Publicado em 01/06/2015
As organizações buscando cumprir suas funções mercadológica, tecnológica, social e econômica necessitam de estar sempre investindo em novos empreendimentos. Neste contexto, os profissionais de engenharia de custos são fundamentais na garantia da saúde financeira destes empreendimentos, através da estimativa, planejamento, monitoramento, análise e controle de custos. O presente artigo mostra as habilidades e conhecimentos requeridos aos profissionais de engenharia de custos segundo à Associação para Desenvolvimento da Engenharia de Custos (AACE).
O século XX foi excessivamente pródigo para a humanidade em conquistas científicas, técnicas e em recursos materiais e humanos, principalmente para o mundo dos negócios com a evolução rápida e alucinante das atividades econômicas, após a consolidação da revolução industrial (1760 – 1860).
As mudanças ocorridas no século XX, pela sua rapidez, qualidade e quantidade foram relativamente mais significativas e diversificadas do que todo progresso econômico e social da humanidade desde a era dos australopitecos até o fim do século XIX.
Sem dúvida alguma, a Revolução Industrial ergueu um marco significativo na história do homem sobre a terra.
Essas conquistas, frutificadas em todas as ciências, são consequências da dedicação e das pesquisas científicas dos homens que, associadas aos inúmeros interesses econômicos e financeiros das organizações e das nações, trazem para a humanidade, ao longo do tempo mais progresso e desenvolvimento. Os povos caminham embalados e escorados pela ciência.
Os homens acompanham e são ao mesmo tempo os protagonistas dos surgimentos e evolução de novas técnicas de produção, geradoras de inúmeras possibilidades de atendimento das suas necessidades de consumo.
Constata-se, principalmente nas organizações, que os empreendedores se postam diante de um novo cenário de ordem econômica e social, cujo nome é globalização.
Os negócios são diferentes, mais competitivos e de ganhos mais difíceis e modestos.
Nos dias atuais a gestão de negócios requer mais argúcia, mais dedicação e muita persistência. O ambiente de negócio é outro.
As organizações, empresas ou qualquer outro tipo de entidade são forças coesas, guindadas pela sua missão e seus objetivos para promover o desenvolvimento da cidade, da região e da macroeconomia em que estão inseridas.
No cumprimento da sua missão, desenvolvem suas atividades econômicas buscando cumprir suas principais funções: patriótica, mercadológica, tecnológica, social e econômica, o que torna os negócios mais atraentes e mais ricos em reciprocidade.
A função econômica não é a principal, mas é imprescindível. Auferir e aferir lucro é a exigência maior de qualquer atividade econômica. O lucro deixou de ser atributo da receita, mas, sim, função resultante dos custos incorridos, de tal modo que almejar lucro, é conter custos. Lucros e custos são grandezas inversamente proporcionais. O lucro será máximo se o custo for mínimo.
Diante dessa realidade, tanto para manter quanto para aumentar os lucros, as empresas precisam investir, e neste momento os profissionais de engenharia de custos são essenciais, executando as atividades de estimativa, planejamento, monitoramento e controle dos custos desses projetos de investimento.
Este trabalho tem como objetivo mostrar as diversas habilidades e conhecimentos necessários aos profissionais de engenharia de custos
- Desenvolvimento
2.1 Engenharia de Custos
Custo é tudo aquilo referente ao esforço econômico, ou seja, os esforços realizados para atingir um objetivo. Para que um custo seja útil, este sempre tem que representar ganhos, senão serão considerados prejuízos.
A Engenharia de Custos é o ramo das engenharias voltado ao aspecto de custo de um empreendimento, desde a concepção do mesmo, através da análise de viabilidade técnica-econômica e estimativas de custo, até o planejamento, monitoramento e controle do projeto já em andamento.
2.2 Habilidades e conhecimentos dos profissionais de Engenharia de Custos
Segundo a Associação para Desenvolvimento da Engenharia de Custos, (AACE – Association for the Advancement of Cost Engineering), as habilidades e conhecimentos dos profissionais de engenharia de custos são divididas entre as Habilidades e Conhecimentos de Apoio e Habilidades e Conhecimentos Funcionais e de Processo.
