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Compatibilizar projetos pode ser fraqueza do processo

Publicado em 09/12/2015

Há uma certeza generalizada no mercado AEC de que os projetos multidisciplinares de um empreendimento precisam ser compatibilizados. A cada dia essa necessidade vem se tornando mais e mais evidente e importante. Assim, são incluídos nos processos de trabalho atividades específicas para compatibilização. As modelagens do Processo de Desenvolvimento de Projeto (PDP) apresentam, quase sempre em fluxogramas representativos, momentos especiais de compatibilização. E assim, o PDP vai sendo remodelado em busca de uma nova configuração sistemática que produza melhores resultados ou otimize o desempenho.

A experiência tem conduzido muitos profissionais a constatar que tais momentos de compatibilização não podem ser utilizados apenas no final dos processos de produção, quando todas as disciplinas de projeto estão adiantadas nas suas concepções. Nestes casos, então, naturalmente tende-se a distribuir momentos de compatibilização ao longo do PDP. Percebe-se uma melhoria no rendimento.

A consequência imediata dessa distribuição é indicar que talvez a melhor forma de fazer a compatibilização das soluções nas diversas disciplinas seja em modo contínuo ao longo do PDP. Talvez por isso, haja uma forte impressão de que coordenar o desenvolvimento dos Projetos AEC se confunda com a própria atividade de compatibilização.

Contudo, ao tentar disseminar a atividade de compatibilização de forma contínua ao longo do PDP, percebe-se que tal atividade esta intimamente ligada e muito provavelmente fundamentada na efetividade da distribuição de informações entre as disciplinas. Começamos a perceber que a melhoria na distribuição de informações diminui o trabalho de compatibilização ou, no mínimo, torna-o mais simples, menos desgastante, etc.

A continuidade pretendida no processo de compatibilização e na distribuição de informações exige, para que seja realizada, a aproximação das equipes multidisciplinares em etapas mais iniciais do PDP, afinal, as informações a serem distribuídas surgem já nos primeiros insights criativos da equipe sobre o empreendimento. Qualquer avanço, para que seja consistentemente compatível entre as disciplinas, exige a participação (em maior ou menor grau) de cada uma delas com seus especialistas.

A crescente capacidade de virtualização dos empreendimentos tem tornado isso cada vez mais explícito e os profissionais começam a repensar seus processos de trabalho.

Enfim, percebamos que a compatibilização tende a deixar de ser um esforço concentrado agregado a alguma etapa do PDP e passar a ocorrer continuamente ao longo do processo como uma ação natural e necessária ao avanço das concepções e da comunicação das soluções. Esta é a direção para a qual aponta a modelagem do processo quando se pensa na Engenharia Integral. Mais que isso, essa integração contínua começa a se mostrar necessária não apenas entre disciplinas técnicas de Engenharia e Arquitetura, mas também no que diz respeito ao planejamento de obras, processos construtivos e até processos de aquisição de insumos.

A evolução do PDP, seja ela percebida pelos profissionais mais atentos ao desenvolvimento ou forçada pelas tecnologias tão cobiçadas no mercado, é condição para atingir maiores níveis de desempenho nos empreendimentos de construção civil.

Se hoje estamos tão focados nos processos de compatibilização é porque já vivenciamos um pequeno avanço. Digo pequeno porque já sabemos da necessidade de compatibilização há algumas (ou várias) décadas. Fico mais animado quando percebo que aos poucos a certeza dessa necessidade vem sendo substituída pela constatação de que ela deve ser contínua no PDP e não um esforço concentrado. Considerarei que vencemos uma barreira na modelagem do PDP quando começarmos a pensar na Coordenação Técnica de Projetos AEC de forma mais abrangente e consistente e não como quase sinônimo de compatibilização (como ainda ocorre em geral no mercado).

Um PDP evoluído tem na compatibilização apenas uma das preocupações da coordenação e provavelmente nem seja a mais importante. Afinal, se você precisa de um grande esforço de compatibilização é porque outras funções de coordenação como a distribuição efetiva de informações não está funcionando bem no processo.

