Publicado em 28/04/2016
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar a importância do comprometimento dos stakeholders, os benefícios trazidos desta nova área de conhecimento “Partes Interessadas” (5aedição Guia PMBOK) e os respectivos processos e procedimentos para gerir os interessados na implementação de projetos, garantindo a taxa de sucesso, e ampliando a visão quanto às atribuições e responsabilidades durante os processos de gerenciamento do projeto.
INTRODUÇÃO
Stakeholder é qualquer pessoa ou organização que tenha interesse, ou que seja afetado pelo projeto. “Pessoas e empresas, como clientes, patrocinadores, organizações executoras e o público, que estejam ativamente envolvidas no projeto ou cujos interesses possam ser afetados de forma positiva ou negativa pela execução ou término do projeto. Eles podem também exercer influência sobre os objetivos e resultados do projeto. A equipe de gerenciamento de projetos precisa identificar as partes interessadas, mapear os perfis, determinar suas necessidades e expectativas e, na medida do possível, gerenciar sua influência em relação aos requisitos para garantir um projeto bem-sucedido”, PMI (2004).
A palavra vem de:
- Stake: interesse, participação, risco
- Holder: aquele que possui
A teoria dos stakeholders é apresentada por FREEMAN (1984) como indivíduos e grupos que podem afetar ou serem afetados pela organização. O autor acrescenta que os stakeholders são formados por grupos que têm direito legitimado sobre a empresa. FREEMAN (1984) apresenta em seus estudos um modelo dos relacionamentos entre empresas e agentes influenciadores onde a empresa está no centro e os stakeholders nos extremos de raios que partem deste centro.
Mitchell, Agle e Wood (1997) referem que os relacionamentos potenciais podem ser tão importantes quanto os atuais e sugerem a criação de uma teoria da identificação e priorização de stakeholders abrangente que inclua as potenciais relações, porque tal identificação pode, no mínimo, ajudar as organizações a evitar problemas e talvez até mesmo a melhorar a eficácia.
A partir da definição dos stakeholders, deve-se preparar um plano de gerenciamento da comunicação que garanta o fluxo da informação em tempo real, assegurando o envolvimento dos stakeholders para o sucesso das implantações de projetos.
Ademais, a disponibilidade de informações durante o gerenciamento do projeto, e de acesso rápido e o estabelecimento de políticas de comunicação (reuniões periódicas, comunicados e status report) que contemplem os interesses específicos de cada grupo, permite a valorização dos diversos pontos de vista e a conciliação de ideias que se superpõem. Este equilíbrio de forças conjunturais é o responsável pelo sucesso de um projeto.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Entender melhor os aspectos do elemento principal de um projeto, e as características dos stakeholders, é fator preponderante para potencializar as chances de sucesso do projeto. Portanto, metodologias, ferramentas, conhecimentos técnicos e administrativos, isoladamente, não são suficientes para asseverar o gerenciamento do projeto de forma eficiente e eficaz.
Na fundamentação teórica, FREEMAN (1984) defendeu que os stakeholders são compostos por grupos que influenciam e são influenciados pela organização. Portanto, cabe ao gestor do projeto considerar as sua importância na formulação das estratégias e na aplicação dos processos de gerenciamento do projeto e o contexto de atuação, para facilitar as políticas de relações que proporcionam novas formas de interação entre as partes: acessibilidade, engajamento, diálogo e negociação.
Junqueira e Wada (2011) apontam que “o envolvimento das organizações com seus grupos de interesses requer conhecimento para que se tenha uma relação que seja construtiva e produtiva para os envolvidos no negócio”.
O engajamento de stakeholders, além de ser essencial para a implementação de estratégias de sustentabilidade no gerenciamento de projetos, tem que estar diretamente alinhado aos valores da organização. Destarte, para “acompanhar os projetos”, “cumprir os nossos compromissos”, “desenvolver e gerir pessoas” e “garantir resultados” é preciso criar canais de relacionamento fortalecidos pela compreensão de nossos anseios, compartilhando soluções. Diante do exposto, é imperativo conquistar o envolvimento dos stakeholders, alinhando expectativas para obtenção do sucesso do projeto, privilegiando uma governança por resultados.
REFERÊNCIAS
- FREEMAN, R. E. A stakeholder theory of the modern corporation. In: BEAUCHAMP, T., BOWIE, N. (Ed.), Ethical theory and business. 5th ed. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1997. p. 66-76.
- JUNQUEIRA, Rosemeire R., WADA, Elizabeth K. Stakeholders: estratégia organizacional e relacionamento. Estudo de casos múltiplos do setor hoteleiro. Revista Ibero-Americana de Estratégia – RIAE, São Paulo, v. 10, n. 3, p. 94-125, set./dez. 2011.
- Mitchell, R. K., Agle, B. R. e Wood, D. J. (1997) Toward a theory of stakeholder identification and salience: Defining the principle of who and what really counts. Academy of Management Review, 22 (4), pp. 853‐886.
- PMI – Project Management Institute. A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide). 5th ed. Pennsylvania: Project Management Institute Inc. 2013.
- TREFF L, BATTISTELLA LR. Inovação em Gestão de Projetos na Administração Pública. Rio de Janeiro: Brasport, 2013.
- ZACARELLI, S. B. Estratégia e sucesso nas empresas. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003.
Sobre a Colunista: Lilian Treff, Mestre em Gestão Empresarial – Programa de Mestrado Profissionalizante pela Universidade Cidade de São Paulo. Especialista em Didática do Ensino Superior, pela Universidade Mackenzie, em Gestão de Projetos pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini – USP e em “Gestão do Conhecimento, Educação Corporativa e Aprendizagem Organizacional” (FIA/USP). Graduada em Pedagogia – Licenciatura Plena, com foco em Administração Escolar, pela Universidade São Judas Tadeu. Autora do livro Inovação em Gestão de Projetos na Administração Pública. Certificada em Coach – Personal & Professional Coaching (PPC) e Executive Coaching. Practitioner em Programação Neurolinguística. Sólida experiência na criação de metodologia de gerenciamento de projetos, implementação de Project Management Office (PMO), e Change Management. Co-Autora (patente) do Registro de Programa de Computador – “Sistema de Gestão dos Resultados na Atenção em Saúde Bucal às Pessoas com Deficiência para Sistema Único de Saúde” – Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e UNESP. Atualmente Consultora de Projetos Change Management – Strategy Business.
E-mail de contato: ltreff@uol.com.br
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