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Ética no gerenciamento de projetos – “O mundo tentará te dissuadir”

Publicado em 25/05/2020

O filósofo Friedrich Nietzsche, em “Assim falou Zaratustra”, disse a seguinte frase:

“Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.”

Sim… o mundo tentará, de todas as formas, fazer você mudar de ideia e desistir de boa parte dos seus desejos. Quando me formei em Tecnologia da Informação, eu já estava certo de que não iria sentir prazer em trabalhar dando suporte ao usuário. Eu já tinha a certeza de que eu gostava era de liderar, de planejar, de puxar pra mim o leme e conseguir pôr o “barco pra andar” junto com meu time. Isso me veio como resposta para uma série de ações que aconteceram na minha infância e adolescência, como por exemplo: por que fui escolhido representante de turma? Por que fui eleito presidente do Diretório Acadêmico do meu curso? Tinha que ter alguma co-relação. Queria liderar, mas não era liderar qualquer coisa. O que eu realmente tinha prazer em fazer era gerenciar projetos. Eu vou abrir meu coração para você, que por ventura se interessou em ler este artigo: pra se realizar profissionalmente, você precisa na verdade, é estar em paz com você mesmo. Uma boa forma de conseguir isso é estar eternamente alinhado com seus valores e suas convicções.

Eu já escrevi outros artigos sobre ética, principalmente voltados à área de Gerenciamento de Projetos, porém trabalhar com projetos nos expõem a uma série de contratempos. Quem já teve oportunidade de fazer um curso em GP ou estudou para certificação CAPM ou PMP, por exemplo, deve ter visto em uma série de processos do PMBOK, uma “entrada” que pouca gente costuma dar a devida importância, porém no “mundo real” ela faz todo o sentido: Fatores Ambientais da Empresa.

É nesse conjunto de normas (oficiais e oficiosas) que mora o contraponto à ética e conduta profissional dos Gerentes de Projetos, inclusive influenciam fortemente no sucesso ou fracasso de um projeto. Trabalhando como GP, muitas vezes somos confrontados com dilemas perturbadores (sem nenhum exagero). Todos nós que trabalhamos com gerenciamento de projetos, somos doutrinados a agir com transparência e responsabilidade com os recursos e informações envolvidas em cada projeto. É nessas horas que eu reforço a necessidade do Gerente de Projetos ser sábio, acima de tudo.

Você poderia me perguntar: “o que seria um conflito ético para um Gerente de Projetos, dando um exemplo simples?”

Ok! Imagine a seguinte situação:

Você é o Gerente de um projeto de montagem de estruturas metálicas para um grande evento. Você tem um prazo apertado, um orçamento bem enxuto e meio mundo de gente te cobrando todos os dias coisas diferentes. Existem vários stakeholders (partes interessadas) que precisam ser gerenciados e ter seus interesses atendidos pelo projeto. Então alguém do departamento de compras informa que algumas partes da estrutura de um determinado setor ainda não foram compradas. Um dos diretores da empresa na qual você trabalha pede para você “enrolar” o cliente e demais partes interessadas até que se ache uma alternativa. Você inclusive já planejou, anteriormente, um contingenciamento para esta atividade, pois sabia do risco disso acontecer. Porém seu superior imediato não levou muito a sério e não quer arcar com os custos, mesmo previamente planejados. A intenção é cortar o que puder para aumentar a todo custo a margem de lucro. Neste momento você está sendo empurrado ao fosso pela cultura empresarial, que não tem apego à qualidade em detrimento de uma rentabilidade um pouco maior. Você até agiu corretamente, estimando um contingenciamento para cobrir este risco, porém a empresa está pouco se lixando para as melhores práticas que você tem tentado implementar.

Você está no meio de um “cabo de guerra”: de um lado a sua reputação como GP frente aos clientes e a si próprio. Do outro lado está o seu chefe e sua continuidade no emprego. Difícil né? Como lidar com este tipo de situação?

Não há uma regra para sair dessa enrascada. Tudo vai depender de como você se relaciona com todos os seus stakeholders. É possível prever o impacto deste ato promovido pelo seu superior imediato? Se ele faz isso em todos os projetos da sua empresa há mais de 10 anos, quem é você para achar que vai mudar isso?

Vou dar um conselho: se você é um gerente de projetos que segue a risca o seu compromisso com a ética e conduta profissional, se é importante para você estar em paz com sua consciência e se você já reparou que não há interesse da alta gestão da empresa em se adequar às melhores práticas, vai ser doloroso o que vou dizer, mas procure outra empresa para trabalhar (é sério). A mudança de cultura em uma empresa não é “bottom-up”… é “top-down”… precisa vim de cima para baixo, senão a única coisa que você vai continuar adquirindo nesta empresa serão pessoas insatisfeitas com seu trabalho de tentar fazer o certo sempre. Acredite em mim, ter compromisso com ética e qualidade incomoda muita gente.

Como você pode ver, é uma questão de escolha. Aqui não há o certo nem o errado. O importante é entender que a realização profissional vem com reconhecimento e paz de espírito.

 

Sobre o autor:

Wagner Borba – Digital Mobility Assoc Manager na Accenture. Graduado em Tecnologia da Informação pela UNIFG/Laureate International Universities (PE) e MBA em Gestão de Projetos pela Universidade Estácio de Sá (RJ). Possui certificações Project Management Professional (PMP®) pelo PMI, Certified Scrum Master (CSM®) pela Scrum Alliance, ITIL® Foundation pela OGC-UK, International Product Owner Foundation (IPOF) pela Scrum Association e Lean Six Sigma Yellow Belt (SSYB). Detém 8 anos de experiência em gerenciamento de projetos nas áreas de Desenvolvimento de Software, Telecomunicações, Infraestrutura e Outsoucing de TI em empresas nacionais e multinacionais como Accenture, Huawei Technologies, Alcatel-Lucent e Isolux Corsan, atuando em projetos de alta complexidade, tendo como clientes as principais operadoras de telefonia do país, montadoras de veículos, holdings de bens de consumo, redes de hospitais, grupos educacionais, universidades, indústrias e órgãos de todas as esferas de governo (municipais, estaduais e federais). Criador do MEsP (Mapa Estratégico Pessoal) e do método 4D-STK para Gerenciamento de Stakeholders. Foi Diretor de Administração e Finanças do PMI Pernambuco Chapter na gestão 2016/2017 e colunista em editoriais sobre gerenciamento de projetos.Email de contato:  wagner.borba@pmipe.org.br/   wborbaconsultoria@gmail.com.   Site: http://escopodefinido.com

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Editor Midias

  1. Curso Terapia Capilar disse:

    Sou a Amanda Da Silva, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

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