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Importância da gestão de riscos na construção civil

Publicado em 13/09/2016

Aborda a importância da gestão de riscos na construção civil. Amplia o conceito de risco e de gestão de riscos usualmente empregado para um enfoque estratégico determinando maior vantagem competitiva para as empresas. Aborda o caráter dualista do risco podendo ser visto tanto como uma ameaça quanto como oportunidade a ser explorada, e como a gestão de riscos pode ser um importante instrumento de criação de valor corporativo.

construção civil

INTRODUÇÃO

O avanço repentino e acelerado da construção civil apresentado nos últimos anos impulsionado pelo aumento do poder de compra da população e consequente aumento do mercado imobiliário, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias construtivas, parcerias entre o setor público e privado (PPP´s) visando a implementação de novos projetos e empreendimentos, vem acompanhado de várias preocupações observadas no mercado, dentre as quais podemos destacar a dificuldade de obtenção de mão de obra especializada, a crescente demanda por obras complexas, de maior tamanho e de execução mais rápida, deficiência no fornecimento de matéria prima, dentre outras.

Diante do cenário apresentado, a indústria da construção civil tem buscado crescentemente através da gestão de riscos dos seus processos, uma forma de potencializar sensivelmente o sucesso de seus empreendimentos e projetos, fornecendo um aumento na garantia de segurança a todas suas partes interessadas, através da identificação, análise e respostas mais assertivas sobre os riscos que os mesmos estão assumindo.

O gerenciamento de riscos embora seja uma atividade cada vez mais complexa dada o grande número de incertezas que permeiam um empreendimento ou projeto, é uma atividade extremamente importante e necessária.

REVISÃO DE LITERATURA

A conceituação e o entendimento sobre o risco é marcado pela evolução ao longo do tempo, com o surgimento de novas abordagens cada vez mais alinhadas com a realidade de cada época.

Bersnstein (1997) sugere que a etimologia da palavra risco é advinda do italiano antigo risicare, cujo significado mais próximo para a língua portuguesa seria o termo ousar, levando a entender que o risco só existe quando se assume determinada condição, ou seja, o risco é uma opção e não um destino.

Determinados autores tratam o risco única e exclusivamente como ameaça. Para Alencar e Schmitz (2009) risco é a probabilidade de que um fator de risco venha a assumir um valor que passa a prejudicar, total ou parcialmente as chances de sucesso de um projeto. Um fator de risco é qualquer evento que possa prejudicar total ou parcialmente as chances de sucesso do projeto, isto é, as chances do projeto realizar o que foi proposto dentro do prazo e fluxo de caixa que foram estabelecidos.

Já o Guia PMBOK® (PMI®®, 2013), trata o risco de maneira mais global, sugerindo que o mesmo é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou negativo pelo menos em um objetivo do projeto.

Dessa forma o que se busca nos processos da referida área de conhecimento é o tratamento de todos os aspectos que possam ser relevantes caso aconteçam em um projeto, sendo ele positivo ou negativo.

Papadakis (2000) observa que existem várias abordagens possíveis para a avaliação do risco, podendo ser implícitas ou explícitas, quantitativas ou qualitativas, nem sempre sendo necessária a aplicação de um processo complexo para tratamento dos mesmos.

Com relação à gestão de riscos, de acordo com Tesfamariam (2010) a mesma é desenvolvida para garantir que o risco seja mantido dentro de um nível aceitável de acordo com a regulamentação, evitando qualquer efeito adverso grave ao público e ao ambiente, pela seleção de alternativas viáveis.

Segundo Alencar e Schmitz (2009), a gestão de risco de qualquer projeto é de modo simplificado o tratamento sistemático dos riscos inerentes às atividades do referido projeto.

Os mesmos autores explicam que a gerência de risco é um conjunto de atividades que tem por objetivo, de uma forma economicamente racional, maximizar o efeito dos fatores de riscos positivos e minimizar o efeito dos negativos.

DESENVOLVIMENTO

A volatilidade dos ciclos econômicos, associada a instabilidades das economias globais são fatores que culminam na diversificação da produção, ciclos de inovação e produção mais curtos, potencializando a concorrência entre as empresas e gerando maior incerteza nos posicionamentos estratégicos a serem tomados. Tais fatores fazem com que as empresas atualmente sejam obrigadas a agir proativamente e com maior velocidade às mudanças.

O cenário supracitado não difere na indústria da construção civil. Os projetos presentes nesse ramo industrial apresentam-se cada vez mais com graus de complexidade maiores, aonde a incerteza vem de várias fontes. O papel das partes interessadas principalmente no que se tange às diversas intervenções bem como aprovação das diversas fases dos projetos e/ou empreendimentos, traz uma maior dificuldade no estudo do conjunto. E são por esses e outros motivos que é formado um ambiente ideal para a pesquisa e aplicação da gestão de riscos.

Usualmente, quando se fala em gestão de risco, esse último é associado na maioria das vezes a ameaças. Comumente foca-se na proteção da empresa, empreendimento ou projeto contra potenciais perdas. Contudo o risco possui caráter dualista, e o que também se deve levar em conta é a abordagem através de um outro ponto de vista, isto é, um tratamento estratégico da gestão de risco na qual é permitido a exploração do risco como oportunidade, de forma que quando problemas potenciais são compartilhados os mesmos podem se transformar em oportunidades por pessoas com alta percepção e criatividade, utilizando-se sempre da gestão de risco como instrumento de construção de vantagem competitiva, caráter primordial no mercado atual marcado pelas denominadas “competições leoninas”.

