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As dificuldades das empresas que vendem projetos

Publicado em 15/08/2013

As dificuldades das empresas que vendem projetos de Montagem Eletromecânica

Os projetos de Montagem Eletromecânica envolvem uma reconhecida complexidade, pelo volume de recursos humanos, materiais e financeiros envolvidos, e não necessariamente precisam ser Greenfield. Muitos projetos de Modernização, Reforma e Ampliação também possuem complexidade ímpar.

Não bastasse a complexidade, existem vários fatos que colaboram para dificultar a venda destes projetos, alguns destes serão aqui discutidos.

Introdução

Uma rápida avaliação da atual capacidade de investimento no Brasil, e quase que se poderia acreditar que existe algo errado com o título desse breve artigo. De fato existe uma significativa parcela, estimada em 670 milhões de reais que será 100% realizada até 2017. Todo o capital esta sendo destinada a obras de infraestruturas, e sua maioria possui ligação direta com montagens eletromecânicas.

Parece uma ótima perspectiva, correto? Não necessariamente. De forma resumida serão abordados alguns itens que colaboram de maneira negativa para viabilização e execução dos projetos de Montagem Eletromecânica.

Projetos de Montagem Eletromecânica

Como dito, existem vários fatos que não favorecem os projetos de Montagem Eletromecânica. O primeiro e mais comentado no setor é o prazo incompatível com a natureza de execução dos trabalhos. Os trabalhos nascem com uma data que não é factível, mas a necessidade de alavancar trabalhos dentro da empresa, acaba levando aos executores a aceitar essa condição, sob pena de no mínimo serem multados ao término do contrato. Por outro lado, a contratante, ainda que sabedora de que a data não é possível de ser atendida, na maioria das vezes, pressionada por acionistas, acaba por impor tal condição, mesmo sabendo do risco de não ter a data cumprida.

Quais são os possíveis desdobramentos deste tipo de cenário tão comum?

  • A Contratante irá pagar pelo preço da data não factível, pois o contratado irá considerar isso na precificação dos riscos negativos da execução do empreendimento.
  • Perda de qualidade do fornecimento, em função da incompatibilidade do prazo dos processos baseados nas melhores práticas de engenharia, e a data a ser cumprida.
  • Dependendo do clima gerado pela pressão da data a ser cumprida, poderá ocorrer uma alta rotatividade de pessoal e se o cenário for de escassez de mão de obra, o cumprimento da data fica mais comprometido.
  • Desgaste intenso entre as partes, especialmente se o escopo e os processos de execução não forem acordados em uma reunião de inicio de trabalho.

Outra grande dificuldade encontrada e que impacta negativamente os trabalhos é a inconsistência de informações entre o que é fornecido pelo Contratante e o que existe de fato em campo. Quem nunca passou pelo infortúnio de no momento crítico da montagem, olhar para a realidade existente e perceber que parte, muitas vezes relevante, não corresponde ao conteúdo do projeto? Retrabalhos, e atrasos são quase sempre inevitáveis nestes casos. Além do “as built” que compõe esse cenário de inconsistência, existe também a insuficiência de informações nos Projetos Básicos, Termos de Referências, e Especificações Técnicas, que além de prejudicarem a elaboração das propostas técnicas e comercias, levam seus vícios de pobreza de informação para a execução dos trabalhos, que muitas vezes, acaba levando o executor a desgastantes discussões de escopo e pleitos adicionais.

É inevitável não deixar de mencionar a suspensão dos trabalhos a exclusivo critério da Contratante. Muitas vezes essa suspensão apesar de embasada, até mesmo por determinação do Poder Público, acaba, na prática, se tornando um problema para as empresas de Construção e Montagem., Afinal alguns custos não são pagos, e  em alguns casos, sendo necessário que as empresas absorvam o custo da mão de obra, durante o período de suspensão, por não conseguirem alocar em outros empreendimentos.

Considerando o grande volume de interfaces nessa natureza de empreendimento, fica difícil não citar as incontáveis falhas de planejamento da Contratante ao acionar as várias empresas contratadas, que acabam gerando alocação indevida de recurso humano e material, que gera ora mão de obra/recurso ocioso, ou hora extra. Nesse momento o caro leitor já pensou na resposta: Basta cobrar por isso, afinal está previsto na cláusula xyz! Sim, essa é a resposta, mas se você lidera atividades em campo ou gerencia obras nesse mundo da Construção e Montagem, sabe que essa está longe, de ser a solução. O estresse gerado e o impacto na produtividade são apenas um dos problemas enfrentados a serem citados.