2.2.1 Habilidades e Conhecimentos de Apoio
As Habilidades e Conhecimento e Apoio são gerais, e o profissional de engenharia de custos deve utilizar em qualquer tipo de empreendimento. Estes conhecimentos são divididos em Elementos de Custo, Elementos de Análise e Promovedor de Conhecimento.
Os Elementos de Custos são divididos em Custos, Dimensão de Custos, Classificação de Custos, Tipos de Custo e Precificação.
Os Elementos de Análise são divididos em Estatística e Probabilidade, Economia e Análise Financeira, Otimização e Modelos e Medidas Físicas.
As habilidades de Promovedor de Conhecimento são divididas em Empreendimento na Sociedade, Pessoas nas Organizações e Empreendimentos, Gestão da Informação, Gestão da Qualidade, Gestão do Valor, Meio Ambiente, Saúde e Segurança.
2.2.2 Habilidades e Conhecimentos Funcionais e de Processo
As Habilidades e Conhecimentos Funcionais e de Processo são utilizadas em funções ou etapas do processo particulares e são organizadas de acordo com o ciclo PDCA. Estes conhecimentos são divididos em Estrutura da Gestão Total dos Custos, Planejamento, Plano de Implementação, Medição de Desempenho e Avaliação de Desempenho.
A Estrutura da Gestão Total dos Custos é dividida em Visão Geral dos Processos e Terminologia da Gestão Total dos Custos, Processos Estratégicos e de Gestão de Ativos e Processos de Controle de Projetos.
O Planejamento é dividido em Elicitação e Análise de Requisitos, Estratégia de Desenvolvimento de Execução e Escopo, Planejamento e Desenvolvimento do Cronograma, Estimativa de Custos e Orçamento, Gestão de Recursos, Análise e Engenharia de Valor, Gestão de Risco, Gestão de Aquisições e Contratos e Decisão da Realização de Investimento.
O Plano de Implementação é dividido em Projeto de Implementação, Controle do Projeto de Implementação e Validação do Plano.
A Medição de Desempenho é dividida em Contabilidade dos Custos, Medição de Desempenho de Projeto e Avaliação de Desempenho de Projeto.
A Avaliação de Desempenho é dividida em Avaliação de Desempenho de Projeto, Avaliação do Desempenho dos Ativos, Previsão, Gestão de Mudanças do Projeto, Gestão de Mudanças dos Ativos, Gestão do Banco de Dados Históricos e Avaliação do Desempenho Legal.
Conclusão
Como se pôde ver no trabalho, competências para cálculos e definições técnicas dos elementos físicos do empreendimento não são requeridas aos profissionais de engenharia de custos conforme a AACE.
Estes profissionais trabalham além da dimensão física dos produtos projetados e especificados para o empreendimento. Eles trabalham com dimensões menos tangíveis como dinheiro, tempo e outros recursos investidos para a criação destes produtos.
Com isso, os engenheiros de custo devem trabalhar de forma afinada com os engenheiros técnicos para obter o respaldo técnico, e a partir daí, conseguir integrar suas competências de estimativa, planejamento, monitoramento, análise e controle para garantir a saúde financeira ao final do empreendimento.
Referências:
- AACE® International Recommended Practice No. 11R-88 – REQUIRED SKILLS AND KNOWLEDGE OF COST ENGINEERING
- AACE® SKILLS AND KNOWLEDGE OF COST ENGINEERING 5.ed.
