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Estruturação e Disponibilização de Dados de Orçamentação: Desafios e Soluções Baseadas em BI e Data Analytics

Publicado em 17/05/2025

Resumo

Este trabalho tem como objetivo analisar os desafios operacionais e estratégicos na gestão de dados de orçamentação, propondo soluções baseadas em governança de dados, Business Intelligence (BI) e tecnologias analíticas. Esta pesquisa aponta que a falta de padronização, sistemas desconectados e acesso ineficiente aos dados impactam negativamente a precisão orçamentária e a competitividade em licitações. Como solução, propõe-se a aplicação de governança de dados e tecnologias analíticas ao processo de orçamentação, visando aprimorar a precisão e agilidade na elaboração de orçamentos, além de aumentar a competitividade das empresas em processos licitatórios.

Palavras-chave: Gestão de dados; Orçamentação; Business Intelligence; Big Data; Governança de dados.

1. Introdução

A orçamentação é uma etapa crucial para o sucesso de projetos de engenharia, influenciando diretamente a viabilidade financeira e a competitividade organizacional. Um levantamento realizado pela KPMG (2015) revela que apenas 31% de todos os projetos dos entrevistados ficaram dentro de 10% da previsão orçamentária.

No contexto atual, onde o volume de dados cresce exponencialmente, a deficiência ou ausência de metodologia para coleta, organização, armazenamento e disponibilização de dados compromete a agilidade e a confiabilidade das estimativas. Segundo Manzione (2013), um projeto bem desenvolvido inegavelmente reduz dúvidas, erros e retrabalhos durante a execução.

Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivo identificar os principais obstáculos na estruturação de dados de orçamentação, bem como propor um modelo de precisão dos orçamentos, baseado no uso de tecnologias analíticas e de governança de dados, visando elevar a precisão e agilidade na elaboração de orçamentos.

2. Desenvolvimento

2.1 Conceitos e Contextualização:

A orçamentação pode ser definida como um processo estruturado, baseado em uma metodologia específica e no uso de dados, cujo produto é o orçamento. Segundo Mattos (2006, p.22) “Orçamento não se confunde com orçamentação. Aquele é o produto; este, o processo de determinação”. Barbieri (2019) define Governança de Dados como um conjunto de práticas, dispostas em um framework, com o objetivo de organizar o uso e o controle adequado dos dados como um ativo organizacional.

Projetos complexos e orçamentos detalhados exigem o processamento de grandes volumes e variedade de dados, tornando indispensável o uso da tecnologia de BI e Big Data. Segundo a Alura (2025), Business Intelligence (BI), é um conjunto de processos, ferramentas e melhores práticas que permitem coletar, processar e transformar dados brutos em informações valiosas e compreensíveis. Já Gartner (2025) define Big Data como ativos informacionais caracterizados por grande volume, alta velocidade e ampla variedade, que exigem formas inovadoras e econômicas.

Para garantir um processo de orçamentação eficiente, é fundamental estabelecer a padronização e formatação dos dados, criar repositórios centralizados e definir claramente os responsáveis pela gestão e atualização das informações.

  • Análise dos Desafios

Os principais desafios identificados incluem a indisponibilidade dos dados na formatação adequada e a falta de integração entre sistemas, já que dados armazenados em planilhas, ERPs, softwares específicos não se comunicam de forma eficiente. Segundo Oliveira (2014, p. 217), “a ausência de integração entre os sistemas de informação utilizados nas diversas áreas da empresa provoca retrabalho, perda de tempo com atividades repetitivas e inconsistência de dados, comprometendo a tomada de decisão”.

  • Soluções Propostas

Para mitigar esses desafios, propõe-se a adoção de um modelo de processo baseado em governança de dados e aplicação de ferramentas analíticas conforme figura 1. Plataformas como o Power BI, da empresa Microsoft, permitem extrair, transformar e carregar dados de diversos tipos de fontes e criar painéis dinâmicos, onde os dados são atualizados automaticamente. Um estudo de caso da Fundação PTI-BR, elaborado por DZIOBA (2023), destaca que a implementação de ferramentas de BI oferece benefícios significativos, como a redução do esforço das equipes, a padronização e unificação de dados e a redução do uso de planilhas.

