Publicado em 28/05/2014
A importância da mobilização em projetos de construção e montagem
Resumo: Problemas com a mobilização podem comprometer todo o desenvolvimento do projeto. Por este motivo é extremamente importante planejar e, principalmente executar a mobilização de forma que a mão de obra, equipamentos, insumos e estruturas de apoio estejam devidamente aptos a iniciar as atividades e dar suporte à execução do contrato no prazo programado. Atrasos e problemas na mobilização de pessoas, equipamentos e canteiro de obras, são ações que mal feitas irão gerar insucesso no projeto.
Introdução
Sabendo que o sucesso de um empreendimento é definido em como atingir uma meta e o cumprimento dos objetivos estipulados durante o planejamento, e que nos encontramos numa época em que a concorrência entre empresas da área da construção tem se intensificado, a pressão para executarmos obras dentro do prazo e do orçamento estipulado é o maior desafio.
Os atrasos na construção são freqüentemente dispendiosos, uma vez que os empreendimentos estão muitas vezes associados a empréstimos que cobram juros, pessoal contratado cujos custos dependem das horas de trabalho e ainda variações no valor de salários e materiais, devido ao aumento da inflação.
Em certos países, onde o setor da construção tem grande relevância no produto interno bruto, os efeitos dos atrasos ganham uma especial importância devido à grande influência que têm na economia do país e que geralmente indicam que são países em crescimento e em desenvolvimento.
Nos projetos de construção e montagem, a mobilização, seja de recursos, insumos, mão de obra, equipamentos ou estrutura é um marco inicial das atividades em campo, deste fato ressalta-se a importância de sua perfeita execução para que não comprometa o desenvolvimento do projeto.
Como mobilização causa falhas em projetos de construção e montagem
Após os acertos técnicos e comerciais e assinatura do contrato de prestação de serviços, dá-se início à mobilização da estrutura física que servirá como suporte durante a execução do projeto como escritórios, canteiro de obras avançado, oficinas e também a mobilização de equipamentos e da mão de obra direta e indireta.
Neste momento, inicia-se o caminho crítico do projeto, pois a mobilização dos recursos e do pessoal é uma predecessora comum à todas as atividades que serão executadas no decorrer do contrato.
Alguns problemas podem ocorrer durante o momento da mobilização ou até mesmo antes que ela tenha início.
Dentro do processo causal no atraso da construção civil, podemos destacar como os principais problemas na mobilização:
- Falta de padronização da documentação;
- Terceirização da mão de obra para avaliação da documentação;
- Falta de capacitação das pessoas que avaliam a documentação;
- Equipes reduzidas para a avaliação da documentação de mobilização;
- Rotatividade por parte das pessoas que avaliam a documentação;
- Inúmeras alterações nos critérios de mobilização;
- Alteração no modelo de formulário da Contratante, onde na maioria das vezes não é informado à Contratada;
- Tempo elevado no retorno de comentários da documentação;
- Treinamentos específicos para as atividades, sendo ministrados apenas em empresas credenciadas pela Contratante, onde essas, na maioria das vezes, são poucas;
- Início dos treinamentos somente após atingir o número mínimo de participantes;
- Tempo do Treinamento de integração, podendo variar de horas a até semanas;
- Documentação médica específica e em clínicas credenciadas pela Contratante, onde essas, na maioria das vezes, são poucas;
- Documentação reprovada sem uma justificativa apresentada;
- Inúmeros setores envolvidos na avaliação da documentação, onde os mesmos não conversam entre si (Medicina / Segurança Empresarial / Segurança do Trabalho / Meio Ambiente / Ambientação / Documentação e Gestão de Contratos).
Figura 1: Problemas na mobilização.
Como conseqüência, podemos destacar os seguintes problemas:
- Os efeitos identificados foram o aumento da duração da obra;
- O aumento dos custos;
- Atrasos no início da obra;
- Ocorrência de multa contratual;
- Divergências técnicas e comerciais entre as partes interessadas;
- Mediações;
- Atraso no início de outras disciplinas e o abandono da obra.
O aumento dos custos de uma obra está relacionado, sobretudo com fatores inerentes ao contrato estabelecido, como alterações de ordens e erros e discrepâncias presentes no contrato que podem alterar entregas de material, deslocar meios e afetar a sua disponibilidade, prejudicando a conclusão de outras atividades e do próprio projeto.
