Publicado em 15/10/2013
O BIM representa um novo paradigma de trabalho, em que a colaboração entre os agentes da cadeia produtiva da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) deve ser constante e atuante em todas as fases de um empreendimento. O esforço compartilhado e simultâneo se faz através de uma plataforma composta de softwares especializados e interoperáveis, criando um ambiente colaborativo, imprescindível para alcançar todos os benefícios esperados na adoção dessa tecnologia.
Benefícios obtidos com o BIM
(Fonte: http://surveyorsblog.wordpress.com/tag/building-information-modelling)
No entanto, a sua utilização no Brasil, na maioria dos casos, ainda se encontra em um estágio inicial, em que ocorre apenas a substituição dos desenhos 2D por modelos 3D parametrizados e são gerados cronogramas e listas de materiais. Nesta fase, os projetistas escolhem um software e definem o grau de aplicação da tecnologia. Alguns projetistas até desconhecem a terminologia BIM e utilizam softwares deste tipo apenas para otimizar seu trabalho ou simplesmente não estão comprometidos com a tecnologia, especialmente os profissionais da área de planejamento e orçamento.
O estágio superior é caracterizado pela interoperabilidade entre os softwares, com associação de parâmetros temporais e financeiros e a consolidação do trabalho simultâneo. Neste caso, a indústria da computação vem buscando formas para viabilizar a troca de informações entre os diversos softwares, através de uma linguagem comum que preserve todos os dados gerados. Ocorre, portanto, uma colaboração efetiva entre os agentes da cadeia da construção civil, pois as contribuições de especialistas são mais necessárias nas fases iniciais de um empreendimento. Há maior integração entre projeto e construção, onde se aplicam os conceitos de construção enxuta (lean construction).
O estágio mais avançado no uso do BIM, em sua forma ideal, se caracteriza pelo gerenciamento e controle centralizado de um banco de dados acessado pela internet (computação em nuvem), em que os problemas de interoperabilidade estão superados. São feitas também simulações e análises de desempenho, conforto ambiental e de eficiência energética no modelo virtual do empreendimento.
É importante destacar, portanto, a distinção entre o BIM, um conceito que pode ser traduzido por um ambiente colaborativo com a participação de todos os agentes da cadeia AEC na condução de um empreendimento (mudança de paradigma e de processos de projeto) através dos softwares BIM que, por sua vez, são as ferramentas que dão suporte para que essa colaboração possa ser efetivada sobre uma plataforma comum (Tecnologia da Informação aplicada à cadeia AEC).
O mercado disponibiliza diversos softwares BIM, de modo que cada projetista utiliza o que é mais coerente com o seu uso, ou seja, de acordo com a sua necessidade. O quadro abaixo apresenta alguns softwares e as empresas que os desenvolveram.
SOFTWARE |
EMPRESA |
Revit |
Autodesk |
Microstation |
Bentley Systems Inc. |
ArchiCAD |
Graphisoft |
Digital Project |
Gehry Technologies |
Tekla Structures |
Tekla Corp. |
Dprofiler |
Beck Technologies |
Active 3D |
Archimen |
Allplan |
Nemetscheck |
VectorWorks |
Nemetscheck |
Fonte: (TECHNE, 2010)
Através de pesquisa realizada em algumas empresas de arquitetura e engenharia de Belo Horizonte por Miguel Pereira Stehling, em sua dissertação de mestrado, é possível mapear a maneira que as empresas dessa região estão utilizando os softwares:
Softwares mais utilizados em arquitetura (Fonte: STEHLING, 2012).
Softwares mais utilizados em estrutura de concreto (Fonte: STEHLING, 2012).
Um dos grandes benefícios do BIM é permitir a consolidação de todas as informações em um só modelo a partir de softwares específicos que fazem a compatibilização das especialidades através da detecção automática de interferências (clash detection). Neste caso, a mesma pesquisa apontou uma clara diferença no uso desses softwares de acordo com o perfil do empreendimento, seja industrial, residencial ou comercial.
Softwares mais utilizados para detectar interferências (Fonte: STEHLING, 2012).
A tecnologia BIM permite também associação com softwares de planejamento e orçamento, como Primavera, MS Project e Volare na geração de documentos relacionados e possibilita a visualização 4D do andamento dos empreendimentos no canteiro de obras.
Análise 4D de um empreendimento
(Fonte: http://www.cadalyst.com/aec/bim-and-project-planning-1-2-3-revit-tutorial-3520)
Para análises e simulações de desempenho, conforto ambiental e eficiência energética, podem-se empregar aplicativos como Ecotect, DesignBuilder e EnergyPlus.
Enfim, a implementação do BIM nas empresas requer o comprometimento de todos os profissionais da AEC na busca de uma metodologia de processos que possibilite obter todos os benefícios esperados da tecnologia. Esse ambiente só é viabilizado através de softwares integrados em uma plataforma colaborativa em que cada projetista contribui utilizando as ferramentas mais adequadas a sua especialidade.
Bibliografia:
DORNELAS, Ramon L. A Tecnologia BIM e o Gerenciamento da Integração: Uma Proposta Colaborativa. 2012. Artigo – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte.
MANZIONE, L. Proposição de uma Estrutura Conceitual de Gestão do Processo de Projeto Colaborativo com o uso do BIM. 2013. 353p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica de Universidade de São Paulo, São Paulo.
STEHLING, Miguel P. A Utilização de Modelagem da Informação da Construção em Empresas de Arquitetura e Engenharia de Belo Horizonte. 2012. 165p. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Sobre o Autor:
Ramon Dornelas é formado em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ e especialista em Gestão de Projetos de Engenharia pela PUC Minas. Atualmente trabalha como arquiteto supervisor de contratos e projetos de edificações públicas municipais da SUDECAP em Belo Horizonte/MG.
E-mail de contato: rldornelas@hotmail.com
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