Publicado em 02/09/2013
Nessa semana eu gostaria de conversar com você sobre um assunto que é muito falado no planejamento, acompanhamento e controle de projetos, mas que nem sempre é totalmente entendido: o Caminho Crítico.
Em primeiro lugar precisamos definir o que é o Caminho Crítico do projeto. Segundo o PMI (Guia PMBOK® 5ª edição, página 176) é a sequencia de atividades que representa o caminho mais longo de um projeto, que determina a menor duração possível para o projeto.
Vou tentar desmistificar as coisas e tornar esse conceito o mais fácil possível. O caminho crítico do projeto nada mais é do que o caminho na rede do projeto que determina a sua duração. Outra forma de dizer a mesma coisa é defini-lo como o caminho que possui folga total igual à zero. Você percebe que é exatamente a mesma coisa? Pense num projeto bem simples, com uma rede que apresenta dois caminhos até o seu término. Se você somar as durações das atividades do caminho A pode encontrar, por exemplo, uma duração total de 20 dias. Fazendo a mesma coisa para o caminho B, você encontra 15 dias. Agora responda às seguintes perguntas:
- Qual a duração total do projeto?
- Qual o caminho crítico do projeto?
- Qual a folga total que o outro caminho possui?
Viu como o conceito é muito fácil?
Eu evitei colocar uma figura do Diagrama de Rede do exemplo propositalmente, para tentar fazer com que você desvincule a ideia de caminho crítico ao seu método de cálculo. É claro que é muito importante saber aplicar o Método do Caminho Crítico a uma rede de atividades e determinar o caminho crítico, subcrítico e todas as folgas totais e livres da rede e, consequentemente, calcular o cronograma do projeto. Mas considero que é tão importante quanto, para gerenciar o projeto, que você entenda muito bem o seu conceito e como utilizá-lo de forma eficiente.
Além disso, cem por cento dos aplicativos e sistemas de planejamento e gerenciamento de projetos do mercado calculam o caminho crítico do projeto perfeitamente, facilitando nosso trabalho. Em uma das próximas semanas, dedicaremos um tempo a entender o cálculo do caminho crítico com mais profundidade.
Agora eu gostaria que você pensasse em como pode usar esse conceito para gerenciar seus projetos com maior eficiência. De que modo, saber qual o caminho mais longo do seu projeto pode ajuda-lo a obter melhores resultados?
Antes, precisamos responder a mais duas perguntas. A primeira: é possível que um projeto tenha mais de um caminho crítico? Pense um pouco! No exemplo anterior, é possível que tanto o caminho A como o B tenham uma duração total de 20 dias? A resposta é sim! É verdade que isso é pouco provável, mas é completamente possível. E a segunda: o caminho crítico pode mudar durante a execução do projeto? Claro que sim! É só ocorrer um atraso em uma atividade ao ponto de transformar o seu caminho em crítico. E isso, na verdade, é bem comum acontecer.
Mas então, como você pode utilizar esses conceitos para gerenciar o seu projeto com mais eficiência?
Em primeiro lugar, se você precisar comprimir um cronograma, em quais atividades você aplicará as técnicas de compressão? Nas atividades do caminho crítico, é claro. E qual é o limite dessa compressão? É a folga do primeiro caminho subcrítico. No nosso exemplo, se você comprimir o caminho A por mais de 5 dias, o que acontecerá? O caminho B passará a ser o crítico. Faz sentido? Então, se você precisar comprimir o cronograma por mais de 5 dias, terá que trabalhar nos dois caminhos alternadamente, até encontrar a melhor solução possível.
Outro ponto importante é: quais atividades, caso atrasem, trarão impacto no prazo total do seu projeto? Mais uma vez, a resposta é: as atividades do caminho crítico, certo? Sim, mas não é só isso. As atividades dos caminhos subcríticos, aqueles que têm folga total muito pequenas, também podem impactar o prazo total do projeto, caso tenham um atraso maior que suas folgas. E isso não é difícil de acontecer.
Concluímos que para controlar nosso projeto e garantir o seu resultado, precisamos concentrar nossa atenção às atividades dos seus caminhos crítico e subcríticos. Uma boa prática é configurar um relatório, na ferramenta de gerenciamento que você estiver utilizando, para mostrar as atividades com folgas totais menores que 1/3 do período de atualização do cronograma. Por exemplo, se você faz atualizações mensais, use como parâmetro 10 dias. Isso permite que você identifique todas as atividades que merecem atenção.
Além disso, se você, em algum momento do projeto, tiver um recurso concorrente a duas ou mais atividades paralelas, para qual atividade você dará prioridade? Nesse ponto acho que você já tem a resposta na ponta da língua, certo?
Essa é a maior importância do caminho crítico do projeto: ajuda-lo a gerenciar o projeto e seus recursos, concentrando-os nas atividades que podem gerar os maiores impactos no projeto, sejam eles positivos ou negativos.
Você já sabe como pode usar o caminho crítico do projeto para aumentar sua eficiência, mas como chamar a atenção da equipe do projeto e dos executores para sua importância? Isso já é assunto para outra conversa!
La quase me esquecendo! As respostas para as questões são: 20 dias; caminho A; 5 dias.
