Publicado em 02/12/2013
Uma das ferramentas mais poderosas do Gerenciamento de Projetos diz respeito à utilização das lições aprendidas. Basicamente, ela se refere ao acúmulo e registro de conhecimentos e experiências ao longo da realização de projetos, visando a sua aplicação em empreendimentos semelhantes.
Apesar de o Gerente e sua equipe serem capazes de assimilar essas informações naturalmente, só é possível obter consistência na utilização de lições aprendidas, a partir de sua documentação em um banco de dados apropriado. Ele permite uma atuação efetiva em projetos futuros para corrigir desvios conhecidos e obter o máximo de eficiência da cadeia produtiva.
Essa prática visa o mapeamento do melhor caminho para se atuar em determinado projeto, baseado nas ocorrências e resultados obtidos anteriormente. O objetivo é criar um portfólio que funcione como fonte de consulta para qualquer indivíduo que venha a atuar em equipes de projetos da organização, sendo esse capaz de atentar a detalhes críticos em todas as etapas.
A importância para a construção civil
Apesar de parecer óbvio o conceito de acumular experiências para não cometer os mesmos erros, nem sempre as equipes de projetos se concentram nesse aspecto. Na construção civil, por exemplo, onde a rotatividade de profissionais e, consequentemente, de capital intelectual é muito grande e que pode ser desempenhada em locais de características distintas, vários empreendimentos de uma mesma organização sofrem com problemas semelhantes.
Isso acontece, simplesmente, porque se ignora a importância de possuir registros das ocorrências passadas e dos imprevistos enfrentados. Documentos nesse sentido garantiriam a retenção de experiência pela organização, não pelos profissionais, reduzindo os impactos das sucessões de cargos e proporcionando melhoria contínua na realização dos projetos.
Exemplos práticos
Existem determinados aspectos que devem ser observados na hora de realizar o registro de lições aprendidas na construção civil. Alguns exemplos:
Fatores climáticos: O ambiente possui muito impacto em construções. Sendo assim é essencial conhecer o clima da região onde se trabalha, pois o impacto disso vai desde a fase de planejamento, onde as produtividades devem ser adequadas, por exemplo, ao ciclo de chuvas, até a execução, em que cuidados adicionais podem ser requeridos.
Características técnicas: Esse aspecto é de extrema importância, pois ele pode redefinir as soluções escolhidas de acordo com as características do local. Um exemplo é a questão do solo, que em certos Estados, como Minas Gerais, apresenta maior coesão e resistência do que em outros. Sendo assim os equipamentos de perfuração, bem como as produtividades, têm grandes chances de apresentar diferenciação.
Fornecedores: Conhecer os fornecedores disponíveis, bem como suas particularidades é uma questão crucial. Além de manter o registro de todos os utilizados, agilizando pesquisas futuras, as falhas e diferenciais de cada um devem ser documentadas, propiciando escolhas ágeis em caso de urgência.
Legislação: Existem diversas definições legais que variam de acordo com o local de execução da obra. Aspectos construtivos, trabalhistas e relacionados ao meio ambiente podem causar o embargo da construção e prejudicar o projeto, caso não sejam devidamente atendidos.
Todas as ocorrências nesse sentido e as peculiaridades jurídicas dos Estados onde se atua devem ser registradas e analisadas de antemão, visto que não adianta estabelecer um prazo e construir um cronograma se não houver garantia de que os requisitos legais serão atendidos a tempo de executar cada etapa do projeto.
Métodos e recursos: Outro ponto que nunca deve ser ignorado diz respeito aos métodos e insumos aplicados na realização das atividades. Mesmo que haja procedimentos operacionais e recursos predefinidos, em diversos casos adequações se fazem necessárias e devem sempre ser registradas. Isso pode poupar tempo e esforço durante a etapa de execução do projeto.
Preços: Por fim, um aspecto que influencia quando se realiza o planejamento de projetos em regiões próximas é o do preço dos recursos utilizados. Para que seja produzido um cronograma assertivo o ideal é que os preços sejam sempre coerentes com a região de realização da obra. Sendo assim, registrar os preços praticados fornece uma base precisa de consulta para estimativas preliminares.
Aplicando as lições aprendidas
A associação de conhecimentos técnicos e gerenciais com as lições aprendidas representam, em muitos casos, a base para o sucesso do projeto
Não basta apenas realizar o registro das lições aprendidas. É necessário fazer utilização efetiva das mesmas para que elas surtam o efeito desejado. Sendo assim, o ideal é desenvolver um meio de consulta eficaz e estipular como procedimento operacional sua consulta antes do início das atividades de qualquer projeto.
Os documentos gerados jamais devem permanecer esquecidos em gavetas. Eles exigem trabalho e dedicação e devem se tornar meios que melhorem os resultados a cada projeto. Cabe ao Gerente e a sua equipe dar-lhes o devido valor e aplica-los efetivamente na realização de suas atividades.
Referências:
- PMI – A Guide to the project management body of knowledge (PMBOK© Guide) – Fifth edition, 2012.
Sobre o Colunista: Bruno Augusto, estudante do Curso de Engenharia de Produção Civil no CEFET MG. Trabalha há 3 anos como Assistente de Engenharia em Planejamento e Controle de obras de galpões industriais, na empresa SGO construções. Na área de construção, também já atuou com controle tecnológico de concreto e execução de obras prediais. Técnico em Química formado pelo CEFET MG, trabalhou por 1 ano e meio como Inspetor de qualidade em uma indústria da Coca Cola Company. Criador e idealizador do blog A Engenharia em Foco: http://aengenhariaemfoco.blogspot.com.br.
E-mail de contato: brunosilva.civil@gmail.com
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