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Comprometimento e motivação realizam maravilhas

Publicado em 21/05/2014

Comprometimento é a postura pessoal do gerente do projeto para com o projeto e para as pessoas dentro e associadas com o projeto. O comprometimento faz com que as pessoas acreditem no projeto e queiram fazer parte dele. É necessário tornar uma visão realidade e motivar as pessoas para que se alinhem com um objetivo comum. A motivação da equipe do projeto depende de que tão bem os indivíduos possam se unir e suas habilidades para lidar com os pontos altos e baixos do projeto.

O comprometimento e a motivação dos profissionais envolvidos no projeto devem ser honestos para resultar em um ótimo clima de trabalho e produtividade elevada dos indivíduos e da equipe como um todo. Para motivar um indivíduo, é necessário que o gerente do projeto esteja ciente das habilidades e experiências das pessoas, de suas atitudes pessoais, e de suas motivações intrínsecas.

Comprometimento pode ser definido como ações ou atitudes de cunho moral, objetivando o cumprimento de um tratado ou pacto firmado. Honrar um compromisso assumido em concluir uma determinada tarefa, pode demandar esforços extraordinários ou sacrifícios pessoais. Na relação com clientes, por exemplo, tratar o aspecto financeiro como consequência ao invés de objetivo principal, priorizando o atendimento e satisfação destes.

Profissionais bem sucedidos, independentemente de sua área de atuação, possuem altos níveis de comprometimento com o trabalho, além de gostarem muito do que fazem. O alinhamento entre metas pessoais e sonhos ao trabalho, possibilita a autor realização, mas requer elevados níveis de comprometimento. Confúcio, o mais famoso filósofo e pensador político da China, que viveu entre 552 e 479 a.C, sugere em um de seus provérbios:

“Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida.”

Os resultados em um projeto possuem relação direta com   nível de comprometimento das pessoas que dele participam. A fábula abaixo, bastante difundida na área de gerenciamento ágil de projetos (metodologias ágeis), aborda esta questão de uma maneira inusitada.

gestao de projetos

Figura 1: Fábula Scrum sobre Comprometimento

Fonte: implementingscrum.com, 2006

O cerne da questão é a participação de cada personagem para o resultado final. A galinha contribui de foram superficial, com recursos que lhe são renováveis. O porco, por sua vez, assume uma alta responsabilidade, doa-se, entrega parte de si, sem possibilidade de reposição.

A interpretação de qualquer uma história é algo totalmente subjetivo. Da mesma forma em que há pessoas que consideram o comportamento do porco como exemplar, outras o consideram deplorável. Nesta vertente deturpada, a história evidenciaria que para o porco, o projeto é mais importante que sua vida, justificando sacrifícios em termos de saúde, vida pessoal, social e familiar.

Em todos os aspectos da vida, os extremos devem ser evitados. Nada justifica qualquer desequilíbrio entre o trabalho e a vida particular. Um dos padrões comportamentais referentes à competência autocontrole, do NCB do IPMA, refere-se justamente a manter este equilíbrio.

Níveis de comprometimento que prejudiquem este equilíbrio, podem afetar negativamente alguns aspectos motivacionais, tendo como consequência a redução do nível de comprometimento. Esta relação entre necessidades humanas e comportamento motivacional foi estudado por Abraham Maslow e Frederick Herzberg, gerando os trabalhos hierarquia de necessidades de Maslow ( também conhecida como pirâmide de Maslow) e teoria dos dois fatores (teoria motivação-higiene).

A hierarquia de necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de Maslow, é uma divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow, em que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de “escalar” uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto realização.

Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritas na pirâmide, sendo necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo; necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida; necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube; necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;

 gestao de projetos

Figura 2: Piramide de Maslow

Fonte: gestaonossadecadadia.com.br, 2013

Motivação é um processo interno de cada pessoa. Desta forma, é incorreto afirmar que é possível motivar uma pessoa. O que se pode fazer é tentar influenciar este processo, através de fornecimento de incentivos, estímulos e condições bem como pela alteração de fatores ambientais. Estas ações de influência poderão não surtir nenhum efeito e dificilmente provocarão o mesmo resultado em pessoas diferentes, em função de fatores culturais, personalidade, objetivos de vida, etc.

