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Tocadores de qualquer coisa e outras espécies em extinção

Publicado em 20/08/2013

Charles Darwin publicou a primeira edição da Origem das Espécies em 1859 onde expõe a Teoria da Evolução com base na seleção natural, ou seja, a Natureza favorece os mais aptos. Mas somente na metade do Século XX sua teoria foi finalmente aceita pela comunidade científica!

Nestes últimos cem anos a Administração de Empresas foi se estruturando com teorias de valores incontestáveis: a Administração Científica de Taylor, a Produção em Massa de Ford, a Produção Enxuta de Taiichi Ohno, a Vantagem Competitiva de Michael Porter, a Teoria das Restrições de Goldratt e tantas outras, que permitiram que mais consumidores tivessem acesso a mais serviços e bens de consumo.

Para que isto tudo aconteça existe a figura do Gerente que age com base nestas teorias, para motivar equipes, reduzir tempos, aperfeiçoar processos, baixar custos, encurtar o tempo de respostas (eficácia), enfim, produzir mais com menos (eficiência).

No entanto, convivendo com os gerentes há a figura do tocador de qualquer coisa, aquele ser estressado, que trabalha com dois ou três celulares, quebra todos os galhos, tem iniciativa, tem certeza que na prática a teoria é outra e sai rompendo tudo e todos, na busca de resultados, que estão sempre com os prazos, custos e a qualidade estourada.

Causa-me espécie quando encontro um colega que me diz que está tocando uma obrinha. Ele não gerencia uma obra, ele toca uma obrinha. Repórteres ainda usam o verbo tocar como sinônimo de gerenciar. Políticos em entrevistas citam empreendimentos e programas que são tocados. Sempre que ouço o verbo tocar me vem à imagem bucólica de um boiadeiro tocando sua boiada numa estrada empoeirada, como naqueles versos de música sertaneja. Até estas imagens estão desaparecendo, imagine os tocadores de qualquer coisa.

Há gerentes que infelizmente não gerenciam seus negócios, apenas os tocam, por desconhecerem os preceitos da nobre arte de gerenciar. E alegar desconhecimento na Aldeia Global de Andy Warhol é quase injustificável.

Nesta selva administrativa e econômica ouvimos os últimos estertores dos tocadores de qualquer coisa. Esta agonia é e será lenta. Ainda teremos que conviver por um bom tempo com esta espécie em nossas organizações. As transformações não ocorrem em saltos como dizia Marx, mas contínua e lentamente como dizia Darwin.

Só nos resta contribuir para acelerar este processo valorizando os gerentes firmes e justos, que confirmam a teoria na prática e acreditam no planejamento, no monitoramento e controle, mesmo convivendo com pessoas que vão demandar mais cinquenta anos para aceitar estes conceitos.

Sobre o Autor:

Roberto Guidugli, Engenheiro Civil, Especializado em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral e mestre pela UFMG. É consultor de várias empresas privadas e estatais. Consultor associado a Luis Borges Assessoria em Gestão. Como professor, ministra cursos in company e em vários cursos de pós-graduações (lato sensu): UFMG, Cefet-MG e Fumec, entre outros. Possui artigos publicados no Brasil e no exterior.

E-mail de contato: meta@consultoresmeta.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. fmcastro disse:

    Uma parcela signifcativa do fracasso no gerenciamento de projetos, está intimamente ligado a falta de capacitação dos gerentes de projetos, nesta ação errônea de ” tocar projetos”. Gerenciar requer aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas para a execução de projetos de forma efetiva e eficaz
    É, inaceitável que após tantas fóruns de debates , da inconformidade com as boas práticas de gerenciamento de projetos, e dos altos índices de insucesso no grerenciamento de projetos que pessoas ainda utilizem desse método arcaico e malogrado. (Fernanda Castro)

  2. Foi no ponto Roberto, parabéns.

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