Valorização dos Benefícios em projetos de Melhoria Contínua

RESUMO

Como valorizar os projetos de melhoria contínua para a organização, demonstrando os verdadeiros custos e ganhos, a partir de melhorias futuras e seus benefícios? Como demonstrar para a direção da organização os benefícios propostos a partir de um investimento necessário? O objetivo deste artigo é demonstrar um modelo de valorização, através do método B/C, para estimar e orientar os benefícios tangíveis a partir de uma necessidade de investimento. Ao final, espera-se aguçar ao leitor a prática de desenvolvimento de projetos de melhoria contínua nas organizações, transmitindo os ganhos esperados para tal aplicação.

INTRODUÇÃO

Injetar energia num projeto de Melhoria Contínua de uma operação, posto de trabalho, produto ou serviço e não ser aprovado pela gerência ou direção da organização para ser implantado é muito frustrante. Vários motivos podem levar a não aprovação:

• Dificuldade de colocar no papel o objetivo e a essência que se propõe;
• Os dados apresentados de fontes não seguras;
• Achismo das possíveis causas que levam a anomalia;
• Achismo dos possíveis benefícios que a implantação pode gerar;
• Dados inconsistentes das fontes;
• Pouca riqueza de detalhes das premissas substanciais para o sucesso do projeto.

Enfim, são inúmeras razões que levam os projetos de melhoria e redução de custos a não serem aprovados naquele momento.

Em contrapartida, é importante ressaltar também, que em alguns casos, o corpo gerencial ou a diretoria da organização não tem facilidade de compreender os benefícios que podem ser adquiridos a partir de um investimento. Em alguns aspectos, enxergam como custos que neste momento não tem capital disponível para aplicar em tal projeto ou que neste momento não é prioritário tal investimento.

A partir do método B/C (Benefício em relação ao Custo), é possível ter uma maior abrangência do entendimento que o projeto poderá alcançar e enaltecer os reais ganhos.

DESENVOLVIMENTO

Os detalhes que compõem a estimativa de resultados na aplicação da melhoria contínua em uma operação, são muito mais abrangentes do que o investimento em relação à extinção da anomalia que antes persistia.

Vejamos como aplicação do B/C o exemplo a seguir:

“No posto de montagem da Guia de Escorrimento H123-X, a célula de trabalho está com baixo índice de eficiência. Atualmente, neste posto de montagem, trabalham 07 operadores de produção para realizar a atividade. ”

Abaixo segue o layout atual do posto de montagem da Guia de Escorrimento:

Figura 1 – Layout atual

No layout, os operadores destacados na cor amarela, são operadores que realizam a transformação do produto durante toda a atividade de Montagem da Guia de Escorrimento. Os operadores destacados na cor marrom, são operadores responsável por transportar as peças em processo de uma bancada de montagem para a outra.

Possivelmente, se apresentar uma proposta de investimento, em torno de R$70.000,00 para um diretor de uma organização para sanar o problema, somente enfatizando a causa raiz, a ação para eliminá-la e o aumento da eficiência, a chance de sucesso de aprovação por parte da diretoria poderia ficar em risco, porque não está substancialmente demonstrando os demais resultados ao investimento proposto. Como contornar esta situação?

Segue então uma proposta para utilizar o método B/C para elucidar os benefícios que poderão ser atingidos:

A partir das ferramentas 5G[1], 5 PORQUEs[2], 5W1H[3], foram levantadas diversas oportunidades e, em resumo, as oportunidades geraram o Projeto de Aumento de Eficiência do posto de Montagem das Guias de Escorrimento[4].

A partir destas oportunidades, segue o resumo de investimento:

Tabela 1 – Custo com materiais e aquisição de equipamentos (dados hipotéticos)

Além do investimento em aquisição de materiais e equipamentos, segue o custo para implantação deste projeto, em relação às horas de dedicação e envolvimento dos colaboradores:

Tabela 2 – Custo de pessoas para a implantação do Projeto de Melhoria (dados hipotéticos)

Conforme premissas estabelecidas na implantação do projeto, terá um ganho de ocupação de área física utilizada com a otimização do layout, proporcionando liberação de áreas para futura expansão:

Tabela 3 – Ganho anual de redução de utilização de área (dados hipotéticos)

A partir da otimização do layout, reduzirá a necessidade de limpeza da área produtiva antes ocupada e geradora de sujeira:

Tabela 4 – Ganho anual de redução do tempo necessário para limpeza da área produtiva (dados hipotéticos)

A partir da otimização do layout e a aquisição das mesas giratórias, em conjunto com as esteiras gravitacionais, eliminou-se a necessidade deslocamento de peças em processos, fazendo com que as peças em transformação sejam deslocadas nas esteiras gravitacionais, sem a necessidade de força humana para o deslocamento:

Tabela 5 – Resultado de redução anual de NVAA (dados hipotéticos)

Com a junção das ações anteriores e a aplicação do balanceamento da Linha de Montagem da Guia de Escorrimento, teve como resultado a redução de mão de obra para melhoria do fluxo e eficiência:

Tabela 6 – Ganho anual da redução de mão de obra após aplicação da melhoria

(dados hipotéticos)

Como resultado de todo este trabalho, segue o novo layout modificado para a Montagem das Guias de Escorrimento, melhorando assim a eficiência do posto de trabalho e o resultado financeiro da organização.

