Publicado em 04/08/2020
Muitos investimos na distinção entre os modelos: tradicional, ágil ou híbrido. São tantas metodologias, melhores práticas, frameworks e ferramentas que o que é complexo, fica quase enigmático. Por isso, vamos conversar um pouco…
Modelo ágil, essencialmente, existe uma definição do custo e do prazo, com uma estimativa do escopo. Aquele projeto que chega com data para entregar, com valor já combinado e com uma ideia da entrega, nesse contexto, trabalhamos em ciclos menores, com retroalimentação e foco na entrega incremental de valor. A ideia de escopo, não significa escopo nenhum, mas a consciência de que as coisas podem mudar, desde que o objetivo seja atingido. Assim, soluções adaptativas são mais eficazes e mudanças são mais bem-vindas para subsidiar melhorias.
O grande lance da agilidade é externalizar que os projetos são diferentes e que não podem ser gerenciados da mesma forma. À partir do menos é mais, simplificar, trouxe mais colaboração, ciclos menores que automaticamente reduzem riscos, agilidade nos processos, estímulo para criatividade, transparência e o grande ÁS: Adaptação! Em suma, adaptar nos permite evoluir, já dizia Darwin e não é diferente em projetos, a não ser pelo fato que os projetos precisam das pessoas para que sejam adaptados. Não existe uma receita, mas quanto mais energia investir no que traz resultado, sem desperdícios, potencialmente mais resultado conseguirá. Pura lógica!
Aproveitando o momento, é bom repetir, até que todos acreditem: Ser ágil, não é ser rápido! Menos ainda, não ter planejamento ou está restrito aos famosos post-its coloridos. Outro mito remete a novidade ou modismo. Entretanto, alguns dos termos mais evidenciados, tem décadas, eu fiz um curso de SCRUM em 2003. Temos o Kanban, Kaizen, Lean das décadas de 50 e 60; Temos Crystal, XP e FDD dos anos 90 e o PDCA raiz é centenário! A versão mais difundida, dos anos 50.
E, os outros? Assim como, ágil não significa sem planejamento. Tradicional, como dizem, não significa sem valor ou antiquado. O modelo Tradicional, Preditivo, Cascata/Waterfall, consiste na definição do escopo fixo, que determina a estimativa de custo e prazo. Sua base é o planejamento detalhado, a entrega total com controle de riscos e mudanças. Sim, as mesmas mudanças do ágil, mas com um tratamento específico para análise e aprovação versus impacto e resultado. Em qualquer projeto e na vida, a única certeza continua sendo a mudança. Tradicional, parece um termo superficial para representar a história, milhares de associados, presente em quase 200 países, vários idio- mas, grupos de processos e áreas de conhecimento responsáveis pelos principais projetos do mundo. Assim, de modo equivalente, melhores práticas, não são frameworks e nenhum deles são regras, pois cada projeto tem seus próprios desafios e características.
A visão extremista, do sou apenas ágil ou tradicional é míope e não permite enxergar a riqueza da diversidade. Existem projetos que terão melhores resultados de forma ágil e outros não, porque permitem um detalhamento profundo, específico e com variáveis conhecidas, que são propícios para o tradicional. Isso não é utopia, pois mesmo em projetos estruturados, as mudanças estão cada vez mais presentes, seja pela complexidade, contexto e/ou potenciais impactos.
Admitir essa diversidade e coexistir, converge no modelo mais eficaz, o híbrido. Há um consenso quanto a sua utilização e benefícios. Aproveitando o melhor de cada, privilegiando a necessária adaptação, no contexto atual, característica dos modelos ágeis e as estruturas experienciadas e preditivas, características do modelo tradicional. Atenção, pois isso não significa que uma colcha de retalhos ou mosaico será efetivo, mas que ambas têm seus valores e especificidades, que somadas potencializarão os resultados. Sábio aquele que possuir conhecimento para ter opções.
Projeto ainda não é pastel, apesar da insistência, pois se fosse fácil, seria possível automatizar e entregaríamos em fábricas. Por isso, é cada vez mais relevante, ter pessoas com conhecimento, formação, experiência e capacidade de adaptação. Afinal, quem imaginaria que o principal fator dessa Transformação Digital, seria uma pandemia? De um dia para o outro, o mundo mudou, nos adaptamos e de alguma forma, seguimos em frente.
Como identificar o melhor caminho? Quanto ao processo de seleção, há quase uma unanimidade no uso da matriz de Ralph Stacey, com a identificação do grau de certeza e do nível de concordância. Assim, quanto mais próximo a um consenso e certeza, seguimos por projetos com detalhamento profundo, com estimativas técnicas, racionais, paramétricas ou análogas com base histórico, ou seja, mais próximos do modelo tradicional. De modo equivalente, quanto mais longe de um acordo, em um contexto incerto, seja em tecnologia, em produto e principalmente em uma proposta de inovação, estamos mais próximos de um caminho inexplorado, que exigirá criatividade, adaptação, entregas incrementais, ou seja, ágil. Isso, para projetos complicados e complexos. Quando estamos longe de tudo, estamos mais próximos do Caos, onde não temos nada, esse vazio pode ter diferentes origens, pode ser inexplorável nesse planeta ou sem insumos para aquele grupo. O primeiro, requer tempo e pesquisa, já o segundo é tratável, com consultorias, benchmarking e estudo.
No final da dessa história, esse monte de lives, de rótulos, cursos e certificações, são necessários? Sim! Com certeza, pense que quanto mais conhecimento, mais facilidade para decidir entre: Tradicional, Ágil, Híbrido ou qualquer outro termo. Assim, como na vida, no conhecimento e principalmente nos Times, quanto mais diversidade, melhor!
Sobre o autor:
Ricardo Carvalho – Gerente de Operações no UOL EdTech, certificado e com experiência em projetos (PMP® e Ágil). Responsável pelo time de projetos, audiovisual e operações. Experiência EdTech desde 2002 na criação de soluções de aprendizagem corporativa, B2C. Estudo, exploro e contribuo na área de projetos e experiências de aprendizagem digital. http://www.linkedin.com/in/
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