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Como o Building Information Modeling (BIM) ajuda a Estimativa de Custos em Obras

Publicado em 20/01/2016

RESUMO

O presente trabalho apresenta os benefícios do uso do conceito BIM (building information modeling) como poderosa ferramenta gerencial, na etapa de orçamentação em projetos de construção civil. Trata-se de uma revisão bibliográfica, onde serão relatados estudos de caso sobre a relação entre a estimativa de insumos extraída em ferramentas BIM e as principais conclusões sobre o assunto, além de um exemplo na utilização do mesmo.

1 INTRODUÇÃO

Projetos de construção civil apresentam inúmeras variáveis que influenciam seu custo e seu preço de venda. Dessa forma uma das etapas mais importantes é a fase de orçamentação. Segundo Mattos (2014), o orçamento consiste em uma estimativa de custos em função da qual o construtor irá atribuir o preço de venda adequado. A orçamentação possui, ainda, outras atribuições como:

  • Levantamento de materiais e serviços;
  • Obtenção de índices para acompanhamento;
  • Dimensionamento de equipe;
  • Geração de cronograma físico-financeiro;
  • Análise de viabilidade.

No entanto existe grande dificuldade em se realizar uma extração de quantitativos com grande exatidão o que traz grandes desperdícios neste segmento (COMPERJ, 2010). Além disso, aspectos relacionados a produtividade, construtibilidade e interação entre os vários atores envolvidos em um projeto de construção civil, são fatores de competitividade entre as empresas de engenharia. Diante de todas essas questões torna-se imprescindível a introdução de novas metodologias e tecnologias que aliem os aspectos supracitados, tornando as etapas de design, planejamento e orçamento mais próximos da realidade, interativos e rápidos.

Um dos sistemas mais discutidos e que tem apresentado resultados promissores é o Building Information Modeling, também denominado BIM. De acordo com Charles Eastman BIM é “uma tecnologia de modelagem e um grupo associados de processos para produção, comunicação e análise de modelo de construção”, já o segundo encontro de tecnologia digital, realizado em 2011, define o BIM como um “processo de gerenciamento de dados do edifício durante todo o ciclo de vida do projeto e da construção”.

No entanto, definir o BIM, como uma tecnologia ou processo de gerenciamento dependerá do nível de utilização da ferramenta, ou seja, em utilização menos complexas, por exemplo em modelagem 3d, são considerando apenas aspectos geométricos  para análise de interferências, neste casos temos a simples utilização da ferramenta, não há colaboração. Mas para este trabalho estamos considerando a utilização plena da ferramenta como um instrumento de gerenciamento, que integra os diversos projetistas, antecipa a construção diminuindo os risco relacionados a interferências, construtibilidade e logística no canteiro de obras, e ainda, o principal objetivo dessa discussão, levantamentos mais realistas dos quantitativos.

Este artigo analisará alguns estudos de casos que apontam algumas experiências dos usos desta metodologia gerencial de trabalho.

2 REVISÃO DA LITERATURA

O PMBOK, Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (2013), define estimativa de custos como um “processo de desenvolvimento de uma estimativa dos recursos monetários necessários para executar as atividades do projeto”. De acordo com as praticas estimuladas por esse guia as principais ferramentas, relacionadas a linha de base do escopo, que devem ser utilizadas são:

  • Especificação do escopo do projeto.
  • Estrutura analítica do projeto.
  • Dicionário da EAP.

No entanto a falta de detalhamento dos desenhos tem contribuído para uma falha sistêmica, que ocorre na fase de criação do escopo e se estende a itens de planejamento, essenciais ao sucesso do projeto, como a criação do cronograma e a própria orçamentação.

A dificuldade em se realizar estimativas de custo de obras, é um problema público citado por Andrade (2012) que relata os desperdícios de recursos escassos em obras inacabadas e ainda o superfaturamento em atividades relacionadas a construção civil na administração pública. Segundo este autor, as principais causas dessa situação estão relacionadas a inversão de fases, em que a viabilização do projeto antecede as fases de planejamento, e ainda o fato de que as diferentes disciplinas do projeto, trabalham de forma estanque aumentando as incompatibilidades entre elas. Como alternativa a esta questão é apontado o uso do BIM, que tende realizar menores desvios nos gastos e maior controle na execução. Para validação da proposta, o artigo citado realiza uma retro-análise comparativa entre os quantitativos extraídos a partir de um desenho 2D e o modelo parametrizado 3D. Os resultados apontam divergências entre os números retirados do sistema convencional e o BIM, sendo observada a tendência no superdimensionamento na maioria dos elementos.

Para Müller (2015), o BIM é a reunião das informações paramétricas do projeto em um modelo 3D, que reúne todos os projetos. Neste modelo poderão ser inseridos dados geométrico, detalhes construtivos, especificações de componentes informações estruturais a partir de onde poderão ser gerados relatórios com quantitativos.