Podemos citar também que a existência de um aumento de custos está diretamente relacionada com o aumento de duração da obra.
As causas que podem originar divergências estão relacionadas com as partes interessadas, com o contrato e com fatores externos, como por exemplo, atrasos nos pagamentos, constantes interferências, mudanças de ordens e falta de comunicação entre as partes envolvidas.
Fatores relacionados com o cliente e com o contrato não são por vezes resolvidos amigavelmente, sendo resolvidos com o apoio de uma terceira parte competente que resolve a disputa sem ser necessário chegar aos tribunais, através de mediação.
No que dizem respeito ao abandono da obra, os fatores que conduzem a esse desfecho são da responsabilidade do dono de obra, de consultores, do contrato e de fatores externos.
Como pode ser observado na figura abaixo, o processo de mobilização (organização e preparação) compreende um pequeno período do projeto, porém esta fase inicial se não for bem executada compromete a evolução da curva de evolução do projeto.
Figura 2: Estrutura do Ciclo de vida de um projeto. Fonte: PMBOK.
Conclusão
A mobilização tem uma grande importância nos projetos de construção e montagem. Por isso, é de fundamental importância um planejamento rigoroso desta atividade e principalmente muito controle na sua execução.
Ao dar início ao processo de mobilização, os profissionais incumbidos de realizá-lo devem ter total conhecimento da documentação exigida pelo contratante, pois desta forma é possível minimizar o retorno dos documentos para revisão e conseqüentemente eliminar atrasos na entrada da empresa e seus colaboradores no local onde será executado o contrato.
Outro ponto importante na mobilização ocorre durante a visita técnica, pois neste momento deve-se identificar o local onde serão montadas as estruturas, tanto diretas quanto indiretas, que servirão como suporte para a execução do projeto. Alguns fatores podem influenciar muito na mobilização, como proximidade de pontos de água e energia elétrica, acesso transitável para máquinas e equipamentos de grande porte e proximidade das cidades vizinhas.
Quando não são levantadas todas as dificuldades e possíveis interferências, surgem contratempos durante a montagem da estrutura que acabam postergando a sua conclusão.
Portanto, a mobilização deve ser vista como um item critico no projeto, pois se houver algum atraso em sua execução, provavelmente este atraso postergará o andamento das demais atividades, fazendo com que o contrato não termine no prazo estipulado pelo cliente.
Referências:
- COUTINHO, Ítalo. O que causa uma Engenharia Ruim? Belo Horizonte. PMKB artigo, 2014.
- COUTINHO, Ítalo. Escritório de Gerenciamento de Projetos para Projetos Industriais. Belo Horizonte. PMKB e-Book, 2013.
- FERNANDES, Paulo S. Thiago. Montagens Industriais: Planejamento, execução e controle. São Paulo: Artliber Editora, 2005.
- Project Management Institute. Project Management Body of Knowledge. Estados Unidos, 2008.
- JOHN E. SCHAUFELBERGER, LEN HOLM. Management of Construction Projetcts: A Constructors Perspective. Ed. Prentice Hall .2001
Sobre os Autores:
Autor: Irlan Souza; Técnico em Eletroeletrônica pelo Colégio Batista Mineiro – Ouro Branco, Graduado em Engenharia de Produção na Unipac – Conselheiro Lafaiete. Experiência de 8 anos na área de planejamento, orçamentos e medições em obras civis pesadas e de terraplenagem na área siderúrgica e na mineração. E-mail de contato: irlanmarcel@yahoo.com.br.
Autor: Reltman Oliveira; Técnico em Eletrotécnica pela Polimig, Graduado em Engenharia Elétrica pela Puc – MG, Pós-graduação em Gestão de Custos pelo Ietec, Pós-graduação em Engenharia de Planejamento pelo Ietec, MBA em Administração de Projetos pelo Ietec, MBA em Engenharia de Projetos Industriais pelo IEC. Experiência de 12 anos em coordenação de projetos elétricos para o segmento de mineração, siderurgia, cimenteira, óleo e gás, atuando nos últimos 4 anos pela Isomonte S/A. E-mail de contato: reltman@hotmail.com.
Contexto: o presente trabalho é resultado de pesquisa realizada com alunos da 4a Turma de Gestão de Projetos em Construção e Montagem do IETEC.
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