O que se observa na maioria das vezes é a aceitação do risco como estratégia, através de contingenciamentos muitas vezes definidos fora da realidade da empresa e do mercado de atuação. Nem sempre aceitar o risco é a melhor escolha. O que se sugere como boa prática é uma análise aprofundada identificando os fatores de risco, seus impactos e quais ações específicas deverão ser realizadas.

Assim, a gestão de risco abrange uma série de atividades sequenciadas e em cadeia de análise, controle e monitoramento do risco, que compõem um ciclo, definindo dessa forma um conjunto de controles que minimizem as chances de ser vitimado pelo evento ameaçador caso ele ocorra, e potencializem as chances de sucesso nas oportunidades identificadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A realidade mundial, cada vez mais circundada por incertezas, mudanças mercadológicas, redefinições no papel das organizações, tem demandado uma ampliação do conhecimento e mais ainda, prática da gestão de riscos.

A engenharia generalizadamente é pré-conceituada (no sentido literal da palavra) como ciência exata. Porém o que se observa é que essa ciência é dotada de incertezas, geológico-geotécnicas, hidrológicas, incertezas de demanda, incertezas comportamentais, portanto dotada também de vários riscos.

A etimologia da palavra risco conforme supracitado, é advindo do italiano antigo riscare cujo significado é ousar. Dessa forma sugere-se que o risco é uma escolha, envolvendo uma tomada de decisão, possuindo consequências sejam elas boas ou ruins para o futuro das instituições. Dada a importância dessas consequências, tal decisão deve ser baseada em critérios mensuráveis e coerentes com a realidade de cada organização, determinando a necessidade de medir o risco e gerenciá-lo.

Dentre os principais motivos das corporações darem pouco foco a esta área de conhecimento é que o brasileiro de modo geral tem aversão ao planejamento, por se tratar de um tema intangível em primeiro momento (assim como a gestão de riscos), quando se comparado a outros processos organizacionais que geram resultados imediatos. A cultura organizacional brasileira atual está focada na resolução de questões que sejam visíveis e comuns, inclusive corrigindo problemas depois que eles acontecem, ou pior, disfarçando os problemas depois que eles acontecem. Não se constata de maneira global, a utilização do gerenciamento do risco focado em uma natureza preventiva.

Porém, o que se tem observado mesmo que inicialmente de uma maneira um pouco tímida, é a eliminação gradual desse paradigma de permanência da construção civil entre setores da economia menos “evoluídos” no sentindo gerencial, para comparação com os demais segmentos industriais, marcados pela gestão e controle de todo o processo produtivo, visando qualidade e excelência na produtividade como meio de sobrevivência em mercados cada vez mais competitivos.

CONCLUSÕES

O aumento da competitividade no mercado da construção civil, marcado principalmente pela globalização, pelo desenvolvimento tecnológico e pelo fluxo internacional de capitais, determina que o gerenciamento de riscos, apesar de ser uma atividade cada vez mais complexa dado o número de incertezas existentes, seja cada vez mais necessário.

A identificação, análise, monitoramento e controle dos riscos em todo e qualquer empreendimento e/ou projeto, deve ser um trabalho constante durante todas as suas fases.

A cultura de que a organização se dá por satisfeita em conseguir controlar apenas o seu sistema produtivo no dia a dia já está ultrapassada, assim como o modelo de que na engenharia a abordagem deve ser determinística, os parâmetros de projeto são assumidos constantes e o resultado calculado é único.

A gestão de risco não faz distinção entre pequena, média ou grande empresa. Deve fazer parte da cultura organizacional, de forma que toda empresa que deseja manter vantagem competitiva e, portanto operar por longo prazo e com um aumento sensível nas possibilidades de sucesso não deve ter aversão ao risco.

Administrar riscos é atividade crítica para toda e qualquer empresa.

REFERÊNCIAS

  • ALENCAR, A. J., & SCHMITZ, E.A. Análise de risco em gerência de projetos. 2. ed. Rio de Janeiro, Brasport, 2009.
  • BERNSTEIN, Peter L.; Desafio aos Deuses: a Fascinante História do Risco. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
  • PAPADAKIS G. A. Assessment of requirements on safety managementsystems in EU regulations for the control of major hazard pipelines. Journal of Hazardous Materials vol.78. p 63–89. 2000.
  • PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A Guide to the Project Management Body of Knowledge (PMBOK® Guide) – Fifth Edition. Pennsylvania: PMI, 2013.
  • TESFAMARIAM S.; SADIQ R.; NAJJARAN H. Decision Making Under Uncertainty-An Example for Seismic Risk Management. Risk Analysis, vol. 30 (1). p 78-94 2010.

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Sobre o colunista:

Vinicius Gontijo Ferreira, pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC, graduado em Engenharia de Produção Civil pela FUMEC. Atuou no setor de medições em obras civis no consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa e Santa Bárbara S.A, em projeto de gestão comercial e industrial pelo Instituto de Desenvolvimento Gerencial – INDG. Atuando no cargo mais recente como Engenheiro Civil Calculista, realizando o cálculo de estruturas autoportantes, de concreto armado e pré-moldado, desenvolvendo projetos de empreendimentos residenciais, comerciais e industriais, pontes, viadutos e passarelas, fundações de bases e equipamentos, recuperação e reforços estruturais. E-mail para contato: vgf362@hotmail.com

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