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A Grande Aposta: o outro lado do risco

Publicado em 05/09/2016

A Grande Aposta dramatiza de forma cômica a história real de alguns gestores que conseguiram antever o colapso do sistema imobiliário americano, que acabou desencadeando a trágica crise econômica de 2008. Investido pesado contra o “certo e garantido”, o risco que assumiram foi sem precedentes. Mas, ao contrário do que à época pensavam bancos, governo e investidores em geral, aquilo não foi um ato de pura e simples loucura. Estes isolados e pontuais “personagens” tomaram suas decisões com embasamento em seus estudos próprios e nas suas formas visionárias de equacionar o funcionamento do sistema como um todo, enxergando além do óbvio e do corriqueiro.

risco

Poster do filme

Seja por trazer em sua essência uma parcela (grande ou pequena) de imprevisibilidade de causa, de consequência e de ocorrência de fato, seja pelo histórico negativo associado à palavra, o risco é visto como um vilão a se evitar ou a se derrotar. Prevenir, transferir e mitigar são as ações que vêm à cabeça quando se trata de estratégias para lidar com risco. Mas, muitas vezes uma opção válida e real é aceitar o risco.

Segundo a Quinta Edição do PMBOK®, há duas formas de aceitação de um risco, a passiva e a ativa: “A aceitação passiva não requer nenhuma ação exceto documentar a estratégia, deixando que a equipe do projeto trate dos riscos quando eles ocorrerem, e revisar periodicamente a ameaça para assegurar que ela não mude de forma significativa. A estratégia de aceitação ativa mais comum é estabelecer uma reserva para contingências, incluindo tempo, dinheiro ou recursos para lidar com os riscos.”

Comumente ignorados também, e assim subaproveitados, são os riscos positivos, oportunidades que podem ser perseguidas pelo gestor do projeto. Aceitá-los significaria apenas se dispor a aproveitá-los se e quando ocorrerem, porém, existem estratégias para potencializá-los: explorar o risco (visando eliminar a incerteza associada ao mesmo para garantir sua concretização), melhorar o risco (identificando e maximizando seus principais impulsionadores de forma a aumentar a probabilidade e/ou impacto do mesmo) ou compartilhar o risco (alocando integral ou parcialmente a responsabilidade do mesmo a um terceiro mais capaz de explorá-lo).

Independente de qual tipo de risco (negativo ou oportunidade) o alicerce para abordá-lo é exatamente o mesmo: estudá-lo e conhecê-lo bem. Se fosse um projeto numa concepção tradicional, Michael Burry, interpretado por Christian Bale, certamente teria passado pela identificação dos riscos (para mapear todos os riscos, ou o máximo possível), feito as análises qualitativa (para priorizar e focar nos com maiores potenciais) e quantitativa (para dimensionar numericamente o efeito dos riscos e respaldar tomada de decisões), bem como sugere a Quinta Edição do PMBOK®.

Mesmo não seguindo estes passos, ao seu próprio modo Burry estudou exaustivamente o seu risco (ou oportunidade) a ponto de ter convicção plena de seu resultado. Após meses insistindo em uma visão que não se concretizava e só trazia prejuízos, ele simplesmente não consegue entender o que está ocorrendo e a única conclusão que consegue chegar é: “Talvez estejamos num sistema completamente fraudulento”. Um colega comenta: “Ou você está errado”. Burry responde: “Claro, é possível… só que eu não sei como”, e após uma pausa: “Acho que quando alguém está errado, ele nunca sabe como”. Se for fazer errado, faça direito, certo?

