Publicado em 01/06/2017
O termo ‘poder’ normalmente está associado a governos, grandes organizações ou a pessoas gananciosas. Mas, ele existe, e é necessário, até nas menores estruturas. E pode estar presente até em quem não é sedento por ele. Curiosamente, Até o Último Homem, filme de guerra baseado em uma história real, desmistifica ao mesmo em que auxilia a entender os tipos de poder encontrados na literatura de gestão de projetos.
Poster do filme
A obra de Mel Gibson narra a trajetória de Desmond Doss, um americano que voluntariamente se alistou no exército, e posteriormente foi combater na II Guerra Mundial, com a convicção religiosa de não matar e nem sequer pegar em armas. Seu objetivo era atuar como socorrista, apenas salvando vidas. Chamado de covarde, sofreu rejeição e perseguição de colegas e de superiores, correndo risco inclusive de ser levado à corte marcial. Na zona de batalha, porém, realizou feitos verdadeiramente heroicos, salvando sozinho 75 homens, em situações em que outros já teriam desistido.
Determinada cena do filme reproduz com fidelidade o momento em que todo um batalhão ficou imóvel, quando deveria já ter partido para o combate. Um superior esbravejou pelo rádio, mas o comandante explicou: “Os homens não vão se mexer enquanto o Cabo Doss não terminar suas preces e se juntar a nós”. Esta passagem ilustra perfeitamente o poder que Desmond conquistou.
Os tipos de poder existentes são basicamente os mesmos no exército, em uma família ou em uma empresa. Eles podem auxiliar a liderança, como o gestor de projetos, a conquistar a cooperação e o bom desempenho das pessoas, principalmente em cenários como os de organizações matriciais. São eles:
– Formal (ou legítimo): poder baseado em cargo.
– Recompensatório: poder que emana da concessão de recompensas.
– Penalizatório (ou coercivo): poder que emana da capacidade de punir os membros da equipe.
– Especialista: poder que emana da experiência e/ ou capacidade técnica (ou de gestão).
– Referente: poder que surge de carisma ou fama, pelo fato de ser querido, respeitado ou ser um modelo a ser seguido.
Dentro de uma estrutura altamente hierarquizada e dependente de autoridade, ou seja, voltada (se não exclusiva) aos poderes formal, penalizatório e, em menor escala, recompensatório, Desmond chegou impotente e, sem almejar, acabou conquistando o poder referente. Assim, ganhou a confiança e o comprometimento de toda uma equipe, sem ser chefe, líder ou general. E provou que nem sempre a primeira impressão é a que fica.
Trailer do filme
Em meio a tantos livros grossos e palestras caras com dicas, fórmulas, e ensinamentos de como cativar e motivar equipes, seria curioso tentar descobrir o “segredo” da façanha de Desmond. Seu depoimento seria: “Eu apenas fui fiel aos meus princípios e fiz meu trabalho.”
Sobre o Colunista:
José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema. E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br
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