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As dificuldades do Escopo em projetos da Construção Civil

Publicado em 09/09/2013

As dificuldades no cumprimento do Escopo em projetos da Construção Civil

O Escopo de um projeto, basicamente se refere à definição do trabalho que será executado. Ele é originado dos objetivos apresentados pelo cliente ou pela Organização patrocinadora e, em termos práticos, assume o formato dos resultados entregues pelas atividades que deverão ser executadas para a conclusão do projeto. Sendo assim, não é difícil perceber que ele é o elemento orientador na formulação da EAP – Estrutura Analítica do projeto.

O Escopo precisa ser bem definido e cumprido com eficácia, pois além de influenciar nas atividades técnicas, ele norteia a formulação contratual que firma a autorização para execução do projeto. Não atende-lo poderia tirar o foco dos objetivos iniciais e incorrer em diversas questões judiciais junto ao contratante.

Com base nisso, o Gerente de projetos deve estar empenhado em desenvolver meios para o atendimento do Escopo. É necessário se concentrar nessa questão desde a escolha dos meios técnicos que viabilizarão os resultados almejados, até a definição dos métodos de monitoramento, que avaliarão o desempenho do projeto e providenciarão os devidos ajustes.

A princípio, parece algo óbvio realizar as tarefas conforme o planejado, porém não é sempre que isso se mostra possível. A execução de um projeto não é um processo estático onde as coisas acontecem sempre de acordo com as previsões realizadas. Na maioria dos casos desvios ocorrem, criando a necessidade de intervenções, como realocação de recursos, reformulações táticas, redefinição de critérios de qualidade, reavaliação da disposição ao risco e, não raramente, modificações de Escopo.

O Escopo na Construção Civil

A construção civil, em especial, é uma área na qual diversos fatores possuem sensível impacto na formulação do Escopo e nas possíveis modificações desse. Além de riscos inerentes a qualquer projeto, como erros na fase de iniciação ou planejamento, existem outros fatores que influenciam nas atividades desenvolvidas, como por exemplo:

Constante influência do cliente: O contratante geralmente possui contato constante com os resultados parciais entregues e consegue visualizar melhor o produto adquirido quando esse começa a tomar forma. Isso pode provocar modificações em expectativas e necessidades, demandando adequações ao objetivo final;

Modificações na legislação: Por mais que alterações legislativas não sejam obrigatórias por certos períodos de tempo, é comum que na construção civil, elas sejam providenciais mesmo após a iniciação do projeto. Isso ocorre devido à natureza durável do bem gerado;

Escassez de determinados recursos no mercado: Esse é um aspecto que influencia em setores que encontram-se em alta, caso da construção civil no Brasil. Ele diz respeito às dificuldades de alguns fornecedores entregarem certos recursos em tempo hábil e na qualidade exigida. É um caso extremo e pode tornar as modificações de Escopo uma opção que representará menos perda para o projeto do que os possíveis atrasos.

Analisando esse cenário é fácil perceber o quanto pode ser difícil manter o Escopo inalterado ao longo de todo o ciclo de vida do projeto na construção civil. Uma postura rígida em situações assim poderia engessar a execução das tarefas e provocar o descontentamento do cliente, atrapalhando em negociações futuras.

Isso quer dizer que esses aspectos precisam ser devidamente tratados e o ideal é a predefinição das diretrizes que orientarão esse processo. Talvez o leitor julgue que as modificações poderiam provocar um contexto caótico para o decorrer do projeto, porém a questão é fazer o uso de ferramentas adequadas para cada caso.

As ferramentas de modificação do Escopo

Alterar o Escopo de um projeto na construção civil é um processo que pode levar a profundas modificações de restrições e requisitos. Custos e prazos quase sempre precisam ser atualizados, exigindo redefinições em termos de planejamento e análise dos critérios de aceitação para os elementos adicionais.

Sendo assim, é preciso estabelecer processos para o estudo dos riscos que envolvem a modificação. A influência sobre cada aspecto do projeto deve ser identificada e analisada, visando mitiga-la caso seja negativa. Além disso, um Formulário de alteração de Escopo deve ser elaborado para que todas as informações pertinentes sejam repassadas tanto ao cliente quanto à organização patrocinadora. A partir disso a modificação deve ser aprovada formalmente, para que cada parte interessada arque com os impactos causados.

Além dessas duas ferramentas, é necessário verificar a viabilidade técnica da modificação. Questões regionais têm grande influência na concepção de construções, o que exige especial atenção na escolha dos processos e recursos a serem aplicados. Isso é feito nas etapas preliminares e deve ser repetido para quaisquer alterações do Escopo que se mostrem necessárias.

O bom senso e o sucesso do projeto

Obviamente que os desvios devem ser evitados a todo o custo, pois eles expressam a divergência entre as previsões realizadas e o desenvolvimento na prática. Como mostrado isso nem sempre significa erros na fase de Planejamento, principalmente na construção civil, em que a influência externa é muito comum.

Sendo assim, a melhor opção é que o Gerente de projetos seja flexível no momento de verificar a necessidade das modificações. Ele precisa ser hábil em analisar os possíveis impactos e explaná-los a todos os envolvidos, garantindo o atendimento de suas expectativas e transparência quanto aos riscos assumidos.

Podemos concluir que a visão tradicionalista que trata as saídas das etapas de iniciação e planejamento como uma espécie de Bíblia para realização das atividades, nem sempre é o ideal. Isso, porque o desenvolvimento de um projeto é um processo dinâmico que visa a satisfação de necessidades que não são estáticas. É preciso bom senso no decorrer de todo o seu ciclo de vida, pois o seu sucesso não é atrelado ao cumprimento de um roteiro, mas sim à satisfação de todas as partes interessadas.

Referências:

PMI – A Guide to the project management body of knowledge (PMBOK© Guide) – Fifth edition, 2012.

bruno_augusto

Sobre o Colunista:

Bruno Augusto, estudante do Curso de Engenharia de Produção Civil no CEFET MG. Trabalha a 3 anos como Assistente de Engenharia em Planejamento e Controle de obras de galpões industriais, na empresa SGO construções. Na área de construção, também já atuou com controle tecnológico de concreto e execução de obras prediais. Técnico em Química formado pelo CEFET MG, trabalhou por 1 ano e meio como Inspetor de qualidade em uma indústria da Coca Cola Company. Criador e idealizador do blog A Engenharia em Foco: http://aengenhariaemfoco.blogspot.com.br.

E-mail de contato: brunosilva.civil@gmail.com

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