Trailer do filme

Quando se trata de riscos, só uma coisa é garantida: independente do segmento ou porte do empreendimento, se após sessões de identificação e análise um gestor chegar à conclusão que seu projeto tem poucos riscos e oportunidades, ou que não há com o que se preocupar – há definitivamente algo de errado. Como na frase atribuída a Mark Twain que abre o filme A Grande Aposta, “Não é o que você não sabe que te coloca em apuros. Mas, o que você acha que sabe, só que não é aquilo de verdade.”

jose_roberto

Sobre o Colunista:  José Roberto Costa Ferreira, PMP, é Engenheiro Eletrônico e de Telecomunicações pela PUC-MG, pós-graduado em Redes de Telecomunicações pela UFMG e em Gerenciamento de Projetos pelo IETEC. Iniciou sua carreira profissional em 1995 no ramo de eletrônica, informática e telecomunicações e desde 2005 atua em áreas e negócios diversificados com Gestão de Produtos e Gerenciamento de Projetos. Atualmente integra a equipe de Gestão de Projetos da ThyssenKrupp Industrial Solutions, divisão de Tecnologia de Recursos/ Mineração. Nas horas vagas é um aficionado por cinema.

E-mail para contato: zrcosta@hotmail.com – Blog pessoal: http://padecin.blogspot.com.br

Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.

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  1. Clicia de Melo disse:

    Concordamos. Pois até hoje, não existe nenhum investimento 100% seguro, mesmo em tempos não afetados pela crise. Sempre haverá pressões que deverão ser enfrentadas por quem decide se arriscar em grandes investimentos e em tempos inapropriados. Há uma forma de buscar relações entre o funcionamento do investimento e as situações cotidianas, embasadas em pesquisas de mercado, conceitos e avaliações para que com isso minimize o impacto caso houver alguma situação indesejada. Todo projeto bem planejado, trará resultados positivos, porém, não excluirá a proporção do erro. Para selecionar aplicações financeiras, foi necessário criar ferramentas próprias e não seguir recomendações e tendências do mercado. Com busca em investimentos não convencionais, porém, com maior oportunidade de ganhos.
    Clicia Braga, Leonardo Barbosa e Sara Mendanha

  2. Tiago Melo disse:

    No filme “A grande Aposta” percebe-se que, quanto mais se estudar o risco ou a oportunidade, melhor ele poderá ser trabalhado. No longa metragem, Michael Burry (Christian Bale) analisou os números e as variáveis atrelada ao risco (do colapso financeiro do sistema imobiliário), e através disso, pode criar, uma oportunidade de negócio viável.
    Já Mark Baum (Steve Carrell), cujo personagem do filme também investiu no colapso financeiro, utilizou de uma metodologia diferente para estudar o risco envolvido, conhecendo mais o processo como um todo, e analisando suas falhas. Foi possível desta maneira verificar a incompatibilidade do sistema e agir sobre o risco desta atividade. Baum também mostra capacidade de gestão de projetos, ao montar sua equipe com os especialistas em suas respectivas áreas, e demonstra sua liderança sobre eles.
    Como análise geral, concordo com a análise do autor e tomo como lição aprendida que, quando se trata o risco com estudo, procurando analisa-lo de uma maneira correta, poderá se tornar uma oportunidade para o crescimento do projeto.
    Tiago Neves de Melo

  3. Luiz Otavio Ghelli disse:

    O artigo escrito pelo colunista José Roberto Costa Ferreira, faz a relação entre o filme a Grande Aposta e a crise imobiliária de 2008 nos EUA. Os grandes bancos americanos facilitaram as condições de empréstimos de modo excessivo, mesmo para clientes que não possuíam um bom histórico de pagamento, assumindo um grande risco. Os clientes davam como garantia suas casas, no entanto com a crise do mercado imobiliário, os imóveis sofreram desvalorização e consequentemente as garantias dos empréstimos foram reduzidas. Nesse momento, os bancos com receio dificultaram novos empréstimos, agravando ainda mais a crise. Nesse cenário, protagonistas do filme souberam explorar os riscos e identificar as oportunidades de crescimento.
    No meu entendimento, o mapeamento dos riscos deve ser feita de forma responsável, com estudos sólidas para garantia do sucesso e além disso estarem preparados para suportar eventuais perdas.

    Luiz Otávio Ghelli.

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