresas ligadas a projetos na área de mineração, siderurgia, petroquímica e agronegócio. E-mail: braviross@hotmail.com

David Fernando de Carvalho; Graduado em Engenharia Mecânica pela UFU. Atuação em  empresa de projetos industriais na área de mineração, siderurgia, petroquímica e agronegócio. E-mail: davidufu@gmail.com

Agnaldo Rocha; Engenheiro Civil, pós graduado em Gestão de Projetos e Negócios. Experiencia nas áreas de suprimentos, engenharia e implantação de projetos de mineração e siderurgia. Email: rocha.agnaldo@uol.com.br

Contexto: Artigo apresentado como trabalho na pós graduação Engenharia de custos e orçamentos em ministrada pelo Prof. Ms. Ítalo Coutinho da turma 9 do IETEC.

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