Matos(2013) cita como funcionalidades da implementação do BIM em construtoras a obtenção facilitada de dados elementares, além da extração de quantitativos. Este autor relata a necessidade de se realizar uma boa estimativa de mão-de-obra, que representa até 20% do valo global do projeto. Esta tarefa pode ser executada a partir de uma planta de organização de canteiro de obras desenvolvida em plataforma BIM, quem tem como objetivos principais a minimização da distância a percorrer em obra; minimização do número de operações de carga; minimização do número de montagens e desmontagens. Esses itens afetarão o número de horas necessárias e, portanto influenciará positivamente o orçamento da obra.

Por fim, o uso da metodologia BIM pode trazer vantagens no processo de desenvolvimento de orçamentos, extraindo quantitativos, auxiliando na verificação de escopo e melhorando a produtividade na construção.

3  DESENVOLVIMENTO

Para melhor entendimento do uso da ferramenta BIM, foi desenvolvido um modelo simplificado de um banheiro residencial. O intuito é apresentar a tabela gerada pelo programa Revit (ferramenta da plataforma BIM) que pode ser utilizada na geração de quantitativos e consequentemente, na orçamentação.

A primeira etapa foi o lançamento da geometria do objeto de estudo. Em seguida foram acrescentados itens quem compreendem os sistemas elétrico, hidráulico e estrutural do projeto. Por fim a inserção de elementos do lay-out. Todos os elementos foram extraídos de sites de fabricantes, desta forma os dados fornecidos são de sua responsabilidade.

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Figura 1- Projeto do Banheiro 3D

 A partir do modelo consolidado é possível extrair a tabela que fornecerá os dados previamente selecionados pelo projetista. Neste exemplo foram selecionados alguns itens, sendo aqueles fornecidos pelo fabricante, os que apresentam melhor detalhamento.

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Figura 2-Projeto do banheiro 2D

Na descrição foram selecionadas as colunas: quantidade, categoria, consumo e as cores disponíveis. Esta tabela também pode ser gerada levando-se em conta o cronograma, ou a seja a fase em que o item será necessário, auxiliando o planejamento das aquisições.

Uma das características mais interessantes percebidas no desenvolvimento do projeto foi o fato de ao ser selecionado o item bacia sanitária, foram acrescentados os itens: assento, a bacia e a caixa acoplada, tornado menor a possibilidade de não se contemplar algum dos itens. A tabela apresentada no figura 3 apresenta os dados citados anteriormente, todos os itens selecionado estão presentes e nas quantidades corretas.

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Figura 3- Tabela de quantitativos de insumos extraída do REVIT

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A revisão bibliográfica apontou inúmeras vantagens de se utilizar o BIM como instrumento de gerenciamento. Dentre os benefício citados por Andrade (2012), pode-se destacar:

  1. Exatidão da Planilha – Orçamento realista e cumprida segundo o cronograma físico-financeiro;
  2. Planejamento global;
  3. Antecipação das decisões;
  4. Maior desenvolvimento do modelo resultando maior controle sobre o projeto desenvolvido e maior racionalidade da construção;
  5. Estudo de viabilidade mais realista desde o projeto básico.

 Já diante da análise realizada sobre o modelo do banheiro, foi verificada a rapidez do processo de quantificação, a facilidade de se obter informações sobre as famílias fornecidas por fabricantes e a dificuldade em se obtê-las, poucos fornecedores tem trabalhado com a plataforma.

5 CONCLUSÕES

O uso do BIM na orçamentação é uma forte tendência, Inicialmente ela pode ser adotada como uma ferramenta eficiente na extração de insumos, mas com o aperfeiçoamento do modelo, pode-se-ar tornar um instrumento no gerenciamento do projeto.  Assim considera-se o BIM como um elemento estratégico para empresas de engenharia civil.

 

REFERÊNCIAS

  • COMPERJ. Manual de Obras Públicas Sustentáveis. Agenda 21, 2010.Disponivel em: <www.agenda21comperj.com.br>.
  • Andrade, Ludmila Santos de; A CONTRIBUIÇÃO DOS SISTEMAS BIM PARA O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO DAS OBRAS PÚBLICAS: ESTUDO DE CASO DO AUDITÓRIO E DA BIBLIOTECA DE PLANALTINA; Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo; FAU-UnB – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília; fev-2012
  • Matos, José Carlos Grajo de; IMPLEMENTAÇÃO DO BIM NUMA GRANDE CONSTRUTORA FRANCESA ; Dissertação submetida para satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL — ESPECIALIZAÇÃO EM CONSTRUÇÕES- Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;Julho-2014
  • Müller, Leandro Sander; UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA BIM (BUILDING INFORMATION MODELING) INTEGRADO A PLANEJAMENTO 4D NA CONSTRUÇÃO CIVIL, Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro; Março de 2015

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Sobre a Autora:

Flávia Ciqueira, Engenheira Civil. E-mail de contato:flavia@exertusengenharia.com.br

Contexto: Artigo apresentado como trabalho da matéria de Gestão de Projetos ministrada pelo Prof. Ms. Ítalo Coutinho da turma GPPP (Pós em Gestão de Projetos) T149 do IETEC.

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