Publicado em 11/08/2020
O Engenharia de Orçamentos é a área de conhecimento responsável pelo estudo de conceitos e práticas relacionadas aos custos de uma obra ou de um serviço. O Orçamento é uma ferramenta de planejamento que tem como objetivo principal prever o custo total de uma obra, antes do início das atividades propriamente ditas.
Leia abaixo a entrevista que fizemos com o Engenheiro Orçamentista Bruno Menegatti sobre Engenharia de Orçamentos:
1) Como formar e preparar um Engenheiro de Orçamentos? Quais competências devem ter? Quais habilidades?
Ótima pergunta. Pois bem, como deve ter percebido, eu sou um Engenheiro Civil, mas atuo há mais de 22 anos em Montagem Eletromecânica.
Confesso que minha escola acabou sendo a prática, com supervisores e outros colegas de profissão. A transição de disciplina me valeu um empenho extra, pois faltaram bibliografias e sobraram alguns templates isolados, feitos, em sua maioria, por grandes montadoras das décadas de 80 e 90.
O Engenheiro de Orçamentos deve ter uma base técnica sólida, ser conhecedor de cargas e regras tributárias. Além disso, deve ser metódico, organizado, focado e resiliente.
Como um clínico geral, o Engenheiro de Orçamentos deve ter um conhecimento vasto, mas não necessariamente profundo, devendo saber onde buscar e como desenvolver esse conhecimento.
2) O que você tem visto de deficiência/falta na formação desses profissionais? O que isso resulta no processo de orçamentação?
Em específico, como mencionei na primeira questão, os profissionais de montagem eletromecânica não contam com escolas de formação de custos e sistemas de orçamentação.
Pois bem, vale abrir um pouco mais:
Os orçamentos de montagem eletromecânica eram feitos de uma forma interessante, pois sem sistemas e métodos, éramos colocados juntos aos Supervisores (muitos, com mais de 30 ou 40 anos de experiência). Porém, entre os anos de 1990 e 2000, muitos não mexiam com computador. Faziam os orçamentos na mão, e nós tínhamos que transferir os mesmos para o computador.
O tempo foi passando e nós ficamos com um acervo de “HHs”. Todas as empresas acabavam fazendo estes “apontamentos “e os profissionais, saindo de uma empresa para outra, levavam o acervo.
O caso inverso também ocorria. Quando se ganhavam o orçamento, os Supervisores nos levavam para executá-lo. Na ocasião, percebíamos dois pontos importantes: a experiência de campo, essencial para conhecimento dos fatores de orçamentos envolvidos, e a falta de retroalimentação das informações do campo, o que nos causava desvios por falta de custos ou pela má distribuição destes.
O orçamento mal conduzido traz prejuízos ou tira a competitividade do profissional.
3) Por que é importante a empresa fazer um orçamento bem feito? O que isso reflete nos resultados empresariais?
Vender é uma arte. Nós, orçamentistas, temos que vender duas vezes: dentro da empresa e aos nossos clientes. Um orçamento bem feito traz credibilidade. A vida e a continuidade da empresa dependem de um orçamento bem feito. As empresas em que o supervisor fazia o orçamento no papel, sendo este a base de custos e controle, já não existem mais. E outras, poucas, que sobreviveram, profissionalizaram a orçamentação.
Sobre o Entrevistado:
Especialização em Gestão Estratégica de Negócios, Comercialização e Análise de Custos. Sólida experiência em Preparação, Análise e Negociação de Claims, experiência na área de gestão e desenvolvimento de equipes. Possui mais de 22 anos de experiência na Área de Orçamentos Eletromecânicos e de Construção Civil, em empresas públicas e privadas, dos mais diversos setores do mercado: alimentos e bebidas, automobilística, farmacêutica, química, petróleo, óleo e gás, papel e celulose, siderurgia e mineração. E-mail: brunomenegatti@uol.com.br e Linkedin: https://www.linkedin.com/in/bruno-menegatti-a2b95261/
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