Por fim, e muito importante de serem mencionadas são as questões envolvendo as exigências relativamente a Medicina e Segurança do Trabalho. Que elas são devidas, importantes e relevantes, não existe nenhuma dúvida, mas a forma de serem cobradas, aí sim existem várias dúvidas! Ainda é muito comum que dentro de uma mesma empresa, existam várias interpretações de aplicações das Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego, por exemplo. O caso mais recente para exemplificar o exposto aqui, é sobre quando é aplicável a NR10 e o modulo SEP. Existe caso de empresas exigirem NR10 para quem está trabalhando perto de tomada! Além de cobranças indevidas, por erro de interpretação, ainda existe o problema da dubiedade de apresentação de documentos, reuniões improdutivas de segurança o que acumuladamente afetam diretamente a execução dos trabalhos.

Diante dos problemas apresentados o que fazer? Não existe fórmula de solução automática, mas os passos abaixo podem ajudar:

  1. Planejamento realista do trabalho, para somente depois fazer o mesmo se “encaixar” dentro das datas apresentadas pelo cliente. Ao fazer isso é possível enxergar quais são os pontos críticos que demandaram maior esforço para atender (ou não) ao cliente. O que acaba gerando uma janela importante de discussão com o cliente, antes da fase de execução, isto é, fase com maior volume financeiro e de recursos humanos e material alocado.
  2. Havendo muitas interfaces que afetam diretamente a sua frente de trabalho, incentive a realização de reuniões (focadas e produtivas) de discussão do cronograma, para que os recursos sejam alocados nos devidos tempos.
  3. Realização de visita técnica na etapa de elaboração da proposta técnica, mesmo que seja facultativa. É um custo que pode significar grande economia no futuro. Nem sempre é possível levantar todas as cercas, envolta do escopo, mas esse é bom começo, para no mínimo você entender a distância entre o que se precisa ser feito de fato, e o que está no papel.
  4. Ler e discutir a minuta do contrato ainda no momento de viabilidade, assim você saberá os riscos que está assumindo, e quais poderão ser precificados no momento da proposta.
  5. Ter uma pessoa especialista no tema Medicina e Segurança do Trabalho no momento da elaboração da proposta, para que todos os EPI´s, planos, treinamentos, documentos, etc sejam compreendidos,precificados e considerados na elaboração do cronograma, e se necessário, registradas as premissas consideradas.

Conclusão

Não somente os temas aqui abordados, mas tantos outros existem e dificultam a elaboração de propostas e a execução dos trabalhos relativamente a Construção e Montagem Eletromecânica. Nem todos possuem soluções fáceis, tampouco, podem ser ignorados.

A busca de solução para deixar o mercado menos “árido” precisa partir de ambos os lados, isto é Contratante e Contratado. A Contratante precisa buscar datas factíveis, gerar informações mais precisas em todos os sentidos e áreas. Já o Contratado, deve dar atenção merecida aos documentos recebidos, com leitura criteriosa, participação das visitas técnicas, visando à emissão de propostas justas e documentos consistentes ao longo de todo empreendimento.

Por fim não há de se falar em apenas problemas, afinal, onde existe problema para alguns é oportunidade de negócios para outros!

Referências

CASAROTTO Filho, Nelson. Elaboração de projetos empresariais: análise estratégica, estudo de viabilidade e plano de negócio. 1. Ed. . reimpr. São Paulo: Atlas, 2010

CHAGAS, Luiz Roberto Batista. Engenharia da construção: obras de grande porte. São Paulo: PINI, 2008. 251 p.

KERZNER, Harold. Gestão de Projetos: As Melhores Práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.

MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Administração de projetos: Como transformar ideias em resultados. 2. ed. São Paulo; Editora Atlas: 2002

Sobre a Colunista:

Shirlei Querubina é formada em Administração de Empresas pela PUC-Minas e MBA em Gestão de Projetos pela FGV. Atua há 16 anos no mercado de geração e transmissão de energia pela empresa Sinergia Engenharia e Consultoria, sendo os últimos 08 como Gerente de Projetos. Professora no Ietec-MG  nos cursos de Gestão de Projetos em Construções e Montagem, Engenharia e Custos e Orçamentos e Engenharia de Planejamento.

E-mail de contato: squerubina@gmail.com

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Celino Garcia disse:

    Parabéns pelo trabalho!

  2. Trarei novas discussões sobre estas e outras dificuldades Jorge, e conto com a sua opinião!

  3. Obrigada pelo retorno!

  4. Obrigada pelo retorno!

  5. Obrigada pelo retorno!

  6. Traduz não é mesmo?! Abordarei outras questões também que são vivenciadas, por quem atua no mercado de projetos industriais e aguardo sua opinião!

  7. victor disse:

    Shirlei, excelente artigo… Parabéns !

  8. Dorotea Bücker disse:

    Parabéns à colunista pelo excelente artigo!

  9. Jorge Rabelo disse:

    Parabéns pelo artigo!

    Traduz as dificuldades que vivenciamos na prática.

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