Ações sugeridas

Algumas ações podem ser realizadas objetivando um comprometimento e motivação maior e mais efetivo. Por exemplo, estar ciente dos requisitos das várias partes interessadas e das circunstancias e interesses dos indivíduos no projeto. Outra opção seria ser explícito sobre quais das partes interessadas ou interesses pessoais não podem ou não serão atendidos.

Também é possível examinar possibilidades para incluir os interesses de todos os stakeholders, definir ganhos rápidos e incentivos, bem como ter certeza de entender quais são as partes do projeto que os diferentes membros da equipe tenham comprado, e estar atento sobre possíveis alterações nos níveis de motivação.

Outras opções são apreciar, comunicar e/ou documentar realizações prontamente e adequadamente; trabalhar sobre uma cultura que tenha orgulho nas realizações do projeto e das conquistas da equipe, prover feedback aos indivíduos e à equipe regularmente e manter todos envolvidos; estar ciente das possíveis alterações das partes interessadas ou dos seus interesses e atuar adequadamente.

Por fim, documentar as lições aprendidas e aplicar o aprendizado no futuro.

Tópicos relacionados

Importante salientar que o comprometimento e motivação possui forte relação com outros tópicos como Níveis de alçada (accountability), Delegação e descentralização de poderes, Entusiasmo, Modelos de motivação, Formação de equipes, Atitude positiva e Verbalização e visualização de objetivos.


Padrões Comportamentais

A seguir são apresentados exemplos e contraexemplos de comportamentos adequados em relação ao comprometimento e motivação.

 

Comportamentos adequados Comportamentos que requerem aperfeiçoamento
Gerencia ativamente as necessidades das partes

Interessadas

Limita o engajamento para os interesses do projeto e/ou pessoais; não considera os interesses dos outros.
Acessa novas iniciativas e estimula o comprometimento dos outros Limita pessoas para as tarefas definidas; não reconhece iniciativas. Não delega, toma o crédito e culpa os outros.
É entusiasta e positivo, trabalha com um sorriso e é orientado ao serviço sem perder de vista os objetivos do projeto. Faz as pessoas ficarem nervosas, foca primordialmente nos problemas e riscos, ou é entusiasta e perde de vista os objetivos do projeto.
Recebe críticas como uma forma de comprometimento Não pode lidar com criticar, não as torna uma vantagem para o projeto.
Gerencia ativamente os níveis de motivação Não lida com motivação em declínio
Mostra comportamento positivo real; sempre está procurando outras opções quando problemas aparecem. Reporta problemas sem oferecer opções para soluções; espera que os outros tomem decisões.
Sabe como e quando envolver os outros Trabalha sozinho
Mostra força de vontade pelo bem do projeto Dá-se por vencido rápido e é facilmente desmotivado
Estimula o envolvimento da equipe e a cooperação entre diferentes disciplinas Atrapalha ou atrasa o trabalho em equipe, evita a cooperação de diferentes disciplinas.
Repassa responsabilidades e delega a autoridade, aceita a culpa, compartilha o sucesso. Não delega, toma o sucesso para si, culpa os outros.

Referências Bibliográficas:

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Sobre o Colunista: Eng. Alysson Ribeiro das Neves, Gestor, consultor, professor, palestrante. MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV, Eng. Eletrônico e Telecom. pela PUC/MG. Certificados PMP, PMI-ACP, CAPM, CSPO e CSM. Experiência de 16 anos, obtida em atividades como desenvolvimento para TI e TA, gerenciamento de projetos, programas e portfólio.

E-mail de contato: alysson.r.n@hotmail.com

Contexto: este artigo e outros fazem parte do material sobre Gerenciamento de Projetos: Desenvolvendo Competências Técnicas e Comportamentais da Saletto Engenharia de Serviços.

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