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Interestelar e o dilema do tempo: trabalho x filhos

Publicado em 27/06/2016

Interestelar parece ser um filme sobre viagens intergalácticas, buracos negros, o futuro da humanidade, tecnologia e outras dimensões. Parece, mas não é. Tudo isto é mero pano de fundo para uma grande parábola moderna sobre pais e filhos.

tempo

Poster do filme

Nesta ficção-científica, que se passa em um futuro não muito distante, a Terra é um lugar tomado por tempestades de poeira e por pragas que acabaram com praticamente todos os alimentos do planeta. A sociedade já não está mais estruturada como antes e a humanidade tenta sobreviver de plantações que ainda não foram afetadas. Joseph Cooper é um ex-engenheiro espacial que se tornou cultivador de milho, um dos poucos sustentos remanescentes da população mundial, e que cria seu filho e sua filha em uma fazenda onde vive com seu sogro.

Logo, Cooper vê surgir uma oportunidade junto a uma equipe da (então supostamente extinta) NASA: embarcar numa missão espacial que poderá salvar a humanidade e permitir o perpetuamento da espécie. Obviamente, o custo da longa jornada é alto: ele provavelmente não acompanhará o crescimento dos filhos.

O grande dilema que atormenta pais (e entenda-se aqui o sentido amplo, pais e mães) na sociedade atual é como dimensionar seu tempo. Os pais vivem no instinto de tentar dar sempre o melhor para os filhos, enquanto se cobram para passar mais tempo com eles. Mas, trabalhar, gerar receita para prover melhor educação, alimentação adequada, mais lazer, etc, não é essencial para proporcionar uma vida melhor para a prole? Trabalhando tanto, como ser mais presente? O que é melhor: trabalhar (e sair para salvar o mundo, investindo num futuro melhor) ou ficar em casa (cultivando milho, apenas sobrevivendo, mas estando ao lado dos filhos)?

Em determinado momento, o filme propõe que “pais existem para se tornarem as lembranças de seus filhos”. Se os pais constantemente deixam que as situações de trabalho, que já ocupam a maior parte do dia, passem a engolir também seus horários livres, então estão fadados a protagonizar a cena (de partir o coração) em que o astronauta se dá conta que o tempo na Terra passou e que seus filhos cresceram sem ele?

Trailer do filme

Infelizmente, não há uma resposta correta para todas estas perguntas. Tudo indica que a solução mais sensata seria, como tantas coisas na vida, o equilíbrio. Aprender a dosar bem o tempo, de forma proporcional às necessidades e aos anseios pessoais. E enquanto este aprendizado está em andamento, o tempo passa. Aí, o importante é aproveitá-lo bem: dentro da espaçonave, concentrar na missão sem se culpar; na fazenda, desfrutar plenamente da companhia dos filhos sem ficar pensando em como salvar o mundo.

jose_roberto

Sobre o Colunista:  José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema.

E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Fabiola Silva disse:

    Concordamos com o artigo, pois acreditamos que os pais em busca da adaptação de uma vida melhor acabam deixando a fase de crescimento dos filhos de lado, e pelo fato de sempre estarem prontos para novos desafios e, até mesmo de fazer escolhas, como o trabalho e a família. Sendo que o trabalho, na maioria das vezes, seja a prioridade naquele momento para um conforto melhor do futuro de sua família. Aprendemos assim, que devemos estar aptos a mudanças e analisar as prioridades do dia a dia, e saber utilizar a tecnologia a nosso favor para que tenhamos mais tempo para o convívio familiar. Infelizmente, não tem como sabermos o melhor projeto de vida, pois futuramente nossas decisões no dia a dia é que define o sucesso do nosso projeto de vida.
    Fabíola e Cristiane

  2. Lívia Mara Greco disse:

    Termos desconhecidos

    Interestelar: Que se situa entre as estrelas.
    Prole: Conjunto dos filhos e filhas de um indivíduo ou de um casal, humano ou não

    O texto é uma ficção científica em um futuro não muito distante, a terra deixa de ser uma fonte de vida e se torna uma ameaça à espécie humana. Devido à falta de comida, água, e as tempestades de areia cobrem o mundo de pó, acabando com as plantações e os homens. A principal preocupação é com o fornecimento de alimentos. O último alimento que resta é o milho que, em pouco tempo, também será arruinado. A única solução é deixar o planeta que se tornou inútil e buscar em algum lugar do universo outro lugar para habitar, para isso Cooper vai pagar um preço muito alto abandonando o crescimento dos seus filhos. Valerá a pena deixar os filhos para salvar a humanidade? Vale a pena sacrificar o específico para salvar o geral?

    Concordo com texto, pois nos tempos atuais a sociedade é marcada pela correria do dia-a-dia e pela constante mudança de cenários. Essas mudanças ocorrem em ritmo acelerado e é preciso adaptar-se a todo o momento. Diariamente, o homem enfrenta novos desafios e estabelece novas prioridades. Entretanto, não conseguem alcançar as metas estabelecidas, nem todas as prioritárias são cumpridas. Com isso não conseguimos acompanhar o desenvolvimento dos filhos tendo que terceirizar a educação dos mesmos.

    Durante séculos o homem desenvolveu tecnologia no intuito de estimular a produção de máquina para obter tempo para a atividade intelectual, para o lazer e família. No entanto, o aumento da automação, em muitos casos, dispensou a mão de obra humana, mas a criação de tecnologias subordinou ainda mais o indivíduo ao seu trabalho.

    Fazendo uma analogia ao texto, os seres humanos são os proles do planeta terra, e como estamos cuidando do nosso pai? O pai que nos proporciona tudo que precisamos para nossa sobrevivência. O texto nos deixa como lição aprendida, devido tanta tecnologia e falta de tempo as pessoas estão se distanciando e as famílias estão cada vez menores, se não existir um equilíbrio o planeta terra entrará em colapso em um futuro próximo, quando nem mesmo toda a tecnologia existente será capaz de salvar a humanidade.

  3. Saulo Silva disse:

    Este fenômeno se assemelha a “Corrida dos Ratos”, presente no clássico “Pai Rico Pai Pobre”, de Robert Kiyosaki, que mostra que as pessoas entram em um círculo vicioso de lutar cada vez mais por maiores salários e prestígios, em suas “jornadas para salvar o mundo”, trabalhando dia e noite para adquirirem uma casa maior, melhores carros, viagens para os filhos e, com isso, acabam se tornando refém do trabalho, pois possuem tantas obrigações financeiras que não podem simplesmente abandonar ou diminuir o ritmo para passarem mais tempo com seus familiares.

    O planejamento financeiro e a gestão do ciclo da vida são essenciais para garantir tranquilidade e permitir o foco necessário na carreira, sem deixar de aproveitar e desfrutar a companhia dos filhos. Como dito, o equilíbrio entre o trabalho e a convivência familiar aparenta ser a solução mais sensata.

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