Figura 1 – Modelo de processo baseado em governança de dados e aplicação de ferramentas analíticas

Fonte: Santos, 2025.

Para resumir a compreensão dos desafios enfrentados na gestão de dados orçamentários, bem como seus impactos e soluções propostas, apresenta-se a Tabela 1, que sintetiza as principais questões abordadas neste estudo.

Tabela 1 – Desafios, Impactos e Soluções Propostas

Problemas Identificados Impactos Negativos Soluções Propostas
Falta de padronização Inconsistências entre nomenclaturas e formatos utilizados por diferentes setores gerando perda de produtividade devido ao retrabalho frequente para corrigir inconsistências. Definição de padrões organizacionais para coleta, formatação e armazenamento de dados com padrões claros.
Dificuldade de acesso às informações Decisões baseadas em dados incompletos ou desatualizados gerando atrasos na elaboração dos orçamentos. Uso de ferramentas como Power BI, como também, a integração entre sistemas para facilitar o fluxo de informações.
Impactos negativos no ciclo de vida do projeto Redução da competitividade em licitações devido à falta de precisão nos orçamentos. Capacitação das equipes para uso eficiente das tecnologias analíticas.

Fonte: Santos, 2025.

Diante disso é possível perceber que a aplicação de uma metodologia de estruturação e disponibilização de dados de orçamentação, associado ao uso da tecnologia, promove a agilidade no processo de orçamentação e a precisão nos orçamentos, fortalecendo a competitividade das empresas.

3. Conclusão

Como a qualidade de orçamento é função da qualidade dos dados de entradas no processo de orçamentação, conclui-se que a aplicação de governança de dados combinada com tecnologias analíticas no processo de orçamentação vai além de uma necessidade técnica, mas um diferencial estratégico. Recomenda-se, portanto, iniciar com um diagnóstico dos fluxos de dados existentes, seguido pela padronização de dados e adoção gradual das ferramentas analíticas e de processamento de dados.

Para uma extensão deste trabalho, sugere-se um estudo dos benefícios com o incremento de automação no processamento dos dados e da aplicação de Inteligência Artificial no processo de análise dos dados.

4. Referências

ALURA. Business Intelligence: o que é BI, o que faz e como usar. Disponível em: https://www.alura.com.br/artigos/business-intelligence-bi. Acesso em: 13 abr. 2025.

BARBIERI, Carlos. Governança de Dados: práticas, conceitos e novos caminhos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2019. 288p

DZIOBA, Pamela Suelyn Passarini. Business Intelligence (BI) para a gestão orçamentária: um estudo de caso na Fundação PTI-BR. 2023. 134 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Tecnologias, Gestão e Sustentabilidade) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Engenharias e Ciências Exatas, Foz do Iguaçu, 2023.

GARTNER. Big Data. Disponível em: https://www.gartner.com/en/information-technology/glossary/big-data. Acesso em: 14 abr. 2025.

KPMG. Global Construction Survey 2015: Climbing the Curve. KPMG International, 2015. Disponível em: https://assets.kpmg.com/content/dam/kpmg/pdf/2015/04/2015-global-construction-survey.pdf. Acesso em: 12 abr. 2025.

MANZIONE, Leonardo. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão de processo de projeto colaborativo com uso do BIM. 2013. 325 páginas. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

MATTOS, A.D. Como preparar orçamentos de obras. 1. Ed. São Paulo: Editora PINI Ltda, 2006. 1 v. 281 p.

OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas de informações gerenciais: estratégicos, táticos, operacionais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 217).

Sobre os autores:

Narielle Rafaela Moreira dos Santos

nariellerafaelams@gmail.com

Renan Alves Rego

renan.rego@hotmail.com

Co Autor: Prof. Geraldo Melo

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Editor Midias

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