Publicado em 14/07/2016
A Qualidade na Arquitetura
Inicialmente é necessário definir o que é a qualidade em um projeto de arquitetura.
Por se tratar de arte construída, talvez a primeira virtude de um projeto arquitetônica de boa qualidade seja o seu desempenho estético. O projeto é bonito ou não?
A estética, ou a beleza são características subjetivas. O mesmo design pode ser agradável para um, e não para o outro.
É fácil de entender este conceito se nos deslocarmos para o mercado automotivo. Um veículo pode ter um design que agrade a você, porém que não agrade ao seu amigo, por exemplo. Partimos assim do consenso de que não há design perfeito, uma vez que a própria interpretação e emoções geradas em cada indivíduo depende de sua experiência estética prévia.
Então, qual é o melhor design? Podemos portanto, ainda em analogia ao mercado automotivo, sugerir que o melhor design é aquele que agrada a um número maior de usuários (cliente) e portanto poderá, inclusive, vender mais.
De forma análoga, funciona com a arquitetura. Um projeto reconhecido por sua beleza (aqueles que muitas vezes se tornam inclusive pontos turísticos ou marcam o skyline de uma cidade), possivelmente é aquele que possui harmonia estética capaz de encantar e surpreender um número maior de usuários.
Qualidades Subjetivas da Arquitetura
Assim como a beleza, a arquitetura possui algumas outras qualidades subjetivas. Algumas mais, outras menos subjetivas. Entre elas podemos citar: conforto, bons fluxos, proporção, sustentabilidade (embora haja índices para mensuração), adequação da implantação, construtibilidade, inovação, adequação com o público alvo, relação com o entorno, otimização estrutural, etc.
Algumas qualidades são extremamente palpáveis, porém, infelizmente, não é possível utilizá-las como indicador desde o início de um projeto, por exemplo: qual o payback do projeto? Quanto a solução estrutural proposta economizará ao longo da obra e da vida útil da edificação?
Percebe? É difícil colocar números e ranquear todos os atributos de uma boa arquitetura.
Valor x Preço no Projeto de Arquitetura
Uma vez vencido o entendimento de que nem toda a qualidade da arquitetura é mensurável, há de se compartilhar do entendimento de que alguns profissionais (e empresas) conseguem fornecer este leque de qualidades subjetivas para seus clientes, e outros não.
É através do reconhecimento de um trabalho bem feito, através de exposição positiva em mídias, redes sociais, feedback dos usuários e, principalmente através do boca a boca, que se constrói um nome sólido em arquitetura e engenharia.
A partir daí, devemos recorrer ao dito popular: “Preço é o que você paga. Valor é o que você leva.”.
Um projeto que custe 0,5x, que gerará uma obra de má qualidade, ao custo de 1,5y, é muito menos vantajoso (mais caro) do que um projeto que custe 2x, que por sua vez gerará boa arquitetura ao custo de 1y.
Lembrando, é claro, que o valor de todos os projetos (arquitetura + complementares) gira de 3 a 10% do valor total da obra (variando com a tipologia, porte e padrão).
Qualidades Mensuráveis da Arquitetura e da Boa Gestão de Projetos
Uma vez que as qualidades subjetivas são de complexa mensuração, não há possibilidade, por exemplo, de coloca-las em contrato. Como colocar em um contrato que a arquitetura deverá ser bela ou confortável?
Por outro lado, há sim, indicadores muito concretos que podem não significar necessariamente boa qualidade, mas sem dúvida serão a entrada com o pé-direito em qualquer empreendimento que demande projetos. São eles: Escopo, custo e prazo.
A Gestão das Qualidades Tangíveis dos Projetos de Arquitetura e Engenharia: Escopo, custo e prazo.
As boas práticas contemporâneas de gerenciamento de projeto focam a maior parte de seus esforços na gestão desta trilogia: Escopo, custo e prazo.
Há sempre em uma relação comercial, pelo menos dois lados, o contratante e a contratada.
