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A carne é fraca. Mas são fortes as oportunidades de gerenciamento de projetos na cadeia de produção de carne.

Publicado em 31/03/2017

A recente explosão do escândalo provocado pela Operação Carne Fraca, foi muito ruim para o Brasil e para os produtores brasileiros de carne. Mas essa não é uma notícia ruim para os profissionais de gerenciamento de projetos que atuam na cadeia de produção de carne e derivados. A razão disso está relacionado com a revisão da legislação nessa área.

O Governo Federal revisou o Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa). O anuncio foi feito no dia 29 de março de 2017. A última revisão dessa regulamentação datava de 1952. Na nova versão, o regulamento foi enxugado, de 952 para 542 artigos, segundo afirma o site do jornal Valor Econômico em edição online de 29/03/2017. Uma mudança significativa está nas penalidades cujo valor máximo aumentou para R$ 500.000,00. Antes mesmo do Governo Federal anunciar essa revisão, o Estado do Mato Grosso do Sul já tinha atualizado recentemente a sua legislação sobre a inspeção e fiscalização de produtos de origem animal fabricados no estado, conforme anuncio feito em 11/03/2017, revisando as penalidades e os ritos processuais, determinando ainda novos critérios para a inspeção de pequenas agroindústrias, instaladas em assentamentos, cooperativas e propriedades da agricultura familiar, assim como a inspeção de animais destinados ao abate e pelos produtos e subprodutos que eles originam. Isso inclui também a inspeção de pescados, leite, os ovos, mel, a cera das abelhas e todos os derivados desses produtos.

Isso abre um enorme espaço para projetos a serem gerenciados. Os rótulos terão que ser renovados cada 10 anos. Houve também uma redução de 18 para 7 tipos de carimbos do Serviço de Inspeção Federal (SIF). A nova regulamentação também institui o conceito de fiscalização por risco sanitário e prevê análises e biologia molecular, como por exemplo, exame de DNA. Outra novidade é a regulamentação de aproveitamento de matérias primas e resíduos animais para elaboração de produtos não comestíveis.

Cada uma dessas novidades resultará em projetos a serem desenvolvidos tanto no setor privado como no setor público. Novos projetos de embalagens, novos processos produtivos e novos processos de auditagem e inspeção terão que ser desenvolvidos. Tudo isso criará muitas oportunidades para os profissionais de gerenciamento de projetos considerando que esses projetos serão obrigatórios e não há opção para as empresas em não desenvolver esses projetos. Segundo declaração do Presidente Temer, feita em março de 2017 na Câmara de Comércio Brasil Estados Unidos, o Brasil conta atualmente com 4.850 frigoríficos. Se multiplicarmos o número de frigoríficos e o número de produtos que precisam se adequar à nova legislação, fica claro que a demanda por gerenciamento de projetos na cadeia produtiva de carnes vai aumentar muito. Boa notícia para quem é profissional de gerenciamento de projetos e dos fornecedores de produtos e serviços relacionados com as demandas criadas pelas novas regulamentações.

Sobre o Colunista:

Álvaro Antônio Bueno de Camargo, Profissional com 37 anos de experiência na área de gerenciamento de projetos e negócios, com atuação internacional em projetos e cursos nos Estados Unidos, Japão, Angola, Argentina e Colômbia. É Mestre em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com foco de pesquisa em capacidades dinâmicas e gerenciamento de projetos e MBA em Administração de Projetos pela Fundação Instituto de Administração da USP. É graduado em Ciências da Computação pela Universidade Paulista e é certificado como PMP – Project Management Professional pelo Project Management Institute. Atuou em projetos de grande porte nas áreas de energia, indústria, petroquímica e outras. É palestrante, autor de livros e artigos científicos. É docente dos cursos de MBA na Fundação Getúlio Vargas no Brasil e no exterior. Também ministra aulas em cursos de pós-graduação na UNICAMP, na Universidade Federal de São Carlos e na FECS – Faculdade de Educação em Ciências da Saúde do Hospital Oswaldo Cruz. E-mail: camargo.alvaro@gmail.com.

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