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Entendendo o cenário da engenharia no Brasil

Publicado em 13/12/2013

Recentemente a revista Exame divulgou uma matéria sobre a palestra ministrada pela presidente Dilma Rousseff no auditório do banco Goldman Sachs, em Nova York, na qual falou sobre o plano de investimentos em infraestrutura e fez a polêmica afirmação: “Somos um país que formava mais advogados que engenheiros. Advogado é custo, engenheiro é produtividade”.

Sem entrar no mérito de cada profissão e sua importância para o desenvolvimento do país, vamos focar no contexto da engenharia no Brasil e analisar cuidadosamente o histórico da demanda por este profissional especializado.

O Brasil passou por uma grave crise na engenharia na década de 90 e a desvalorização da profissão não atraía os jovens para a carreira, além de fazer com que engenheiros formados migrassem para outras áreas porque não encontravam oportunidades de trabalho.

O crescimento do país na primeira década do século XXI e o surgimento de grandes projetos como “Minha Casa Minha Vida”, Copa do Mundo, entre outros, fez com que a demanda por profissionais crescesse consideravelmente, e criou-se a ideia de que a oferta de engenheiros não era compatível com a demanda apresentada no ritmo de crescimento nacional.

Segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o Brasil forma cerca de 40 mil engenheiros por ano. Das nações emergentes do bloco BRIC, o Brasil é o país que menos forma engenheiros por ano. O gráfico abaixo apresenta a quantidade de graduados em engenharia para cada 10 mil habitantes em alguns países do mundo.

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Fonte: CNI/OCDE/Pisa (2010)

Apesar do aumento da procura por cursos de engenharia nos últimos anos, o governo já estuda a importação de engenheiros para suprir a demanda interna e sustentar o crescimento do país. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, acredita que o programa “Mais Médicos” pode até servir como uma experiência piloto. Entretanto, aposta mais na eficiência do programa “Ciência Sem Fronteiras”. Segundo Neri, “O ideal não é ter mais, porém melhores engenheiros dispostos a trabalhar em áreas carentes desses profissionais”.

Por outro lado, essa demanda não é sentida no mercado. A desaceleração do crescimento do país nos últimos anos reduziu consideravelmente a quantidade de projetos. Segundo José Tadeu da Silva, presidente do Conselho Federal de Engenharia (Confea), na verdade, não há escassez generalizada de engenheiros. Silva utiliza a redução do PIB em sua argumentação. “Há três ou quatro anos eram formados no Brasil 30 mil engenheiros por ano e a previsão de crescimento do PIB era de 4,5%. Hoje, com um PIB abaixo de 1%, a perspectiva de escassez não corresponde à verdade, além de ter havido aumento de 55% no número de formados no período”.

Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações capital-trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), afirma que, em 2010, faltavam empregados em praticamente toda a cadeia da construção, do operacional à engenharia. “Mas o setor recuou junto com a economia”, avalia. O mercado de trabalho ainda é positivo para os engenheiros civis, mas os empresários, segundo Ishikawa, não têm expectativa de que a atividade melhore no curto prazo.

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), também discorda da falta de engenheiros. “Nos últimos dez anos, tem havido um grande salto na formação de engenheiros. Todos os indicadores são crescentes: número de vagas, de cursos, de candidatos aos vestibulares, de ingressantes nas universidades e também de concluintes. Mantida essa tendência, não vemos para os próximos dez anos um problema quantitativo, ou seja, o risco de faltar pessoas diplomadas em engenharia”, adiantou o pesquisador Paulo Nascimento.

Ponto comum na opinião dos analistas está ligado à qualidade dos engenheiros formados. Para atender a demanda no setor, aumentaram consideravelmente o número de cursos de engenharia ofertados, porém, ainda é alta a evasão de alunos. Dos alunos que começam algum curso de engenharia, 43% não o terminam, segundo a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE). Isso ocorre principalmente pela baixa qualidade na educação de base.

O país precisa manter o ritmo de crescimento acelerado de modo a absorver a mão de obra especializada que vem sendo formada no país. A importação de profissionais é benéfica, uma vez que a troca de conhecimento e cultura é de suma importância dentro deste processo.

A engenharia tem influência direta no desenvolvimento do país, e, conforme foi dito, engenheiro é produtividade, porém desde que tenha campo para aplicar conhecimento. Um país que desenvolve poucos projetos não consegue gerar riqueza, não cria nada, não inova. Está claro que o Brasil precisa crescer após longos anos de inércia, tem tudo para voar, e não será a falta de engenheiros que o impedirá de decolar.

Referências:

Sobre o Colunista: 

Duílio PaivaProfissional pós graduado em gestão de projetos pelo IETEC, engenheiro de Produção/Civil pela FUMEC com formação técnica em Edificações pelo CEFET/MG. Possui oito anos de experiência na construção civil onde atuou em empresas como Santa Bárbara e Camargo Correa em obras industriais, prediais, infraestrutura e ferrovia. Atualmente engenheiro de planejamento da PROGEN, no Projeto Modernização BH-Sabará do cliente VALE.

E-mail de contato: duilio.paiva@outlook.com

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