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Batman vs Superman e a resolução de conflitos

Publicado em 16/05/2016

A coisa está feia. Não bastassem as rivalidades futebolísticas, a polarização política, os radicalismos religiosos, os fanatismos com empresas de tecnologia, as disputas entre bois folclóricos coloridos e as intolerâncias em geral, agora até os super-heróis estão brigando entre si. Seja Homem de Ferro enfrentando Capitão América, seja Batman querendo encher o bolso de Superman de kryptonita, nem mesmo aqueles que sempre foram símbolos da paz e da justiça estão se entendendo.

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Poster do filme

O conflito entre o Cavaleiro das Trevas e o Homem de Aço é de deixar qualquer gestor abismado. Um caso lotado de elementos clássicos: individualismo; arrogância; falta de empatia; visão estratégica míope (e com alto grau de astigmatismo); baixo nível de inteligência emocional; e, acredite, faz muita diferença, pouca vontade de ser feliz. Isso sem falar na péssima, praticamente ausente, comunicação. Não existiria um confronto sequer se os dois gigantes agissem como crescidos e sentassem para um bom bat-papo. Rapidamente perceberiam que estavam com os mesmos objetivos e intenções, facilmente conciliariam suas metodologias de atuação e também enxergariam como a conversa fiada de Lex Luthor estava manipulando ambos.

Sejam nos confrontos entre os próprios heróis, entre heróis e vilões, entre personagens secundários e os roteiristas, pelo menos essa discórdia toda acaba sendo também uma oportunidade para exercitar as cinco técnicas de resolução de conflitos sugeridas pela Quinta Edição do PMBOK®:

-Forçar/ Direcionar: “Forçar um ponto de vista às custas de outro; oferecer apenas soluções ganha-perde, geralmente aplicadas através de uma posição de poder para resolver uma emergência.”

Esta parece ser a única técnica que Batman e Superman assimilaram no curso preparatório para super-heróis. Porém, a proposta é justamente que se conheça bem cada uma das técnicas e que se desenvolva a habilidade de saber identificar quando aplicar cada uma delas. Partir para o “dar um super-soco primeiro, perguntar depois” dificilmente é a melhor solução, inclusive em emergências de proporções mundiais. É preciso avaliar a situação, até mesmo para definir a melhor forma de ‘forçar/ direcionar’ antes de reagir.

– Comprometer/ Reconciliar: “Encontrar soluções que tragam algum grau de satisfação para todas as partes a fim de alcançar uma solução temporária ou parcial para o conflito.”

Injustamente conhecida no popular como “chegar num ponto em que nenhuma das partes fica satisfeita, mas pelo menos todos param de reclamar”, esta técnica é totalmente aplicável ao mundo dos super-heróis. A origem da justiça é ‘dar quantidades diferentes a pessoas com necessidades diferentes’ e não ‘dar quantidades iguais a todas as pessoas’. Porém, o ser humano tem muita dificuldade em aceitar isto. Quando se tem conflitos entre pessoas com realidades muito destoantes, encontrar solução que pareça justa para ambos os lados é uma tarefa árdua. Já quando é entre dois caras que têm identidades secretas, uniformes com capas, arqui-inimigos, cidades com alta propensão para donzelas entrarem em apuros, pouca vontade de ser feliz e mães com o mesmo primeiro nome, encontrar um ponto de acordo é bem fácil. Inclusive, é bem que possível que seria factível aplicar esta técnica até mesmo nos conflitos com Lex Luthor, se os roteiristas tivessem conseguido dar a ele motivações coesas e planos inteligíveis.

– Suavizar/ Acomodar: “Enfatizar as áreas de acordo e não as diferenças, abrindo mão de sua posição em favor das necessidades das outras pessoas para manter a harmonia e os relacionamentos.”

Como estabelecido no ponto anterior, enfatizar as áreas de acordo seria a parte menos complexa. O difícil é fazer o cara, mesmo com superaudição, te ouvir. Pior ainda, tentar fazê-lo trabalhar em favor das necessidades das outras pessoas. Aquele Superman das antigas, do Christopher Reeve, deveria ter contado para este atual, do Henry Cavill, onde foi que fez seu MBA em Gestão de Pessoas. Batman, então, nem se fala. No caso, quase literalmente. Ele não dá satisfações e não abre mão de sua posição nem mesmo quando os argumentos vêm do seu conselheiro (e mordomo em uma outra época), Alfred.

