Publicado em 15/01/2014
De acordo com o capítulo 13 da 5a Edição do Guia PMBOK®, gerenciar o engajamento das partes interessadas é a décima área do conhecimento.
Muitas pessoas acreditam que o gerenciamento das partes interessadas esteja associado ao gerenciamento dos recursos humanos, mas o gerenciamento das partes interessadas vai além da comunicação. Envolve um diálogo contínuo para atender as necessidades dos envolvidos e solucionar as questões à medida que ocorrerem. As expectativas dos stakeholders devem ser constantemente gerenciadas, pois, o atendimento dessas expectativas traz maior aceitação e a agilidade nas resoluções das questões implica em menores desgastes para a equipe.
No entanto, quando se trabalha em projetos internacionais, é mais difícil gerenciar as partes interessadas. E isso aumenta exponencialmente o risco do projeto.
As pessoas não são iguais culturalmente e a língua, ao contrário do que muitos pensam, é o menor obstáculo. O mais importante é entender como a outra pessoa pensa, como ela vê o projeto e qual a melhor forma e estrutura para a troca de informação.
O principal ingrediente para o sucesso dos projetos com equipes multi-cultural é o Rapport. Segundo Anthony Robbins, Rapport é a capacidade de entrar no mundo de alguém, fazê-lo sentir que você o entende e que vocês têm um forte laço em comum. É a capacidade de ir totalmente do seu mapa do mundo para o mapa do mundo dele. É a essência da comunicação bem-sucedida.
Portanto, deve-se ter muita atenção aos gestos, palavras e jeito de agir. É essencial estudar o básico da cultura dos envolvidos no projeto. Para citar alguns exemplos, o jeito simpático do brasileiro, que gosta de tocar no interlocutor enquanto fala, pode ser considerado ofensivo em países como Coréia, Tailândia, e China.
Cumprimentar uma mulher com um abraço ou beijo deve ser evitado. Algumas culturas, como na Arábia Saudita, os homens praticamente não interagem com mulheres. Por outro lado, em alguns países árabes e na Rússia, os homens se cumprimentam com beijo, o que causa certo desconforto para os brasileiros.
O aperto de mão firme olhando no olho da outra pessoa também pode ser mal interpretado em alguns lugares da Ásia, pois pode ser encarado como um desafio e arrogância.
As diferenças culturais fazem parte do ambiente de projeto. E para criar esse Rapport não é necessário mudar e nem anular uma das partes. É necessário construir um processo de informação baseado no respeito e na integridade cultural das partes envolvidas.
Não negligencie as diferenças culturais. Além de conseguir uma comunicação eficaz, se consegue melhorar a motivação dos envolvidos, pois bons relacionamentos geram menos problemas no seu ambiente de projeto.
Nos projetos globais, a parte cultural é tão importante quanto prazo, custo, escopo e risco.
Referências
Stakeholder Engagement: A good practice handbook for companies doing business in emerging markets, 2007, 201p. http://www.ifc.org/ifcext/sustainability.nsf/Content/Publications_GoodPractice_StakeholderEngagement
C2Business. Diferença Cultural: uma armadilha para o insucesso nos negócios. Copyright © 2011.
Vargas, Ricardo, Diferenças Culturais: Porque a consciência e o respeito são vitais para o sucesso do Projeto, 2013.
Sobre a Colunista: Fernanda Guimarães Borges, mestre em Engenharia Mecânica e graduação em Engenharia Mecatrônica pela PUC_Minas, Pós-graduada em Gestão de Projetos pela X-25. Atuou como engenheira de projetos e PSO da regional Centro-Oeste, pela Votorantim Cimentos. Trabalha há seis anos na área de planejamento e controle de engenharia, em empresas como SNC-Lavalin e atualmente na Worley Parsons. Professora da instituição Faculdade Pitágoras para os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção e Professora do IETEC nos cursos de Planejamento de Engenharia e Engenharia de Custos e Orçamentos.
E-mail de contato: fer_borges@hotmail.com
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Muito interessante esse artigo em um mundo globalizado em que vivemos. Acredito que a diferença cultural e um risco muito expressivo atualmente. Existem culturas muito diferente como as do ocidente e as do oriente. Os crescentes incidentes internacionais, como os atentados que estamos presenciando, refletem o nível dos riscos que poderemos enfrentar. Como foi abordado no artigo, concordo que as diferenças culturais, em especial a religião, é um risco que deve ser bem trabalhado em projetos internacionais.