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Entendendo o Cinema como um projeto e como gerenciar vários interesses

Publicado em 17/10/2016

Pode ser por modismo, pode ser por questão de afinidade com o estrangeirismo, pode ser consequência da globalização. O fato é que cada vez mais as pessoas estão preferindo performance a desempenho, stakeholders a partes interessadas e budget a orçamento. Só para citar três exemplos corriqueiros. Aqueles que buscam utilizar as traduções nacionais ainda existem, mas tem vez que não tem jeito: não há palavra equivalente definida.

Greenfield e Brownfield

Quem vivencia projetos no dia-a-dia, principalmente os que envolvem etapa de implantação, está familiarizado com greenfield e brownfield. Com origem na construção, os termos são utilizados para referenciar o tipo de terreno ou ambiente no qual o projeto será desenvolvido e implantado.

Projetos greenfield são aqueles que vão nascer de um “campo verde”, um terreno ainda não utilizado, uma área onde não há construções nem resquícios de projetos anteriores para interferir. Já projetos brownfield são os que serão realizados em um terreno que possui estruturas existentes, onde existem interferências de projetos anteriores ou de empreendimentos em curso. Nas definições de escopo, prazo, custo, enfim no planejamento como um todo, têm que ser consideradas avaliações cuidadosas de demolição, reutilização e/ ou renovação. Normalmente são projetos de expansão, de revitalização, de adequação, de reforma ou de substituição.

Claro que os termos podem ser aplicados também a outros tipos de projeto, como desenvolvimento de software, por exemplo, tomando por base se é uma aplicação totalmente nova e independente ou se é a atualização ou complemento de uma predecessora. Sob este prisma, pode-se dizer que os projetos desenvolvidos em Hollywood também são classificáveis nestas duas categorias.

Um filme greenfield é aquele que vem da criação de uma ideia totalmente original, personagens e histórias concebidos diretamente para as telas do cinema. Muito comum no cenário independente, onde os cineastas tentam se mostrar para o mundo com projetos autorais, não é atípico de produções com orçamentos maiores, como o Guerra nas Estrelas de 1977 ou Caçadores da Arca Perdida, passando por mais recentes como Avatar e A Origem, e até mesmo de diretores ditos como alternativos, como Quentin Tarantino (embora seja discutível que este tome emprestado e recicle muito suas ideias e personagens anteriores – mas isto é polêmica para outra hora).

No entanto, os filmes brownfield são a maioria esmagadora dos grandes lançamentos nos cinemas. Seja uma adaptação (de um livro, um conto, um gibi, uma série de TV, um filme antigo, uma canção, um videogame, uma linha de brinquedos, um jogo de tabuleiro, um comercial de TV) ou seja uma continuação, parece ser mais cômodo e menos arriscado fazer uma obra em cima de um material já existente. O que na construção é mais trabalhoso (demolir, recriar, reinventar, eliminar interferência), em Hollywood parece ser uma mina de ouro (apenas duas das vinte maiores bilheterias mundiais da história são de projetos greenfield).

Os brownfield da indústria cinematográfica são tão prósperos que acabaram se ramificando além das tradicionais adaptações e continuações. E até com termos intraduzíveis também. As refilmagens não poupam clássicos, sucessos de bilheterias antigos, produções independentes mais desconhecidas, nem filmes originalmente em uma língua que não a inglesa. E quando é uma refilmagem de uma produção que já teve sequências e o objetivo é criar uma nova série de continuações dando uma revitalizada na ‘franquia’ (como são denominadas por lá), a categoria é intitulada de reboot. Exemplos são os recentes A Hora do Pesadelo, Robocop e Caça-Fantasmas. Há ainda o spin-off, que é um produto derivado de algum outro sucesso, utilizando personagens ou ambientes já estabelecidos no imaginário coletivo. Minions e Rogue One: Uma História Star Wars são dois exemplos.

Costuma-se brincar que também existem os projetos “blackfield” por aí. Projetos brownfield em um terreno ou ambiente tão hostil e cheio de interferências que se mostra inicialmente uma verdadeira missão impossível e onde muita análise criteriosa tem que ser feita antes do seu início. Riscos altíssimos estão envolvidos e a probabilidade de fracasso é eminente.

Na analogia hollywoodiana, um blackfield seria como tentar refilmar um clássico consagrado, como O Poderoso Chefão, E.T. – O Extraterrestre ou Psicose. (Pensando bem, este último já foi refilmado, em 1998. E deu no que deu).

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Sobre o Colunista:  José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema.

E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Valéria Sousa disse:

    Apesar do foco inicial do artigo ser sobre palavras estrangeiras utilizadas no mundo empresarial, o que chamou a minha atenção foi o fato de existir duas vertentes de projetos, uma baseada em algo totalmente novo e uma versão readaptada ou continuação de algo já existente. No artigo, o autor cita “em Hollywood parece ser uma mina de ouro (apenas duas das vinte maiores bilheterias mundiais da história são de projetos greenfield).” o que leva a crer que muitas vezes queremos encantar com inovações, mas nem sempre o ideal é “reinventar a roda”, mas temos grandes oportunidades de aperfeiçoar o que já existe, sem esquecer que dos riscos no caso dos “blackfield”

  2. Matheus Lage Miranda disse:

    É fato que diversas palavras e expressões da língua inglesa são muito usadas na vida cotidiana e no ambiente de trabalho. Embora as expressões Greenfield e Brownfield não estejam tão presentes na minha rotina de trabalho, assim como budget, stakeholders, timeline, issue,etc, a analogia com produções de cinema facilita a compreensão. Os projetos Greenfield são geralmente oriundos de ideias inovadoras, sem influência e/ou referência de projetos anteriores, onde há maior liberdade para estabelecer metas, rotinas e métodos. Assim como no cinema, este tipo de projeto e/ou empreendimento enfrenta um cenário maior de risco e incerteza. Por outro lado, os projetos Brownfield se desenvolvem na presença de estruturas existentes e referências anteriores. Este tipo de projetos pode até conhecer o “caminho das pedras” para seu desenvolvimento, mas também deve saber lidar com o histórico e contexto existente (no caso de uma reforma ou demolição de um prédio, por exemplo) e as expectativas previamente criadas pelas referências anteriores (exemplo: refilmagem de um filme consagrado).

  3. Vanessa Vaz disse:

    Com o mundo globalizado e a integração entre os povos está cada vez mais evidente a necessidade e utilização de palavras na língua inglesa na comunicação nos diversos nichos de mercado, inclusive na gestão de projetos. Várias expressões e palavras ficam mais evidentes quando utilizado na língua inglesa, ou até mesmo não há tradução que exemplifique na língua portuguesa, como o caso dos termos greenfield e brownfield.
    Os projetos greenfield são projetos inovadores com diversas oportunidades de implantar as metas, hábitos e desenvolver os recursos conforme a necessidade, sem influências de projetos antigos. Existe muita incerteza no mercado e seu provável crescimento lento pode justificar o número de filmes de Hollywood estruturados no modelo de projeto brownfield.
    Os projetos brownfield existe muito mais rapidez para tocar o desenvolvimento no mercado, aproveitando a gama de clientes (espectadores), o know-how de mercado que faz o investimento menos arriscado.

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