Publicado em 02/04/2014
Resumo
Quando um projeto é mal orçado, ou quando a verba é curta para determinado projeto, são tomadas ações para que esse tenha lucro. Essas ações geralmente são utilização de mão-de-obra barata (o que na maioria das vezes resulta em equipes com pouca experiência ou inadequada para o projeto), corte de etapas/atividades da execução do projeto (o que pode comprometer a confiabilidade das etapas seguintes), e redução de recursos (o que pode comprometer o prazo de entrega do projeto). Essas ações comprometem a qualidade do projeto.
Introdução
Empresas de projeto de engenharia, para sobreviverem no mercado e se manterem competitivas, precisam cada vez mais cortar custos e prazo devido à pressão das empresas contratantes. Porém, estas últimas muitas vezes não levam em consideração que a qualidade tem um custo e quanto menos estiverem dispostas a pagar, menor poderá ser a qualidade do serviço que será entregue.
Isso acontece porque qualquer empresa precisa de lucro para se manter no mercado, e no caso das empresas projetistas, quando o orçamento para um determinado projeto é curto, será preciso tomar ações para que aquele projeto tenha lucro, comprometendo, na maioria das vezes, a qualidade daquele projeto. Essas ações também poderão ser tomadas quando um projeto foi mal orçado.
Portanto, ao se contratar um serviço, onde o produto é um projeto de engenharia, o cliente deve analisar com cuidado as propostas das empresas projetistas. O cliente também deve se questionar de preços muito abaixo da maioria das empresas consultadas e também definir o quão importante é a qualidade para aquele determinado projeto.
Porque o custo afeta a qualidade do projeto?
Gerentes de Projeto precisam lidar o tempo todo em sua profissão com o triângulo do projeto: escopo, prazo e custo. Isso significa que não há como mudar um destes fatores sem afetar pelo menos um dos outros, em alguns casos afetam os outros dois. Levando-se em consideração o custo, significa que se a verba for curta para determinado projeto será necessário reduzir o escopo para esse terminar dentro do budget, ou será preciso ultrapassar o prazo, pois será necessário reduzir os recursos, ou utilizar mão-de-obra mais barata.
Reduzindo-se o escopo, a qualidade do projeto conseqüentemente é afetada, pois alguma parte do projeto deixará de ser entregue. Em muitos casos, não é possível reduzir o escopo, então se cortam etapas ou atividades, que não essenciais para a conclusão do projeto, porém não quer dizer que não sejam importantes, podendo afetar a confiabilidade das etapas posteriores, levando os engenheiros a assumirem premissas ao invés de confirmá-las através de estudos.
Quando é necessário prolongar o prazo do projeto devido à restrição de verba, o cliente final pode sair prejudicado, pois significa a postergação da implantação do projeto, sem levar em consideração a multa que é imposta às empresas projetistas, no contrato, por não cumprimento do prazo. Nesses casos, ou naqueles em que o cumprimento do prazo é essencial para o cliente, a empresa responsável pelo projeto opta por utilizar uma equipe mais barata, que pode não ser a mais adequada para o projeto. Outra solução adotada pelas projetistas é reduzir os recursos, o que significa que menos pessoas que o previsto terão que entregar todo o escopo, no mesmo prazo, o que gera desgaste da equipe. Essas duas ações, na maioria das vezes, afetam a qualidade do projeto.
Portanto, a qualidade está no meio desse triângulo, conforme figura abaixo, pois dificilmente ela não será afetada caso haja mudança em algum de seu lado.
Figura 1 – Triângulo do projeto – Fonte: Microsoft Corporation, 2014.
Ao se deparar com um problema é muito comum que as decisões sejam tomadas sem a consulta ao cliente. É importante conhecer o que é essencial para o cliente em cada projeto, pois se um dos lados for negociável, pode-se contornar mudanças e imprevistos sem comprometer a qualidade do projeto. Nessas situações o gerente do projeto deve estar bem alinhado com as necessidades do cliente.
Levando-se em consideração que o custo afeta a qualidade do projeto, conclui-se que a qualidade tem um custo e deve ser encarada como investimento porque os custos da não qualidade nos projetos são muito maiores que os custos da qualidade, já que se evita retrabalhos, surpresas na hora da implantação dos projetos, interferências nas diversas áreas do projeto, atrasos durante a execução, entre outros.