Escopo: É importante que a contratada, ou fornecedora dos serviços seja extremamente clara em sua proposta técnica com relação ao escopo que está sendo fornecido. Trata-se do produto, comumente chamado objeto, que será entregue. A clareza na definição do escopo possibilitará acompanhar o grau de satisfação do contratante ao final do processo. Ele saberá ao certo o que ele está contratando, o que será entregue e assim não criará expectativas além ou aquém do serviço em tela.
Custo: Na contratação de projetos, ultrapassado o entendimento da diferença entre Valor x Custo, não há de se perder de vista que o custo, tanto quanto o valor é um item de extrema importância na composição orçamentária de um empreendimento. Portanto é importante a proponente alinhar exatamente o custo ao escopo proposto. Desta forma, saberá exatamente quanto receberá ao final do projeto. Da mesma forma, o contratante saberá exato qual será o desembolso necessário para a conclusão da etapa de projetos. É importante antecipar possíveis riscos ao custo (lucro no caso da contratada). Os principais vilões são: retrabalho, revisões desnecessárias (em função de um briefing mal feito) e inclusão de itens inicialmente fora de escopo.
Tempo: A empresa de projetos (contratada) não fornece ao seu cliente metros quadrados ou pranchas de projeto. O que se vende, na verdade, são horas de trabalho técnico. Portanto, um prazo de execução maior do que o previsto, necessariamente significará prejuízo para o proponente, frente ao estimado inicialmente. Do ponto de vista do contratante, a dilação de prazo também é extremamente indesejada. Pode comprometer todo um planejamento de obra, atrasar a inauguração ou início da operação, até mesmo gerar multas contratuais, vencimentos de aluguéis, extrapolação de carência, etc.
Fica claro, portanto, que a boa gestão da qualidade dos projetos não é desejável somente do ponto de vista do contratante. Toda a saúde da empresa de projetos depende de alcançar bons resultados dentro destas métricas mais tangíveis.
Tenha claro, projeto se contrata por qualidade (técnica) e não por leilão (preço).
Conte com a Renato Melo | Arquitetura para garantir solidez em seu próximo empreendimento!
Sobre o Autor:
Renato Melo é doutourando em projetos arquitetônicos, mestre em projetos arquitetônicos, arquiteto e urbanista. Começou cedo na prática da arquitetura. Desde o início de sua carreira trabalhou como trainee nos mais renomados e conhecidos escritórios de Belo Horizonte, adquirindo experiência em projetos diversos, como: aeroportos, rodoviárias, residências de luxo, hospitais, hotéis, edifícios residenciais e comerciais, interiorismo para lojas e conceitos para franquias, urbanizações, além de design de produtos e mobiliário.
E-mail para contato: info@renatomelo.com – site: http://www.renatomelo.com.
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
O sucesso da qualidade nos projetos relacionados à construção civil está vinculado à busca pela conformidade entre os objetivos da arquitetura e da engenharia propostos. Enquanto a Arquitetura se encarrega principalmente com requisitos de qualidade do cliente/sociedade, a Engenharia se volta para a qualidade dos requisitos quanto à racionalização para a viabilidade do empreendimento.
O setor de arquitetura irá exigir tanto requisitos de qualidade mensuráveis, como a altura da edificação, a quantidade de pavimentos, a área dos apartamentos, quanto requisitos subjetivos como o impacto do projeto na população vizinha, seus efeitos na paisagem urbana, ou o nível de satisfação do cliente. Por outro lado, o departamento de engenharia possui uma visão metódica e sistêmica, analisando requisitos de qualidade dos produtos empegados na construção do projeto, do método construtivo empregado a gerar menor custo e tempo hábil de construção, das características físicas e químicas do solo em questão, dentre outros.
Portanto, é extremamente necessário que ao se discutir a concepção do projeto em sua iniciação estejam presentes as duas partes citadas. Desse modo, serão formados os requisitos comuns de qualidade do projeto com base em suas respectivas avaliações evitando contradições nas fases de planejamento e execução.