Publicado em 09/01/2015
Tenho abordado com razoável frequência neste blog alguns aspectos que permeiam a inflação brasileira nos últimos cinco anos. Pode até parecer que estou sendo recorrente ou obsessivo, mas sei o quanto é difícil conviver com os altos níveis inflacionários e com mirabolantes planos de estabilização para combatê-los. Nesse sentido, realço a minha preocupação com criativos arranjos que alargam a amplitude de conceitos e acabam por negar a essência neles contida. Esse é o caso clássico da meta de inflação definida em 4,5% ao ano, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional para ser atingida pelo Banco Central do Brasil.
Se conceitualmente meta é um objetivo, um alvo a ser atingido, com valores e prazos determinados, é que claro no caso da inflação só cabe ao governo atingir os 4,5% estabelecidos como meta. A criatividade começou quando a meta passou a ser chamada de centro da meta, que acrescido de 44,5% para mais, ganhou o nome de teto da meta e assim elasticamente seu valor chegou a 6,5%.
Quando o IBGE divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA do mês de agosto, com o valor de 0,25%, a inflação dos últimos 12 meses acumulou alta de 6,51%, índice bem superior à meta de 4,5%.
O que vivemos na prática com o impacto desses números exige que prestemos mais atenção a eles e ao desenrolar da conjuntura e dos cenários que se desenham. A perda do poder aquisitivo se manifesta diariamente em nossos bolsos, como sentimos na padaria, no supermercado, no sacolão, no restaurante… E olha que a inflação é diferente para o idoso aposentado ou para quem está na ativa criando filhos. Também é imperioso saber que a negociação para a reposição de perdas salarias é anual e sua taxa de sucesso depende da mobilização política dos interessados. O que mesmo assim não garante o sucesso, apenas evidencia que as pessoas estão lutando por algo que perderam.
É notório também que o Governo Federal reduziu as tarifas de energia elétrica no ano passado mas ficou sem sustentabilidade diante da seca e agora cobra por ter lançado mão das caras usinas térmicas. Incrível como o planejamento e a gestão se fizeram ausentes.
Nesse momento também não dá para nos esquecermos que diversos preços administrados pelos governos federal, estaduais e municipais continuam sendo represados, para mitigar os índices inflacionários. Mas mas gasolina, óleo diesel, transportes coletivos, todos estão ávidos por um reequilíbrio de preços. Que isso vai sobrar para nós, não há dúvidas. Só resta saber quando, se nesse ou no próximo governo, com a atual ou a futura presidenta. Se a futura for a atual, será que trocar o ministro da Fazenda será uma mudança suficiente?
Sobre o Colunista: Luis Antônio Borges, é Engenheiro Mecânico formado pela UFMG e Mestre em Engenharia Sanitária e Ambiental. Atua como Diretor, Consultor e Instrutor, Especialista em Planejamento e Gestão Estratégica de Negócios, Governança Corporativa e Sucessão de Empresas Familiares, Gestão Operacional dos Processos, ISO 9000, ISO 14000, ONA, Certificações ANVISA na empresa Luis Borges Assessoria em Gestão.
E-mail de contato: luis-aborges@hotmail.com– Blog: http://observacaoeanalise.com.br
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