Figura 2 – Layout final com a implantação do projeto

Como resultado de todo este levantamento de informações, dados, custos, benefícios e afins, tem-se o B/C, que é a relação entre o Benefício sobre o Custo:

Tabela 7 –  Demonstração B/C

De posse destes dados, o resultado a ser apresentado à diretoria segue as seguintes premissas:

• Para cada R$ 1,00 investido, no Projeto de Aumento de Eficiência do posto de Montagem das Guias de Escorrimento, os benefícios estimados são 1,90 vezes o valor investido[5];
• O resultado mínimo para viabilizar o projeto de Melhoria, o valor do B/C necessita apresentar valor superior a 1,00;
• Para os projetos que são vinculados à segurança e integridade física das pessoas, o resultado do B/C não leva em consideração a premissa anterior, pois a segurança é um bem intangível;
• Para os projetos voltados à qualidade final do produto, é aconselhável seguir a mesma premissa do item anterior, pois a satisfação do cliente final é determinante para a perpetuação dos vínculos comerciais.

CONCLUSÃO

Não é tarefa fácil explicitar detalhes que, em certos cenários, são de extrema relevância para a apreciação e aprovação. Ainda mais no momento econômico atual onde a ordem máxima é redução de custo. Detalhes que parecem ser banais em alguns aspectos, para aprovação de um projeto voltado para melhoria contínua e afins, podem ser cruciais para a aprovação e aplicação do mesmo. Em sua grande essência, são os detalhes que dão vida às aplicações de projetos de melhoria contínua. Exercitar o método B/C pode gerar resultados melhores em relação ao aceite das pessoas-chave.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• https://www.prezi.com
• http://www.apostilasdaqualidade.com.br
• http://www.marketingfuturo.com
• http://www.lean.org.br/

DOWNLOAD

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NOTA

[1] Instrumento que auxilia na resolução de problemas, identificando-o através da observação direta. Para resolvermos um problema é necessário entendê-lo totalmente e ir até ao local fará com que a pessoa tenha sua própria visão dos fatos que compõem o problema. (Fonte: https://prezi.com/gkbpedues9t6/ferramenta-5g/)

[2] Os “5 Porquês” é uma técnica para encontrar a causa raiz de um defeito ou problema.(Fonte:http://www.apostilasdaqualidade.com.br/os-5-porques-5-why-analise-da-causa-raiz/#ixzz4KKs2A7fh)

[3] O 5W1H é um documento de forma organizada que identifica as ações e as responsabilidades de quem irá executar, através de um questionamento, capaz de orientar as diversas ações que deverão ser implementadas. (Fonte: http://marketingfuturo.com/5w1h-ferramenta-da-qualidade/)

[4] Os dados das ações propostas neste projeto foram mantidos em sigilo por solicitação da organização.

[5] Não foi considerado para este exemplo algumas noções de depreciação de equipamentos e aspectos de Análise de Investimento para aquisição/substituição de equipamentos.

Sobre o Colunista: Elienay Marçal Fialho Fuly é Graduado em Engenharia de Produção, Especialista em Engenharia de Produção Enxuta / Melhoria Contínua, MBA em Administração de Projetos e MBA Executivo em Gestão de Negócios. Atualmente atua como Engenheiro de Processos Sênior no desenvolvimento e implementação de soluções em melhoria contínua de processos no setor automobilístico. Atua também como consultor de soluções em Engenharia de Processos e Melhoria Contínua desde 2014. Palestrante em temas de Redução de Custo, Engenharia de Planejamento, Engenharia de Produção e Melhoria Contínua. Autor de artigos e colunista sobre Gestão de Projetos com foco em Produção, Logística, Melhoria Contínua e áreas correlatas. Está presente na indústria desde 2005, atuando nos setores da indústria automotiva, mineração, caldeiraria, usinagem e construção civil. Possui experiências nas áreas de Gestão e Engenharia de Processos, Controle de Qualidade, PCP, Auditoria ISO 9001, Administração de Contratos e Diligenciamento. Lecionou em escola técnica as disciplinas de Matemática Aplicada e Tecnologia dos Materiais.

E-mail de contato: elienayfuly@gmail.com

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