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Conflitos na equipe: que ótimo! Eles são fundamentais para tomar decisões no projeto

Publicado em 21/08/2018

Confessa pra mim, você só clicou neste artigo para saber que grande asneira estaria falando eu com um título desses, né? Esse título também poderia levar você a achar que eu estou sendo irônico. Desculpe frustra-lo, mas não estou.

Sempre associamos a palavra Conflito à guerras (como entre palestinos e israelenses, por exemplo). Por isso que antes de qualquer coisa é preciso entender o que significa a palavra conflito no seu conceito etimológico.

Do latim conflictus: Divergência; ausência de concordância ou entendimento; oposição de interesses, de opiniões.

Em uma passagem do livro “O Monge e o Executivo“, de James C. Hunter, o personagem Simeão (o monge) diz que “em uma reunião com 10 executivos, onde 10 concordam 9 são dispensáveis”. Essa é uma lógica puramente verdadeira, visto que dificilmente um número tão considerável de pessoas têm exatamente a mesma opinião sobre tudo. Estamos falando sobre conflitos de ideias, posições divergentes que são inerentes ao seres humanos. Existem gestores que se gabam (de verdade) em ter uma equipe puramente homogenia, onde os conflitos de ideias praticamente inexistem, geralmente por uma questão impositiva, que inibe a exposição de opiniões divergentes e imergem as pessoas ao frio e sombrio status quo. Pois bem, eu honestamente não acho isso nem um pouco saudável e digo mais, ótimas ideias e soluções deixarão de ser geradas por conta dessa demonização do conflito dentro das equipes.

Vou compartilhar uma história rápida aqui com vocês. Há um tempo atrás gerenciei um projeto onde o PMO (e não eu) recrutou a equipe que trabalharia comigo durante os próximos 5 meses. Em nossa primeira reunião, na minha frente, via um grupo de 4 pessoas sem um resquício de brilho nos olhos, um grupo de “zumbis” que sequer teria saído do seriado “The Walking Dead“, já que lá pelo menos os zumbis têm alguma atitude. Tudo que eu falava eles concordavam e tudo que eu perguntava era respondido em imensas sentenças monossilábicas: “sim”, “não”. Como era recém-contratado, fiquei sem entender aquele ritmo acelerado de decisões, já que nenhuma ação era contestada. E nesse momento eu realmente fiquei preocupado. Resolvi dissolver a reunião e puxei cada um para uma conversa individual, não para saber a opinião deles sobre o projeto, mas para conversar amenidades e construir uma relação de empatia com cada indivíduo. Alguns alegaram insegurança, medo e muitos confidenciaram que, em outros projetos, não eram convidados a externar suas impressões sobre as questões pautadas. À minha disposição em entender cada um deles consegui, de certa forma, a confiança que faltava para que eles se sentissem à vontade em opinar e discordar sempre que considerassem necessário. Retomamos a reunião no fim do dia e o princípio que mais gosto – divergir para convergir – pôde ser então posto em prática. Tivemos que retomar no dia seguinte, já que não deu tempo para fechar tudo no dia anterior. Porém conclui a reunião extremamente satisfeito com tudo que conseguimos elencar e projetar.

Como em tudo na vida é imperativo que haja um entendimento sobre os limites das discordâncias. Eu não posso te obrigar a gostar do The Smiths, como eu gosto, mas posso tentar te convencer a ouvi-los e tirar suas impressões. Do mesmo jeito que podemos ir almoçar no McDonnald’s e não ser intimidado a comer um BigMac porque você consideram bom. Eu posso simplesmente pedir uma salada com um suco de laranja e tá tudo certo. Negociar, e não impôr pontos de vista, isso sim é a maravilha de trabalhar em equipe. É muito mais prazeroso convencer alguém a compartilhar da sua opinião do que tentar impo-la goela abaixo. Uma das coisas que mais gosto de ver é como cada um embasa seus argumentos e suas percepções sobre qualquer tema posto em discussão. A inquietude da equipe é música para meus ouvidos, sério. Porém, segue o alerta: é preciso estar atento aos limites do contraditório. A liberdade para expor é diferente da decisão de extrapolar. Por isso criar uma relação de empatia ajuda a modelar a equipe no que é interessante e no que é desnecessário em um conflito de opiniões.

Se você gerencia pessoas e acredita que os conflitos são nocivos ao ambiente de trabalho, proponho-lhe tentar mudar um pouco essa ideia, dando mais liberdade ao time para explorar as contradições no âmbito do trabalho em equipe. Depois me conta o resultado!

 

Sobre o autor:

Wagner Borba, Gerente de Projetos da Tecnoset IT Solutions. Graduado em Gestão da Tecnologia da Informação pela FG/Laureate International Universities de Pernambuco e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade Estácio de Sá. Possui certificado Project Management Professional (PMP®) pelo PMI, Certified ScrumMaster (CSM®) pela Scrum Alliance, International Product Owner Foundation (IPOF) pela Scrum Association e Lean Six Sigma Yellow Belt (SSYB). Possui 10 anos de experiência em projetos nas áreas de Telecomunicações e Tecnologia da Informação em empresas multinacionais como Alcatel-Lucent, Isolux Corsan e Huawei Technologies, atuando em projetos de grande porte para as maiores operadoras de telefonia do país. Também atuou como consultor em gerenciamento de projetos para empresas das áreas de TI, Saúde Ambiental, Construção Civil e Logística. Hoje atua com projetos de TI e Serviços voltados para o setor público e preside o Conselho Fiscal do PMI-PE. Email de contato:  wagner.borba@pmipe.org.br/   wborbaconsultoria@gmail.com.   Site: http://escopodefinido.com

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