Publicado em 01/04/2016
RESUMO
A utilização da ferramenta PERT-CPM tem como objetivo obter estimativas de prazos com o objetivo de proporcionar ao gestor de projetos uma rápida análise de como o projeto comportará num determinado cenário a ser gerido. Em contrapartida, a utilização da simulação de Monte Carlo tem como pressuposto oferecer visão aguçada ao gestor sobre os riscos que o seu projeto poderá enfrentar. O presente artigo busca demonstrar dentro do ambiente de projetos o cerne da estimativa dos prazos, levando em consideração as particularidades intrínsecas dos caminhos críticos e os riscos que o compõem e a variabilidade dos mesmos.
INTRODUÇÃO
No dia-a-dia de ambiente de projetos, há diversas demandas a serem gerenciadas, priorizadas, metas a serem definidas e alcançadas, dentre outras. Um dos fatores fundamentais para o sucesso de um projeto é o prazo, que é um dos pilares que compõem a restrição tripla[1]. Segundo COUTINHO (2013) “o prazo do projeto representa a somatória de todos os tempos unitários das atividades e pacotes de trabalho (internos e externos à organização) necessários para concluir o objetivo do empreendimento que foi contratado”. Os prazos de um projeto podem ser obtidos de diversas formas:
- A partir de conhecimento interno da equipe;
- Informações de concorrentes ou do mercado;
- Por estimativa que, apesar de não ter uma precisão, oferece à equipe e ao gestor do projeto um norte para o seu planejamento.
Somando a estimativa de duração de um projeto, há uma representação gráfica que auxilia este estudo: PERT-CPM[2]. Segundo COUTINHO (2013) a técnica PERT-CPM consiste em uma abordagem gráfica das atividades de um projeto (rede de atividades), vinculadas por meio de um diagrama de setas e nós.
Todo o projeto é um somatório de esforço e recursos para uma finalidade ou objetivo, ele possui certezas e incertezas. Para identificá-las, a análise SWOT[3] visa mapear as forças e potenciais internos, como também identificar as fraquezas e traçar estratégias para contorná-la. “Quando os pontos fortes de uma organização estão alinhados com os fatores críticos de sucesso para satisfazer as oportunidades de mercado, a empresa será por certo, competitiva no longo prazo”. (RODRIGUES, 2005). A partir das fraquezas e ameaças, mencionadas na análise SWOT, a simulação de Monte Carlo (SMC) utiliza metodologia estatística e probabilidade para analisar e nortear tratativas para tais riscos.
O método de simulação de Monte Carlo pode ser aplicado em problemas de tomada de decisão a qual envolvem riscos e incertezas, ou seja, situações nas quais o comportamento das variáveis envolvidas com o problema não é de natureza determinística.
DESENVOLVIMENTO
O campo de aplicabilidade das metodologias em questão é bem abrangente, podemos exemplificar neste artigo um exemplo de cenários para adequado entendimento didático desta aplicação.
Uma empresa de fabricação de bancos automotivos necessita apresentar um novo modelo de banco que será substituído pelo atual e será apresentado ao seu cliente, conforme solicitação do mesmo. O modelo escolhido foi um banco dianteiro esquerdo, ou seja, o banco exclusivo do motorista. A partir de informações levantadas pela equipe responsável pelo projeto, esta à disposição do gestor os dados referente às estimativas. Segue abaixo a seguinte sequência de fabricação, com suas devidas dependências e respectiva duração:
TABELA 1 – Quadro de operação, dependência e duração de projeto
Utilizando a técnica de PERT, obtém-se o seguinte Tempo Esperado, conforme descrito na coluna PERT na tabela 1:
Assim como há a dependência entre operações, há também uma restrição que deve ser observada: a duração. Há três caminhos dentro deste fluxo e as respectivas somatórias de duração:
- Caminho 1: Operações A, B, C, F, H, I, J, K, L e M (duração = 421 segundos);
- Caminho 2: Operações A, B, D, G, H, I, J, K, L e M (duração = 434 segundos);
- Caminho 3: A, B, E, K, L e M (duração = 247 segundos).
Define-se a partir de então que há um Caminho Crítico[1] para o caminho 2, conforme a figura abaixo:
Figura 3: PERT-CPM com caminho crítico a partir da Tabela 1.
Figura 3: PERT-CPM com caminho crítico a partir da Tabela 1.
Os riscos potenciais, como por exemplo, atrasos e erros na sequência de montagem, gerando má qualidade, dificultando qualquer manobra, se tratando de um caminho crítico.
Pode-se mencionar como fraqueza, por exemplo: inexperiência do operador pela alta rotatividade de mão-de-obra, calibração inadequada dos equipamentos de aperto de parafusos, entre outros. Para ameaça, pode-se ressaltar: tecido com qualidade inferior conforme especificação do cliente, nível de dureza da espuma fora de tolerância conforme especificação do cliente; dependência de fornecedores, entre outros.
