Publicado em 07/04/2014
O cenário brasileiro de Gerenciamento de Projetos vem se modificando nos últimos anos. As empresas perceberam a importância de gerenciar e muitas estão no caminho certo para “colocar a casa em ordem”.
Apesar disso, ainda não se pode dizer, no contexto geral, que foi alcançada a maturidade na maneira como os projetos são gerenciados. Na Engenharia Civil, por exemplo, a imagem do “tocador de obra” ainda perdura e em todas as áreas, atrasos ou estouros de custo não são raros.
Isso não seria um problema se, apesar das falhas, a mentalidade dos profissionais estivesse se modificando. Existem muitas ferramentas, propostas e documentos, que no fim das contas não passam de papéis com pouca serventia prática para o projeto e, na maioria dos casos, as coisas caminham bem no início, mas desandam quando as crises começam.
Entendendo a proposta do Gerenciamento de Projetos
O Gerenciamento de Projetos não faz milagres. Ele não reduz o volume de trabalho necessário para cumprir um objetivo e nem mesmo fornece um caminho mais curto. Encará-lo dessa forma é abrir brechas para a frustração, pois é preciso entender sua real proposta para utilizá-lo conscientemente na otimização de um projeto.
No mercado hoje, a forma como os cursos e as técnicas são vendidas levam muitos profissionais e empresas a se iludirem quanto à real função da metodologia. Daí, quando os problemas surgem e as dificuldades de execução ocorrem, a impressão que fica é que os conhecimentos não funcionam de fato.
No entanto, para que os processos amadureçam e se desenvolvam rumo ao sucesso das empreitadas é preciso que o Gerenciamento de Projetos seja absorvido como cultura. Isso fará com que a proposta de desenvolvimento não seja abandonada ao longo do ciclo de vida e com que cada profissional envolvido se sinta responsável pelo cumprimento da função que lhe cabe, principalmente por entender o impacto da mesma sobre o todo.
A proposta, portanto está ligada à aplicação de boas práticas de maneira a tornar consistente a maneira como os projetos são gerenciados pela organização, criando uma estrutura consistente e sustentável. Isso, obviamente, não se adquire da noite para o dia. É um processo que envolve aprendizado, planejamento, monitoramento e persistência.
E na prática?
É bem mais fácil falar sobre o caminho correto a ser tomado na utilização do Gerenciamento de Projetos do que realiza-lo na prática. Isso, porque o imediatismo e a pressão por resultados levam a atitudes que contribuem no curto prazo, mas impedem a concretização de objetivos duradouros.
A questão é que não se pode fugir da postura disciplinada que qualquer hábito exige. Fazer as coisas da forma certa e tomar decisões que contribuam em uma perspectiva futura é ter visão de negócio. Gerenciar um projeto é atuar no hoje consciente do que isso provocará no amanhã.
Amadurecer, do ponto de vista prático, na aplicação do Gerenciamento de Projetos, quer dizer deixar de seguir pelos caminhos mais fáceis, porém tóxicos para o cumprimento dos objetivos e das restrições. Entender isso é o papel de todo gerente de projetos.
Quando se planeja e se caminha dentro do planejado, sabe-se exatamente onde a execução levará. No entanto, realizar algo sem medir as consequências é como caminhar no escuro. De tal forma, “tocar” um projeto é buscar um objetivo sem conhecer o caminho, os esforços e as consequências envolvidas.
Gerenciamento de projetos e trabalho duro
Lapsos de brilhantismo são raros e não costumam sustentar um processo por si só. O Gerenciamento de Projetos deve se basear no trabalho duro e constante. Não adianta desenvolver inúmeras boas ideias e deixa-las pelo caminho.
Amadurecer, portanto, é mudar a forma como o projeto, seus processos, suas relações, documentos e necessidades são vistos. O conhecimento gerado, deve ser documentado de maneira apropriada, repassado a todos e utilizado em momento oportuno. De nada valem pilhas de folhas sem função prática.
As interconexões devem ser de conhecimento de todos. É essencial que cada indivíduo conheça o que ele influencia dentro da cadeia produtiva, quem influencia e quem é influenciado por seu trabalho. O Gerenciamento não é feito por uma pessoa, mas por uma equipe engajada com o trabalho a ser desenvolvido.
Outro aspecto é que cada processo deve ser reavaliado e modificado até estar totalmente em conformidade com as necessidades do projeto. Jamais deve se encarar algo como definitivo, pois é natural que um ambiente de dinamismo exija flexibilidade.
Por fim, a própria utilidade prática dos grupos de processos do Gerenciamento de Projetos deve ser avaliada pelo gerente e pela organização. Muitas vezes um contexto não permite a utilização de todas as técnicas e ferramentas de maneira eficaz. Saber conciliar culturas, restrições, diretrizes e metodologias em busca de um bem comum é uma habilidade que pode definir o sucesso de qualquer empreendimento.
Basicamente, uma organização que atinge maturidade na forma como gerencia seus projetos é feita de profissionais com uma mentalidade que enxerga o todo e o além, sem descuidar de cada detalhe e do agora.
Sobre o Colunista: Bruno Augusto, estudante do Curso de Engenharia de Produção Civil no CEFET MG. Trabalha há 3 anos como Assistente de Engenharia em Planejamento e Controle de obras de galpões industriais, na empresa SGO construções. Na área de construção, também já atuou com controle tecnológico de concreto e execução de obras prediais. Técnico em Química formado pelo CEFET MG, trabalhou por 1 ano e meio como Inspetor de qualidade em uma indústria da Coca Cola Company. Criador e idealizador do blog A Engenharia em Foco: http://aengenhariaemfoco.blogspot.com.br.
E-mail de contato: brunosilva.civil@gmail.com
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
Ainda não recebemos comentários. Seja o primeiro a deixar sua opinião.
Deixe uma resposta