Enfim, se necessitamos de um grande esforço de compatibilização é sinal de que já detectamos que temos um problema no processo a ser resolvido. Um bom PDP deve fluir serenamente, focado da criação de soluções cada vez mais engenhosas e integradas. O esforço de compatibilização denota a ausência do esforço prévio de integração, esse sim, uma meta estimulante, pois está fundamentada numa evolução sistemática e metodológica do PDP. A compatibilização será tão somente mais uma consequência dessa evolução.

rene_ruggeri

Sobre o Colunista: Renê Guimarães Ruggeri. Formado em Engenharia Civil, MBA em Gestão de Projetos, Especialista em Gestão de Empresas, 20 anos como Coordenador de Projetos AEC, autor dos livros “Redescobrindo o Processo do Projeto” (2015) e “Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor” (2011), Eng. Máster Coordenador de Projetos na Vale S/A (2011-2015), Professor da Academia Militar de MG no CFOBM (2003-2010), Diretor de Projetos da FEOP(2006-2008), participação em mais de 100 Projetos AEC de variados portes e tipologias (1995-2015), Instrutor, palestrante e escritor nas áreas de Engenharia de Projetos e Gestão de Projetos. Atualmente é Sócio-Proprietário da Renê Ruggeri Engenharia e Consultoria e atua com Gestão de Empreendimentos com foco em Gestão de Engenharia.

Email de contato: rgruggeri@gmail.com – Site: www.reneruggeri.com

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Bárbara Morato disse:

    A compatibilização é uma ação projetual que verifica a sobreposição de toda multidisciplinaridade do processo construtivo, de forma a identificar interferência entre todas informações contidas no projeto. De início, o título me atraiu, por vir com uma informação contraditória do conhecimento aprendido ao longo dos meus estudos e experiências na Engenharia Civil. O processo de compatibilização sempre foi algo de suma importância. Não acredito que seja uma fraqueza do processo, acredito inclusive, que a utilização de ferramentas como o BIM já deveriam ser muito mais utilizadas no Brasil.
    Concordo quando diz que a necessidade de compatibilização está crescente, e que ela deve ser realizada de modo contínuo, ao longo do PDP. Além disso, o autor deixa claro a importância da comunicação ao longo de todo processo, com a aproximação das equipes multidisciplinares, com participação de pelo menos um especialista de cada disciplina.
    Acredito também que o esforço prévio de integração, não ultrapasse a importância de compatibilização, sendo ambos importantes para um empreendimento de qualidade. Afinal, de início, principalmente no setor da Engenharia, sabe-se que o foco se estabelece no custo e prazo, sendo o último, o motor para a realização simultânea de diversos projetos de diferentes setores, propiciando a grande necessidade de compatibilização, que só pode ser alcançada com os requisitos apontados no artigo e descritos no parágrafo anterior.
    Quanto maior os esforços dedicados durante o desenvolvimento dos projetos integrados, menor será o esforço necessário no processo de compatibilização de projetos.

  2. Marina disse:

    Prezado, Renê.
    Primeiramente, parabenizo-o pelo artigo. Concordo que, de fato, muitas vezes o processo de compatibilização se dá como uma fase à parte no projeto, enquanto deveria ser um processo contínuo. Muitas vezes vemos uma certa dificuldade por parte das empresas em assimilar isto, porém não é algo que deveria ser generalizado. Penso que, embora ainda existam dúvidas, nem todas as empresas enxergam compatibilização e coordenação como “quase sinônimos” e nem significa que, se em algum momento, a empresa necessitou realizar um esforço maior de compatibilização, houve total ausência de esforço prévio. Muitas vezes, surgem interferências não previstas. Da mesma forma, não vejo a compatibilização como uma “fraqueza”, como sugere o título. Acredito que a compatibilização possa não estar sendo utilizada, por todas as empresas, da maneira mais efetiva possível e que haja problemas em sua execução ou mesmo no entendimento de seu real significado.
    No mais, estou de acordo que uma melhoria na distribuição de informações possa levar a uma melhora significativa nas questões envolvidas à compatibilização (tornando-a mais simples de ser executada). Portanto é, de fato, indispensável que, para que esta distribuição de informações aconteça de verdade, as equipes estejam fortemente integradas desde o início de todos os processos de projeto, como sugere o seu artigo.
    Parabéns, mais uma vez, pelo artigo e por nos proporcionar a reflexão acerca do assunto.

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