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O poder do bom planejamento de obra

Publicado em 24/02/2016

Resgatei hoje um texto que publiquei num jornal local de uma cidade no interior de Minas Gerais no idos de 2003. O “causo”, bem conhecido, é sempre atual. Espero que gostem…

Cá estamos nós, novamente para bater na tecla do planejamento de obra. Há um fato interessante, contado no nosso meio, que demonstra bem o poder do bom planejamento.

japan_construcoes

Uma estrada a ser construída através de um deserto foi dividida em dois trechos iguais. Cada trecho foi entregue a uma construtora diferente, uma delas japonesa. As empresas teriam limites de prazo (1 ano) e custo para executar a obra, além de uma multa enorme em caso de atraso ou de gastos excessivos. A primeira empresa, rapidamente alocou seu pessoal e equipamento e deu início ao seu trecho. Após um mês de trabalho era admirável o nível de produtividade da empresa. Mas os japoneses nada faziam aparentemente. Um mês se tinha passado e os japoneses se limitavam a enviar relatórios sobre o processo de planejamento da obra.

Passou-se mais um mês e a primeira empresa em plena atividade. Os japoneses? Mais um relatório.

Foram-se quatro meses e o dono da obra cobrou incisivamente dos japoneses o início imediato da obra. A primeira empresa, com todo o seu vigor, chegava, então, a quase 50% do seu trecho. Os japoneses ainda tentaram alegar que o planejamento estava quase concluído e que algumas providências já haviam sido tomadas para que, em mais 30 dias, iniciassem as obras do trecho deles. Mas o proprietário exigiu o início imediato ou cancelaria o contrato. Assim, os japoneses tiveram que enviar suas equipes de campo e equipamentos para o canteiro de obras.

Chegado o quinto mês, a primeira empresa começava a apresentar queda na produtividade em razão do desgaste excessivo de seu pessoal e equipamentos. Os japoneses iniciavam o primeiro quilômetro do seu trecho. Passados mais dois meses, a primeira empresa apresentava fortes desvios de gastos advindos de várias despesas com manutenção, rescisões de contrato de pessoal, horas extras, etc., além de índices de produtividade ainda menores. Os japoneses? Chegavam a quase 50 % do seu trecho.

No décimo mês, a primeira empresa acenava com insinuações de renegociar as condições do contrato e concluía 80% do trabalho. Os japoneses atingiam 80% do seu trecho e trabalhavam no mesmo ritmo do início.

No décimo primeiro mês, a primeira empresa estourava o orçamento destinado ao seu trecho e apresentava índices de produtividade que certamente não atenderiam ao prazo necessário. Os japoneses? Preparavam os relatórios de entrega da obra, com custos 10% abaixo do previsto e uma proposta para execução de obras complementares às margens da rodovia, a serem custeadas com os 10% economizados e um acréscimo de mais 15% sobre o valor total. Ao fim do prazo, a primeira empresa foi acionada para o pagamento da multa por atraso (que era de 15% do valor total do contrato) e os japoneses assinavam um novo contrato para obras a serem custeadas pelos 10% de economia e mais 15% sobre o valor total que o contratante deveria disponibilizar mais adiante.

Internamente na empresa japonesa, o Senhor Presidente circulava uma carta:

“Gostaríamos de parabenizar nossos colaboradores pelo sucesso obtido na obra da rodovia. Apesar de não termos conseguido a economia esperada de 15% devido à necessidade de antecipar o início dos trabalhos de campo, obtivemos a assinatura de um novo contrato para obras complementares. O planejamento desta nova empreitada será iniciado imediatamente e contamos novamente com a dedicação de todos. O nosso departamento de engenharia já iniciou as análises, alterações, complementações e detalhamento dos projetos apresentados pelo contratante, bem como os estudos para decidir o melhor processo executivo. Estas atividades serão concluídas em dois meses. Dentro de um mês as equipes do novo trabalho serão treinadas conforme orientações do departamento de engenharia. Até lá, fiquem com Deus e Boas Férias. Os bônus salariais pelo cumprimento das metas nesse empreendimento serão depositados juntamente com seus salários nos próximos dias.”

E tem gente que ainda prefere fazer obra sem ter todos os projetos em mãos e sem um planejamento minucioso.

rene_ruggeri

Sobre o Colunista: Renê Guimarães Ruggeri. Formado em Engenharia Civil, MBA em Gestão de Projetos, Especialista em Gestão de Empresas, 20 anos como Coordenador de Projetos AEC, autor dos livros “Redescobrindo o Processo do Projeto” (2015) e “Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor” (2011), Eng. Máster Coordenador de Projetos na Vale S/A (2011-2015), Professor da Academia Militar de MG no CFOBM (2003-2010), Diretor de Projetos da FEOP(2006-2008), participação em mais de 100 Projetos AEC de variados portes e tipologias (1995-2015), Instrutor, palestrante e escritor nas áreas de Engenharia de Projetos e Gestão de Projetos. Atualmente é Sócio-Proprietário da Renê Ruggeri Engenharia e Consultoria e atua com Gestão de Empreendimentos com foco em Gestão de Engenharia.

Email de contato: rgruggeri@gmail.com – Site: www.reneruggeri.com

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