Para conseguir terminar o projeto dentro do budget, a empresa projetista também pode precisar tomar as ações acima citadas se o projeto tiver sido mal orçado. Isso acontece, na maioria das vezes, pelo não entendimento total do escopo ou por vender A1 (formato), quando o projeto é mais complexo do que a empresa projetista conseguiu perceber. Devido a isso, as empresas projetistas e o cliente precisam encontrar uma solução para que não aconteçam esses problemas.
Uma solução é vender horas de engenharia, ao invés de formato A1, pois na soma total, devido à horas de capital humano caro, um formato A1 pode ultrapassar o preço médio em que normalmente é vendido. Já para minimizar os problemas de não entendimento do escopo é preciso, novamente, que a empresa projetista esteja alinhada com o cliente, e também é necessário que o prazo para elaboração da proposta do serviço requerido seja razoável, para que possa ser analisado com calma as necessidades do cliente.
Conclusão
Um projeto é um esforço organizado ao longo de um determinado período de tempo para produzir um determinado produto ou resultado. A equipe do projeto tem que obter o resultado dentro de um triângulo de restrições que são: custo, escopo e tempo, que na maioria das vezes, pelo menos um dos lados deste triângulo é fixo.
Para a realização de uma engenharia de qualidade é necessário que o projeto seja concretizado atendendo aos requisitos desse triângulo. Levando-se em consideração que o requisito custo geralmente é inflexível, tem que se adequar os recursos e finalidades do cliente para garantir o atendimento às necessidades dos usuários finais.
Além disso, para se garantir o sucesso de um projeto e a satisfação do cliente, as empresas projetistas devem se preocupar com a integralização da equipe e a familiarização das atividades de cada um e além de todos conhecerem o cronograma estabelecido, já que o relacionamento entre a ação e os objetivos de um projeto é alicerçado no conhecimento técnico que envolve os temas do projeto, de tal modo a proporcionar uma maior probabilidade de sucesso do projeto, uma vez que ele é medido pelo grau em que os objetivos e metas são atingidos. Então, um dos fatores para o sucesso do projeto é uma decisiva relação com o conjunto de conhecimentos técnicos da equipe envolvida na formulação e execução do projeto. Isso mostra a importância de uma equipe adequada, com a experiência e capacidade necessária, para cada projeto.
O financiamento do projeto é boa opção para as empresas que estão dispostas a realizá-lo e não possuem capital próprio para a concepção e o desenvolvimento desse, evitando-se assim, que as empresas trabalhem com verbas muito restritas para o projeto, podendo utilizar valores mais adequadas à realidade de cada projeto.
Referências
- PAIVA, Mário Lucio F.. Custos da Qualidade: Vamos ver como Investimento?. Disponível em: https://pmkb.com.br/custos-da-qualidade-vamos-ver-como-investimento/. Acesso em 16 mar. 2014.
- MICROSOFT CORPORATION. O Triângulo do Projeto. Disponível em: http://office.microsoft.com/pt-br/project-help/o-triangulo-do-projeto-HA010351692.aspx. Acesso em 17 mar. 2014.
- GOMES, Gleisson Carneiro. Qualidade, prazo ou custo? Disponível em: http://www.linhadecodigo.com.br/artigo/1600/qualidade-prazo-ou-custo.aspx. Acesso em 17 mar. 2014.
Sobre os Autores:
Autor: Diego Silva Cardoso, Engenheiro de Produção pela FUNEDI UEMG, Técnico em Eletroeletrônica pelo SENAI, Técnico em Eletrotécnica pelo SENAI, Aperfeiçoado em Automação Industrial pelo SENAI. 1 ano trabalhando como estagiário na FCA (Ferrovia Centro Atlântica), 5 anos e meio trabalhando como Instrutor de Formação Profissional do SENAI, 2 anos Trabalhando como Consultor do SENAI e SEBRAE na área de projetos de adequação à NR10, 2 anos trabalhando em empresa própria na área de projetos elétricos e automação industrial MD Automação, 8 meses atuando como Gerente de Projetos e Manutenção na Metalúrgica Amapá LTDA. E-mail de contato: diegocardoso02@hotmail.com
Autora: Joseline Alves da Silva, Engenheira de Produção pela PUC-MG, Técnica em Química pelo CENTEC. Atuante na área de planejamento de projetos há 5 anos. Engenheira de Planejamento na SNC Lavalin. E-mail de contato: josialvesdasilva@yahoo.com.br
Contexto: o presente trabalho é resultado de pesquisa realizada com alunos da 8a Turma de Engenharia de Planejamento do IETEC.
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
Ainda não recebemos comentários. Seja o primeiro a deixar sua opinião.
Deixe uma resposta