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Objetivos da Gestão de Conhecimentos Sensíveis

Publicado em 28/11/2013

A Gestão de Conhecimentos Sensíveis é a denominação genérica de uma necessidade nascida nos primórdios da humanidade e fundamental para a sua manutenção, senão para a sua própria sobrevivência, que é a de que os Decisores sejam informados oportunamente sobre as ameaças e oportunidades aos seus interesses.

No Brasil, a área responsável pelo trabalho de obtenção desses alertas antecipados foi inicialmente chamada de Informações e Contrainformações, tendo posteriormente essa denominação alterada para o que ainda hoje é conhecido, em alguns órgãos públicos específicos, como Inteligência e Contra inteligência, ou como Atividades Sigilosas, termo que a torna legalmente disponível também ao setor privado. Na prática, essas expressões evoluíram e convergiram para a Gestão de Conhecimentos Sensíveis, ou Gestão de Sigilos, conceito que acomoda todas as necessidades de ambos os setores, com a vantagem de abranger também o 3º setor.

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A importância de que todos os Decisores a conheçam e entendam pode ser medida pelo fato de que os ministros de Estado, quando assumem, recebem um treinamento de 2 horas sobre como lidar com os Conhecimentos Sensíveis que receberão enquanto estiverem à frente dos seus cargos. O (ou a) Presidente da República recebe um treinamento de 4 horas, e o Presidente e o Vice-Presidente dos Estados Unidos da América recebem um curso de um dia inteiro sobre como tratar esse tipo de assunto, bem como sobre as formas de conduzir o trabalho das 16 agências especializadas que compõe a Comunidade específica daquele país, entre elas a CIA, o FBI e a atualmente famosa NSA. Esse curso aborda tanto as necessidades de Aquisição dos Conhecimentos Sensíveis dos quais eles dependem para conduzir os seus Países, como os cuidados na sua Proteção e Comunicação, o que engloba inúmeras disciplinas, das mais conhecidas às menos difundidas, como as Ações Psicológicas e as Operações Informacionais, por exemplo.

Gerir Conhecimentos Sensíveis significa assessorar o Processo Decisório por meio da redução das incertezas do Decisor sobre uma questão específica, bem como subsidiar os Planejadores responsáveis pelas Políticas e Estratégias da Organização com informações exclusivas em suas áreas de interesse. Tais Atividades referenciam materiais, processos e produtos os quais, em princípio, não estão diretamente disponíveis sequer a outras pessoas da própria Organização, e se dividem nos três grandes grupos acima citados: Aquisição, Proteção e Comunicação.

As Atividades de Aquisição podem ser Externas, cujas ações são voltadas a conquistar ou manter superioridade de poder; Internas, ou Domésticas, cujas ações estão voltadas à manutenção da ordem na Organização; e de Neutralização, quando as suas ações tratam de criar obstáculos de funcionamento às Atividades de Aquisição das Organizações competidoras.

As Atividades de Proteção, por sua vez, podem ser Funcionais, quando tem as suas ações voltadas a manter o sigilo de suas próprias Atividades, ou Operacionais, cujas ações são voltadas a evitar que concorrentes obtenham e associem evidências publicamente disponíveis, entre elas próprias e com os Conhecimentos Sensíveis que estão protegidos pela Organização.

Já as Atividades de Comunicação transmitem mensagens de interesse da Organização a audiências específicas, que podem ser amigas, neutras, competidoras, oponentes, adversárias ou inimigas, alterando o seu conteúdo dependendo de qual seja o público-alvo. Assim, atuando sempre de forma integrada e sincronizada, temos os três grandes objetivos dessas Atividades: Descobrir, Preservar e Transmitir Conhecimentos Sensíveis.

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Recorde-se que o processo de decidir existe porque não temos pleno conhecimento de tudo, pois se tudo fosse conhecido não haveria decisão, apenas conclusões lógicas: assim, toda Atividade relacionada à Gestão de Conhecimentos Sensíveis responde a uma necessidade de decidir sobre algo sobre o que se reconhece uma certa ignorância, e está relacionada a um plano da Organização ou a um pedido específico do Decisor.

Por fim, é fundamental compreender que o que se tem como resultado dessas Atividades não é uma verdade, e sim uma visão baseada no que se consegue obter nesse processo, sendo por isso o seu produto chamado de Mosaico, visando refletir simultaneamente uma realidade aproximada, no sentido que sua visualização pode estar em diversos graus de clareza em relação ao seu conteúdo, bem como o fato de ser composto por Elementos os quais, cada um isoladamente, tem o seu próprio significado, como veremos a seguir.

Sobre o Colunista: 

Cláudio Andrade Rêgo é Líder do Grupo de Pesquisas em Inteligência no CNPq pela Universidade de Cuiabá e Pesquisador do Núcleo de Estudos em Inteligência e Contra inteligência no CNPq pela Fundação Pedro Leopoldo, com mais de 15 anos de experiência como um dos poucos Peritos Judiciais em Informática reconhecidos pela Business Software Alliance (BSA) e especialista em Guerra Cibernética, é Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Capítulo Brasil da International Association for Intelligence Education (IAFIE BRASIL). Diretor do Centro de Instrução de Atividades Sigilosas (atual denominação da Escola Superior de Inteligência).

E-mail de contato: claudio.rego@antecipar.com.br.

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