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Gestão de Projetos: 007 contra o Status Report

Publicado em 09/10/2013

O famoso agente secreto a serviço de sua majestade, James Bond, foi criado por Ian Fleming em 1953 e imortalizado no cinema por atores como Sean Connery (em minha opinião, o melhor), Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e, mais recentemente, Daniel Craig (Wikipedia, n.d.). O agente 007, como era designado o agente no MI-6, é famoso pelos nervos de aço, exímio atirador, perito em artes marciais, cercado de belas mulheres e capaz de resolver as mais complicadas situações usando apenas suas mãos e seus artefatos tecnológicos, praticamente sem ajuda externa.

Para gerenciar projetos também precisamos de diversas habilidades, dignas de um astro de filmes de ação, mas, apesar de constantemente dizermos que matamos um leão por dia, felizmente não precisamos de uma licença 00 para matar.

Um projeto pode ser muitas vezes comparado às missões do famoso agente secreto, visto que temos um objetivo claro, recursos limitados, muitos stakeholders e um tempo reduzido para executarmos a “missão”. Mas alguns agentes, digo gerentes de projeto, levam muito a sério o quesito nervos de aço e não admitem as dificuldades encontradas.

Um projeto, por definição e por natureza, é único e, durante sua execução, é comum que aconteçam desvios ao que foi inicialmente planejado. Alguns desses desvios são frutos das incertezas e imprecisões inerentes do processo de estimativa e estão dentro do esperado, outro são frutos de problemas que possam ter ocorrido.

De acordo com o descrito pelo PMBOK, o gerente de projeto deve manter um eficiente e eficaz fluxo de informações entre os stakeholders do projeto. Parte desta comunicação requer reportar o andamento do projeto, comparando com suas linhas de base e informando os desvios e, quando necessário, os planos de ação para manter o projeto de acordo com o planejado. Este relatório é comumente conhecido como Status Report.

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Para alguns gerentes de projeto com síndrome de 007, quando o projeto apresenta algum desvio, é a hora perfeita para usar todas as suas habilidades de agente secreto e resolver os problemas sem a necessidade de preocupar à “Vossa Majestade”, o Patrocinador.

Caso o gerente do projeto consiga finalizar o projeto dentro do planejado, nunca saberemos dos problemas ocorridos e o agente secreto será mais uma vez reconhecido por realizar suas missões sem percalços. Mas….

Mas, quando os problemas se acumulam, gerando mais problemas, mais riscos e mais desvios, o agente se sente na obrigação de resolver, continuando sem relatar os atrasos ou problemas, com a certeza que suas habilidades serão suficientes para, a qualquer momento, resolver todos os problemas e finalizar o projeto com sucesso.

Quando achar que não irá conseguir resolver todos os problemas, assim como 007 seduziu Pussy Galore (Fleming, 1959), o gerente de projeto tentará seduzir os envolvidos para conseguir a liberação de mais prazo e mais recursos (verba). Mas 007 também comete erros e poderia ter morrido se o técnico não tivesse puxado o fio correto da bomba quando faltavam apenas 0:07 segundos para a explosão (007 contra Goldfinger, 1964).

Então, quando praticamente todo o prazo do projeto foi consumido, não há mais recursos financeiros e apenas uma pequena parte do escopo foi entregue, nosso “herói” finalmente se entrega e chama por reforços. Os stakeholders ficaram negativamente surpresos em como um projeto que estava dentro do previsto, “repentinamente” apresentou tantos problemas.

Sem título

Todos devem estar pensando que, nessa hora, o gerente de projetos será responsabilizado e sairá derrotado de uma missão não cumprida. Isso pode até acontecer, mas não é sempre. Em mais de uma situação presenciei o gerente de projeto justificar todos os problemas e conseguir “vender” uma solução para tudo e finalizar o projeto, sendo ainda visto como um excelente gerente de projetos.

No outro extremo da escala, temos o gerente de projeto que, ao primeiro sinal de problema, tem a certeza que o projeto será um fracasso e seu status report se assemelha ao bordão da hiena Hardy (companheira de Lipi, o Leão): Oh céus! Oh vida! Oh Azar! Isso não vai dar certo! (Hanna Barbera, n.d.)

E você?! Onde você está nessa escala?!

Referências:

007 contra Goldfinger. 1964. [Filme] Direção: Guy Hamilton. Reino Unido: United Artists.

Fleming, I., 1959. Goldfinger: A James Bond Novel. London: Macmillan.

Hanna Barbera, n.d.. Lipi, o Leão. [Online]
Available at: http://www.hannabarbera.com.br/lippy/lippy.htm
[Acesso em 29 09 2013].

Sobre o Colunista: 

Paulo Roberto Cid Loureiro, PMP, Prince2 Practitioner, com mais de 15 anos de experiência em gerenciamento, é engenheiro eletricista formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pós-graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e cursando o Mestrado em Gerenciamento de Projetos com ênfase em Óleo & Gás na Universidade de Liverpool. É instrutor em Gerenciamento de Projetos e Oracle Primavera e colunista do PMKB. Hoje atua como consultor de planejamento para a Petrobras.

E-mail de contato: paulo.cid@qetcprojetos.com

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Alexandre Ataíde disse:

    Muito bom Cid!Este texto realmente nos ajuda a refletir sobre qual é o momento certo de pedir ajuda. Nunca vi a receita deste bolo, talvez não exista.

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