A partir do cenário demonstrado pelo PERT-CPM, pode ser de grande valia a utilização estratégica da Simulação de Monte Carlo para o caminho crítico. Ao utilizar esta simulação para as atividades deste caminho, o gestor deterá com maior propriedade quais riscos ele deverá tratar com mais severidade e investir mais atenção e energia para que este caminho minimize qualquer divergência para não gerar atraso ou insatisfação para a entrega do projeto.
CONCLUSÃO
Os processos de tomada de decisão necessitam cada vez mais serem mais ágeis e precisos. Observa-se que a agilidade e precisão podem ser alcançadas com a interação das ferramentas de estimativas de prazos e simulação de riscos, sendo PERT e Simulação de Monte Carlo respectivamente. Há no contexto atual diversos softwares e programas desenvolvidos para facilitar estes tipos de análises e futuras tomadas de decisão, entretanto com utilização destas duas ferramentas exploradas neste artigo podem ser utilizadas a partir de qualquer pacote Office, alcançando rapidez e confiabilidade, possibilitando a análise de tomada de decisão uma prática com cost avoidance (custo evitado).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- GESTÃO DE PROJETOS BRASIL: conceitos e técnicas / SOUZA,Arnaldo Renato Pires de; CAMPOS, Breno de; OLIVEIRA, Clênio Senra de; JORDAN, Fred; COUTINHO, Ítalo de Azeredo; VASCONCELOS, Ivo Márcio Michalick; BOYADJIAN, João Carlos; JUNIOR, José Fernando Pereira; PEDROSO, Luiz Henrique Tadeu Ribeiro; MELO, Pedro Paulo de Oliveira. Instituto de Educação Tecnológica. Belo Horizonte, 2013.
- RODRIGUES, Jorge Nascimento; et al. 50 Gurus Para o Século XXI. 1. ed. Lisboa: Centro Atlântico.PT, 2005.
- UM GUIA DO CONHECIMENTO EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS (GUIA PMBOK®). – Quinta Edição. 2013. 589p.
- http://www.papoempreendedorismo.com.br
- http://www.escritoriodeprojetos.com.br
- http://www.gerenciamentodeprojeto.com
- http://www.portal-administracao.com
[1] O método do caminho crítico é um método utilizado para estimar a duração mínima do projeto e determinar o grau de flexibilidade nos caminhos lógicos da rede dentro do modelo do cronograma. Esta técnica de análise de rede do cronograma calcula as datas de início e término mais cedo e início e término mais tarde, para todas as atividades, sem considerar quaisquer limitações de recursos, executando as análises dos caminhos de ida e de volta através da rede do cronograma. (Guia PMBOK, p. 176 – 5ª Edição)
[2] Critical Path Method (CPM) desenvolvido em conjunto por DuPont Corporation e Remington Rand Corporation para projetos da manutenção de planta. (Fonte: http://www.gerenciamentodeprojeto.com)[1] Também conhecida como Triângulo das Restrições ou Tríplice Restrição. Em projetos ou na operação, existem três áreas essenciais para produtos ou serviços de qualidade (Escopo, Prazo e Custo). (Fonte: http://escritoriodeprojetos.com.br/restricao-tripla.aspx)
[3] SWOT é um acrônomo das palavras strengths, weaknesses, opportunities e threats que significam respectivamente: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. (Fonte: http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-conceito-e-aplicacao.html)
Sobre o Colunista: Elienay Marçal Fialho Fuly é Graduado em Engenharia de Produção, Especialista em Engenharia de Produção Enxuta / Melhoria Contínua, MBA em Administração de Projetos e MBA Executivo em Gestão de Negócios. Atualmente atua como Engenheiro de Processos Sênior no desenvolvimento e implementação de soluções em melhoria contínua de processos no setor automobilístico. Atua também como consultor de soluções em Engenharia de Processos e Melhoria Contínua desde 2014. Palestrante em temas de Redução de Custo, Engenharia de Planejamento, Engenharia de Produção e Melhoria Contínua. Autor de artigos e colunista sobre Gestão de Projetos com foco em Produção, Logística, Melhoria Contínua e áreas correlatas. Está presente na indústria desde 2005, atuando nos setores da indústria automotiva, mineração, caldeiraria, usinagem e construção civil. Possui experiências nas áreas de Gestão e Engenharia de Processos, Controle de Qualidade, PCP, Auditoria ISO 9001, Administração de Contratos e Diligenciamento. Lecionou em escola técnica as disciplinas de Matemática Aplicada e Tecnologia dos Materiais.
E-mail de contato: elienayfuly@gmail.com
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