– Retirar/ Evitar: “Recuar de uma situação de conflito atual ou potencial, adiando a questão até estar mais bem preparado, ou ser resolvida por outros.”

Por mais omissa que possa parecer esta opção, ela tem sem lugar. Todos são ensinados desde criança que o correto é atuar para que as pessoas não entrem em conflito, intermediar para chegarem num acordo e até mesmo colocar os famosos panos quentes para evitar que a situação desande. Em última instância, é pedido ao bom cidadão intervir para separar as brigas. Mas, se em um porto abandonado você tem Superman, Batman e Mulher-Maravilha prestes a entrarem em conflito com um descontrolado monstro sanguinolento criado a partir de uma mescla do DNA do General Zod com o do Lex Luthor, não há outra sã opção: o jeito é ‘retirar/ evitar’.

– Colaborar/ Resolver o problema: “Incorporar diversos pontos de vista e opiniões com perspectivas diferentes; exige uma atitude cooperativa e um diálogo aberto que normalmente conduz ao consenso e ao comprometimento.”

O mesmo diálogo que teria evitado qualquer conflito é também a melhor solução para as desavenças entre Clark Kent e Bruce Wayne. Ao buscar ‘colaborar/ resolver o problema’, eles teriam passado a cooperar bem mais cedo e provavelmente a Liga da Justiça teria surgido ainda nesse filme, antes da criação do Apocalipse, e assim poupado o espectador de ter que esperar mais de um ano por uma saída furada para voltar com o Superman para a história.

Trailer do filme

Mas, talvez seja pedir demais para esta turma se orientar por melhores práticas de gestão. Afinal, no dia-a-dia eles não têm que administrar contratos complexos, coordenar equipes multidisciplinares, lidar com clientes exigentes e fornecedores enrolados, integrar diversas áreas de atuação, estudar assuntos técnicos e de gerenciamento, ficar atentos às mais diversas variáveis internas e externas, alcançar resultados para suas empresas e ainda cuidar de suas famílias. Não, eles são meros super-heróis.

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Sobre o Colunista:  José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema.

E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. raquel magalhaes disse:

    Correção: José Roberto Costa Ferreira*

  2. raquel magalhaes disse:

    Um paralelo entre o filme Batman x Superman e os conflitos existentes durante a execução de um projeto foi criado pelo autor José Roberto Costa Ferreiro para abordar, de maneira objetiva e didática, as cinco técnicas de resolução de conflitos existentes no PMBOK.
    É extremamente válida essa abordagem, uma vez que o texto flui de maneira simples, exemplificando cada uma das técnicas e deixando claro que elas são extremamente eficazes para o sucesso de um projeto.
    Durante a realização de um projeto, pessoas com diferentes opiniões, características e necessidades devem trabalhar umas com as outras, contribuindo para o sucesso do mesmo. Assim, conflitos irão surgir em vários momentos, fazendo com que técnicas devam ser adotadas pelos gestores com o objetivo de conciliar os pensamentos e ações entre as partes envolvidas. Utilizar os métodos descritos pelo PMBOK torna essa prática mais eficaz, acelerando o sucesso do projeto e permitindo a satisfação dos envolvidos.
    Direcionar, reconciliar, suavizar, evitar e colaborar são elementos chave para solução das desavenças, orientando as melhores práticas de gestão e contribuindo para o alcance efetivo de resultados.

  3. Leandro Silveira disse:

    O autor José Roberto Costa Ferreira, ao escrever o artigo “Batman vs Superman e a resolução de conflitos”, acerta ao utilizar a metodologia de comparar pontos de um gestor de projetos com cenas específicas do filme.
    Ao comparar cenas do filme com técnicas de resolução de conflitos do PMBOK, podemos ver que, ao seguir o PMBOK, as chances do sucesso são, consideravelmente, maiores.
    O artigo fala basicamente de pontos entre o gerenciador e sua equipe que, caso não sejam utilizados pelo líder, haverá problemas de diálogos, muitas vezes será tomado um caminho onde fará que o trabalho tome mais tempo do que efetivamente ele teria. Para que se obtenha sucesso em seus projetos é necessário seguir diretrizes para um pleno funcionamento.
    É preciso compartilhar informações pertinentes com sua equipe, estar sempre disposto a ouvir opiniões contrárias e saber a hora de incentiva-los além de saber incorporar diversos pontos de vista e opiniões que resultam no consenso e êxito do projeto.

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