Sobre o Colunista:
Alexandre Zoppa, PMP, SpP, com mais de 15 anos de experiência em gerenciamento, é engenheiro eletrônico formado pela Escola de Engenharia Mauá, pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP e com aperfeiçoamento em Gerenciamento de Projetos pela George Washington University. É instrutor em Gerenciamento de Projetos e colunista do PMKB. Hoje atua como coordenador de planejamento Arcadis Logos. Já foi PMO na Ambev e Líder de Planejamento na ABB S.A., entre outras.
E-mail de contato: alexandrezoppa@yahoo.com.br; Skype: azoppa
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
Um gerente de projetos bem preparado sabe a importância do gerenciamento do tempo do projeto e que dele resultará o cronograma do projeto. Dois aspectos são muito importantes para o correto entendimento da gestão do tempo do projeto e para a montagem do cronograma do projeto: o Diagrama de Rede e o Método do Caminho Crítico. Basicamente o diagrama de rede organiza as atividades de um projeto em uma sequência lógica considerando suas dependências. Para determinarmos o caminho crítico de um projeto precisamos conhecer o tempo gasto para executar cada atividade envolvida.
Considere o diagrama de rede apresentado abaixo, contendo atividades de um projeto imaginário e seus tempos de execução em dias, e responda as questões propostas:
A) Elabore uma definição para caminho crítico;
B) Indique a sequência de atividades que indicam o caminho crítico do projeto;
C) Calcule a duração do projeto baseada no caminho crítico.
Olá Paulo, Pois é…… mas sem uma análise criteriosa dos recursos alocados, incluindo nesta análise, minimamente, a “demanda/disponibilidade” de recursos, não faz sentido afirmar que o caminho crítico está correto, e irá nos proporcionar a visão de onde não pode haver atrasos. Prefiro atribuir esta questão para os recursos e afirmar:
“NA CADEIA/CORRENTE DOS RECURSOS CRÍTICOS NÃO PODEREMOS TER ATRASOS”
Como havia proposto inicialmente, apenas para polemizar…. sei que todos vocês estão corretos, quando afirmam que o CC, conduz a maior prazo, tem folga a menor folga total, etc. Assim nós aprendemos! Mas as Empresas e Profissionais não estão determinando corretamente estes CC, considerando que a maioria esmagadora… NÃO ALOCA RECURSOS E NEM DETERMINA QUAIS OS RECURSOS CRÍTICOS..
iVALDO
galera, está havendo confusão aí. caminho crítico não tem folga. a questão de restrição e de mudança de baseline é tratado de outra forma. não vamos confundir conceitos. se há mudança de baseline, então há que se recalcular toda a rede e o caminho crítico(s) pode também mudar. no caso da restrição, ela não influencia no caminho critico salvo se você fizer um encurtamento de prazos. neste caso, o caminho critico também passa, eventualmente, a ser outro. os conceitos aqui não se misturam, eles são complementares. cuidado com isso.
Ivaldo, cuidado com esta afirmação. o caminho crítico serve para você saber onde não pode haver atrasos. então serve para muita coisa.
Apenas para polemizar mais um pouquinho…..
Afirmo em minhas aulas que CC não serve para nada…..
Ivaldo
Caro André Cardoso,
O Marco final pode ser uma restrição, imposta pelo cliente.
Sei que não se deve colocar restrições nas atividades da rede, mas alguns marcos (diferente das atividades), na maioria das vezes são restritivos.
Experimente estas observações na prática, exemplificando em uma ferramenta MSP ou P3.
Para finalizar, a atual definição de CC é:
“Maior caminho da rede” ou de “menor folga total”.
CC com folga zero não é uma boa definição para o CC.
Cordialmente,
Ivaldo Monteiro da Silva
Boa noite Ivaldo.
Há um equívoco no seu pensamento.
O caminho crítico com folga diferente de zero só é possível quando há atividades com restrições no cronograma.
Lembra que as restrições não são uma boa prática. Como o exemplo que você deu, é melhor analisar comparando com a linha de base; mas a folga continua sendo zero.
Abraços!
Caro Zoppa…estou aguardando com muito interesse sua próxima abordagem sobre o tema do Pert CPM… como realizar os cálculos do Caminho Critico. Sua maestria em ensinar e colocar em poucas palavras temas como este é impressionante.
marcos testa = marcos@odontologiatesta.com.br
Zoppa,
Como exemplo poderíamos considerar que o seu projeto esteja atrasado em relação a linha de base do prazo (data final), neste caso a folga será negativa.
Ex.: Prazo original 90 dias; Projeção de novo prazo = 95 dias.
Neste caso as atividades que fazem parte do CC estarão com folga negativa de 5 dias, em relação ao prazo da linha de base (Término mais Tarde – TMT). Invertendo a situação… Projeção de novo prazo = 85 dias. Agora teremos folga positiva de 5 dias para todas as atividades do caminho crítico, que continua sendo o maior caminho da rede.
Considerando FT = TMT – IMT.
Cordialmente,
Ivaldo
Ivaldo,
Em primeiro lugar, obrigado pelo seu comentário.
Você tem razão. O caminho crítico pode ter folga diferente de zero. Você poderia nos ajudar, comentando aqui no site, algumas situações em que isso é possível?
Obrigado e um forte abraço!
Caro Zoppa, parabéns pelo artigo. Penso que devemos rever a afirmação de.que.o C.C. Tem folga.total igual a zero. Pode ser zero, maior o.menor que zero. Cordialmente, Ivaldo Monteiro da Silva