- Wikipédia, a enciclopédia livre;
- UNIFAE/GESTÃO DE CUSTOS: Cleonice Bastos Pompermayer / João Evangelista Pereira Lima
- PORTAL EDUCAÇÃO – Cursos Online – http://www.portaleducacao.com.br
Sobre os Autores:
Wanilda T. Sonda, Graduada em Administração de Empresas pela Universidade do Oeste do Paraná. Trabalhou como encarregada de Medições na Torc -Terraplenagem, Obras Rodoviárias e Construções Ltda e Santa Bárbara Engenharia. – E-mail para contato: wanilda_sonda@yahoo.com.br
Max Fernandes de Oliveira, Graduado em Engenharia Civil pela Universidade FUMEC – Belo Horizonte MG. Trabalhou como Supervisor de Contratos na Pavotec Terraplenagem e Pavimentação Ltda. – E-mail para contato: maxfo@terra.com.br
Leonardo Tecles Brandão de Oliveira, PMP, Graduado em Engenharia Mecânica (Ênfase em Mecatrônica) pela PUC-MG, Pós-Graduado em Automação Industrial pelo IEC/PUC-MG e Gerenciamento de Projetos pela Fundação Dom Cabral. Trabalhou como Engenheiro de Assistência Técnica na Magnesita e Gerente de Projetos na EPC Engenharia. – E-mail para contato: leotecles@hotmail.com
Contexto: o presente trabalho é resultado de pesquisa realizada com alunos da 7a Turma de Engenharia de Custos e Orçamento – AUEG – com a coordenação do Prof. Ítalo Coutinho do IETEC. O presente trabalho tem como base a norma da AACE – Recommended Practices – http://www.aacei.org/
Se você tem comentários, sugestões ou alguma dúvida que gostaria de esclarecer, aproveite o espaço a seguir.
O artigo contextualiza o cenário global que as empresas estão inseridas atualmente e da destaque a necessidade de as mesmas mantarem a competitividade através de uma boa performance e com isso a necessidade da implementação da engenharia de custos afim de auxiliar a mantenebilidade da boa saúde financeira.
O autor nos dá os conceitos de engenharia de custos e discorre sobre as habilidade da disciplina, mostrando de forma clara as habilidade da figura do engenheiro de custo que ao contrario do que pode se imaginar não apenas trabalha com o dimensionamento físico de projeto e ou aquisições mas tem também participação fundamental na estratégia e gerenciamento de um projeto atuando em dimensões nem tão tangíveis como controle do recurso financeiro, tempo dentre outros itens dentro de um empreendimento.
O artigo define bem que a engenharia de custos não se resume em compor custos e definir lucros. É bem descrito todo o processo teórico e prático em que se consiste o trabalho a ser desenvolvido e gerido pelo engenheiro de custos. Podemos ver claramente a distinção entre os conhecimentos de apoio, gerais para qualquer tipo de empreendimento, e funcionais, que são aplicados diretamente a uma etapa de processo de orçamento de um empreendimento.
Acredito que o engenheiro de custos deve possuir uma equipe responsável pelas definições técnicas e de cálculos, mas também deve possuir competências técnicas para o melhor desenvolvimento do orçamento.
Como em todas as demais áreas da Engenharia, a Engenharia de Custos possui bastantes variáveis para que o responsável possa verificar e controlar. Este artigo descreve bem todas as atividades necessárias para uma boa prática da Engenharia de custos. Com todas estas atividades demonstradas, comprava-se que o responsável pela gestão dos custos de um empreendimento necessita de uma boa e engajada equipe para embasamento destas varáveis, sejam nas habilidades e conhecimento de apoio, ou nas habilidades e conhecimento funcionais e de processo. Estas atividades ficam cada vez mais fortes a medida que o Engenheiro de Custos fica experiente neste ramo.
Por se tratar de estimativas e previsões, um projeto estará sempre propenso a erros e acertos. É importante que se tenha um conhecimento técnico atrelado aos saberes adquiridos com a experiência para se obter maior assertividade nos orçamentos. Não há verdades absolutas, nem critérios definitivos e a atualização dos conceitos e premissas por parte dos profissionais deve ser uma preocupação dentro das empresas.
O artigo é interessante, discerne bem todas as etapas da gestão de custo e identifica as habilidades requeridas aos profissionais de engenharia de custo. Em contrapartida ressalta a importância de um trabalho em conjunto e respaldado pelo corpo técnico do projeto, conseguindo assim, incorporar de forma sólida toda a análise de gestão de custo.
Tenho uma observação a fazer, o profissional de engenharia de custo além de todo o seu conhecimento e habilidade dentro da gestão de custo, deverá ter também um bom entendimento técnico sobre o projeto, visando aprimorar sua análise de custo e tratativas com a equipe técnica.